Fedrinho e o Texto que não Consegui Escrever

Algumas pessoas escrevem, outras fazem poesia sem saber, e há aqueles que, ao escrever, criam uma melodia invisível, que toca a alma de quem lê. Fedrinho, meu irmão de alma e de gestos, pertence a esse último grupo. Seu texto “Memórias de Meu Pai” não é apenas uma homenagem, é uma verdadeira partitura emocional, onde cada linha soa como um acorde de amor, gratidão e legado.

Fedrinho conseguiu, com a leveza de um filho exemplar, transformar lembranças em notas musicais, criando uma sinfonia que ecoa muito além do papel. E confesso: quando ele começou a ler as memoriais do pai, não segurei as lágrimas. Foi como se cada palavra reavivasse a imagem do Dr. Fedro Portugal – sua voz forte, seu sorriso acolhedor, sua presença que enchia qualquer ambiente, acredito eu que todos que estavam na missa sentiram a mesma coisa. Se sua vida fosse uma canção, seria uma dessas atemporais, que atravessam gerações e continuam emocionando como um clássico de Tom Jobim ou um hino dos Beatles.

O filho, herdeiro do nome e da responsabilidade, fez jus ao legado, assim como todos os “Portugais”: Glorinha e Joaninha. Em seu relato, não há apenas fatos e lembranças, mas a essência de um homem que foi muito mais do que um médico e professor. Dr. Fedro foi o maestro de uma família harmoniosa, um guardião de valores e, acima de tudo, um homem que viveu para Selma, sua grande companheira de vida. Disse Fedrinho: “Durante 55 anos, ele cumpriu cada promessa feita no altar, com amor, dedicação e uma parceria inabalável”. Seu legado agora, imortalizado pelas palavras de seu primogênito, ganha novas partituras na memória de todos que o conheceram.

A cada parágrafo, nos transportamos para o aconchego das conversas sobre política, religião e futebol; sentimos o cheiro do domingo em família, com direito a pizza (mesmo sem ele gostar!); e imaginamos o tilintar do terço de seis mistérios, porque, afinal, melhor pecar pelo excesso do que pela falta! E eu estava lá, sempre presente nesses domingos que tinham hora para começar, mas nunca para terminar. Dr. Fedro sentava-se à mesa e, entre uma fatia e outra, nos fazia rir com seus casos e histórias inesquecíveis. Essa fé inabalável, essa entrega à família e essa devoção ao amor e à simplicidade fazem do Dr. Fedro Portugal um personagem que merece muito mais que uma biografia – merece um palco, um piano e um eterno “bravo” ao final do espetáculo da vida.

Que a música que ele tocou continue vibrando em cada um que teve a sorte de conhecê-lo. E que Fedrinho siga escrevendo como quem canta: com alma, emoção e um ritmo que jamais se apaga.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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