Jogada de mestre do governo toma o PSB dos Valadares e forma chapa puro-sangue
Depois de quase 30 anos reinando no PSB, os Valadares (pai e filho) perderam a sigla para ninguém mais ninguém menos que o vice-governador Zezinho Sobral (ex-PDT). Talvez, se fosse um jogo de xadrez, poderíamos dizer que o “rei foi derrubado”. Assim como no xadrez, o destronamento partidário da prestigiada família deu-se por dois motivos: primeiro, o PSB nas últimas eleições não conseguiu eleger deputados (federal e estadual) nem vereador na capital; segundo, o governador Fábio Mitidieri precisava eliminar do jogo os Valadares que são seus adversários mais próximos.
Com a neutralização dos Valadares, a próxima jogada de Fábio Mitidieri deve ser um “xeque mate” no sonho de Edvaldo Nogueira de emplacar o secretário Luís Roberto (PDT) à prefeitura de Aracaju. Zezinho Sobral chega fortíssimo ao PSB e com possibilidade de disputar o governo municipal. Então na lista dos prováveis pré-candidatos temos: Luís Roberto (PDT), Iandra Moura (UB), Zezinho Sobral (PSB), Catarina Feitosa (PSD), Fabiano Oliveira (PP), Nitinho do Vale (PSD). Caindo a prefeitura nas mãos do atual Vice-Governador, o presidente da ALESE Jeferson Andrade (PSB) passa a ser o primeiro da lista de sucessão de Fábio, garimpando sua candidatura para vice em 2026.
São diversas situações se descortinando ao longo dessa campanha, mantendo-se intacta porém a velha jogada de adiar para o segundo turno as articulações políticas, inclusive com o apoio dos vereadores, já eleitos, que chegam com foco na eleição majoritária.
Jogo é jogo e nunca se deve menosprezar os adversários pois os reveses podem vir a galope. A vereadora Emília Correia que pontua na frente em todas as pesquisas, recebeu o apoio incondicional do bolsonarista Rodrigo Valadares (UB), rifado no partido pelo presidente André Moura por conflito de interesses políticos, afinal André é o maior entusiasta da campanha de sua filha Iandra ao passo municipal.
Alessandro Vieira (MDB), novo governista, já disse que não vota em Iandra, pois não entregaria os cofres da prefeitura de Aracaju para André Moura, colocação que pode representar um rompimento da base governista.
Na onda dos movimentos partidários, vimos que o PT de Márcio Macedo foi conclamado pelo Presidente Lula a fazer o maior número de prefeitos possível, razão pela qual subtende-se que a estrela vermelha vem com força para a conquista da capital sergipana. Os ensaios com os nomes de Candice Carvalho e Eliane Aquino não foram bem recebidos pela militância do PT e pela população aracajuana. Agora, o ministro Márcio Macedo será o responsável pela formação da chapa petista na capital e certamente movimentará o tabuleiro político com maior habilidade. Dentre as jogadas possíveis, podemos arriscar sua auto indicação para candidato a prefeito de Aracaju, o que mudaria por completo às intenções governistas. Afinal, o governo Estadual está recebendo uma “ajuda” jamais vista do Governo Federal, graças é claro à interlocução e ao prestígio de Márcio.
Nesse caso, Mitidieri teria que reavaliar seu apoio político para não comprometer os “mimos” destinados ao estado sergipano, cerca de R$ 136 bilhões do PAC do Governo Federal. Uma briga nesse momento, além de insensata, poderia custar-lhe à reeleição.
Outro movimento bastante comentado é a filiação de Daniella Garcia no MDB, que poderá resultar na composição da chapa Zezinho Sobral e Dani Garcia para a prefeitura de Aracaju, à baila de possíveis embaraços aos governistas. Estão claros os riscos dessa jogada e a sinuca de bico em que ficará o governador tendo que decidir entre seu vice e demais “aliados”, sob a pressão política de André Moura, Edvaldo Nogueira e Márcio Macedo. As cartas estão tão às claras que no final do ano passado André Moura e Jackson Barreto, até então adversários ferrenhos, foram vistos trocando afagos.
A política e o xadrez são jogos estratégicos e sobretudo de paciência. Cada movimento deve ser pensado e analisado com muita cautela e previsão futura, evitando assim uma “derrota” prematura. Não há movimento neutro, qualquer jogada nesse tabuleiro tem repercussão. De modo geral, a sorte sempre está com os grandes grupos políticos, azar da população, que vê seus interesses preteridos em nome de projetos particulares e de apostas desqualificadas. Alea jacta est.