A vitória de Emília Corrêa (PL) no segundo turno das eleições municipais de Aracaju representa mais do que um resultado eleitoral pontual: é um sinal de alerta para o governador Fábio Mitidieri (PSD) e toda a base aliada. Com 57,46% dos votos válidos, Emília não apenas desbancou o candidato Luiz Roberto (PDT), apoiado pelo prefeito e pelo governador, mas também expôs a fragilidade e a desarticulação das forças políticas que deveriam sustentar os governos estadual e municipal. Este é o momento para o grupo governista refletir, reavaliar alianças e fortalecer sua base, pois os desafios rumo à reeleição em 2026 se tornaram ainda mais complexos para Fábio.
O resultado em Aracaju foi uma reprovação tácita à estratégia política adotada. Embora Edvaldo Nogueira e Fábio Mitidieri tenham contado com o apoio dos senadores Laércio Oliveira (PP) e Alessandro Vieira (MDB) e mais diversos deputados federais, estaduais e vereadores eleitos, o bloco governista não conseguiu unir-se de maneira efetiva. O episódio de desarticulação foi evidente com a ausência de um apoio sólido e coordenado no segundo turno. Partidos aliados como o União Brasil, sob a liderança de André Moura, e o MDB, do senador Alessandro Vieira, lançaram candidaturas próprias no primeiro turno e adotaram posturas titubeantes no segundo, enfraquecendo a campanha de Luiz Roberto.
A abstenção de mais de 25% no segundo turno e os quase 128 mil votos entre brancos, nulos e ausências refletem um descontentamento generalizado e, mais importante, um sinal de que a população está desiludida com as opções políticas apresentadas. Esses números não podem ser ignorados. Eles indicam uma falta de entusiasmo e engajamento popular, mesmo em um cenário de polarização.
É inegável que a campanha de Emília Corrêa beneficiou-se da falta de unidade do bloco governista. A ausência do senador Alessandro Vieira, que optou por uma viagem a Roma em vez de permanecer em Aracaju no segundo turno, evidencia o distanciamento de lideranças fundamentais. A situação foi agravada pela inércia da maioria do secretariado de Mitidieri e de Nogueira, que não demonstraram comprometimento com a campanha.
Fábio Mitidieri enfrenta um momento desafiador em seu governo, pois também perdeu em redutos importantes como Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão e Itabaiana. No entanto, é preciso lembrar que ele tem a capacidade de se reinventar e ressurgir mais forte, desde que faça uma análise criteriosa de quem são realmente seus aliados.
Reconhecido por sua habilidade de articulação política e resiliência, características que já demonstrada ao longo de sua trajetória. Agora, mais do que nunca, precisa identificar quem realmente está comprometido com seu projeto de governo e quem está apenas interessado em ocupar cargos. A presença de partidos aliados no governo deve ser medida pelo engajamento verdadeiro nas campanhas e nas ações de governo.
O governador tem a oportunidade de transformar essa derrota em um aprendizado, fortalecendo sua base de apoio e garantindo que seus aliados estejam de fato alinhados com projeto político. Mitidieri precisa focar em realizar obras significativas e consolidar resultados que ressoem com a população.
Não há dúvidas que à reeleição de Fábio Mitidieri está sob risco, especialmente diante do crescimento de Valmir de Francisquinho como rival em 2026. No entanto, Mitidieri tem todas as condições de superar esse desafio, pois enquanto Valmir aposta em um discurso de oposição, Mitidieri pode focar em um plano de desenvolvimento realista para Sergipe, comunicando de forma mais assertiva suas conquistas e projetos em andamento.
Agora, faz-se necessário um diálogo franco com os partidos e lideranças que compõem sua base. A fidelidade precisa ser recompensada, e os espaços no governo devem ser ocupados por aqueles dispostos a se comprometerem de forma real com o projeto político do governador.
A campanha para a reeleição começa agora. Mitidieri deve estar atento aos movimentos dos adversários, como Valmir de Francisquinho, Belivaldo Chagas, Emília Corrêa, Rogério Carvalho e até de André Moura pela falta e posição do seu partido e começar a construir alianças estratégicas que possam garantir um cenário mais favorável em 26.