O Dia em que a Democracia Foi Ferida na Floresta da Justiça

Preâmbulo. O texto que segue é uma fábula – uma narrativa fictícia ambientada na imaginária Floresta da Justiça, onde bichos de todas as espécies se tornam protagonistas de debates sobre democracia, ética e justiça. Qualquer semelhança com fatos, pessoas ou instituições do mundo real não passa de mera coincidência ou fruto da imaginação de quem lê. Esta história é uma metáfora, um convite à reflexão, onde os desafios e as lições da floresta nos fazem olhar para o futuro com novos olhos. Que as fábulas sejam sempre a ponte para um mundo melhor. PASSEMOS À FÁBULA:

Na Assembleia Extraordinária da Ordem dos Bichos da Floresta (OBF), o Leãozinho e seu Conselho aprovaram, em meio a caos e nervosismo, uma controversa mudança nas regras do Quinto Constitucional. A decisão retirou dos advogados o direito ao voto direto na escolha da lista sêxtupla, entregando ao Conselho a prerrogativa de selecionar 12 nomes para que a advocacia escolha apenas 6. A mudança foi vista como uma manobra política para beneficiar aliados, ferindo o Estatuto da Ordem e os princípios democráticos que sustentam a advocacia.

Após a tumultuada sessão, marcada pela evidente inabilidade do Leãozinho, que chegou a passar mal devido à pressão, os líderes da advocacia da floresta discursaram em protesto. O Rato ABES, a Coruja Clara Machado, o Tucano Victor Barreto, a Cabra Tatiana Silvestre e a Preguiça Inácio Krauss uniram suas vozes contra a injustiça, denunciando a tentativa de manipulação e convocando os advogados a resistirem.

Os discursos enfatizaram que a decisão será levada à Justiça, onde os líderes da advocacia confiam que a democracia será restabelecida. A Assembleia ficará marcada como um ataque à democracia, mas também como o início de uma luta que unirá toda a floresta em defesa dos direitos dos advogados e da transparência na OAB. A advocacia, com sua força e união, promete resistir e garantir que a Justiça prevaleça. Vejamos o teor dos discursos:

O Discurso do Rato ABES

No coração pulsante da floresta, onde as imponentes Árvores da Justiça estendiam suas sombras sobre animais de todas as formas e tamanhos, o pequeno rato ABES subiu com destemor em um tronco caído, como se fosse seu palanque improvisado. Seus olhos brilhavam intensamente, uma mistura de indignação e determinação que parecia iluminar a clareira. Ele varreu a multidão com o olhar – pássaros empoleirados nos galhos mais altos, coelhos escondidos entre os arbustos, e até o Elefante Burocrata, que, fiel à sua reputação, parecia mais preocupado em cochilar do que em prestar atenção.

“Senhoras e senhores desta floresta!” começou ele, com uma voz que parecia muito maior do que seu diminuto tamanho. “Irmãos de penas, patas e escamas, é chegada a hora de nos levantarmos! Não como quem acorda preguiçoso ao primeiro raio de sol, mas como quem ergue um estandarte em tempos de batalha. Porque, convenhamos, defender a justiça nesta floresta não é tarefa para os fracos de coração.”

O papagaio, empoleirado no galho mais baixo, repetiu em um grito empolgado: “Batalha! Batalha!”

O leãozinho Daniel, sentado com seu séquito, mexeu a juba desconfiado. “Esse rato fala como se fosse maior que eu,” murmurou para a Tartaruga Relatora, que assentiu devagar, muito devagar, enquanto ajustava os óculos.

O rato ABES apontou dramaticamente para o centro da clareira e continuou com firmeza:

“Hoje estamos aqui reunidos porque o Leãozinho Daniel e o Conselho decidiram mudar as regras do Quinto Constitucional! Estão tentando tirar de nós, advogados, o direito de escolher diretamente os representantes da lista sêxtupla, como sempre foi.

Querem que o Conselho selecione 12 nomes e nos obrigue a votar em apenas 6 deles. Isso não é escolha, meus amigos! Isso é manipulação, é um jogo de cartas marcadas feito sob medida para beneficiar uns poucos, enquanto calamos a voz de toda a advocacia da floresta.”

Os coelhos começaram a bater nervosamente as patas, enquanto o papagaio ecoava: “Manipulação! Manipulação!”

ABES prosseguiu, agora com os olhos brilhando de indignação: “As Árvores da Justiça não podem ser sustentadas por decisões arbitrárias. Elas são mantidas de pé por nós, que descemos ao fundo das tocas e enfrentamos o rugido dos predadores para defender os mais frágeis. Somos nós que carregamos essa floresta nos ombros, e agora querem nos relegar a meros espectadores em algo que deveria ser nosso? Isso é inaceitável!”

Continua ABES: “Senhoras e senhores, não podemos permitir que a advocacia seja reduzida a um jogo de conveniências políticas. Somos a voz que luta por justiça, a voz que não aceita ser calada. E se precisamos repetir isso, em alto e bom som, faremos isso – de novo, e de novo, e de novo!”

ABES fez uma pausa, sua voz carregada de emoção. “Ser advogado, meus amigos, é persistir. É enfrentar tropeços, contratempos e absurdos, mas acreditar que podemos construir uma floresta mais justa, mais livre e mais equilibrada.

Por isso, digo com toda a força que tenho: não admitiremos mudanças nas regras para a escolha do Quinto Constitucional! Não permitiremos que nossos direitos sejam esmagados por caprichos de um Conselho que não representa a advocacia de verdade! Esta floresta tem fome e sede de justiça! Não queremos leis ‘talvez’, ‘quem sabe’ ou ‘quando der’. Queremos justiça agora! Porque cada atraso é uma ferida aberta nos mais vulneráveis. E se a coragem nos é exigida, daremos suor, lágrimas e até o último fio de nosso bigode para que a advocacia seja respeitada e a justiça prevaleça. Porque, senhoras e senhores, somos a voz desta floresta – uma voz que não será calada!”

A clareira explodiu em aplausos. Até o Elefante Burocrata abriu os olhos preguiçosos e murmurou: “Bem, ele tem razão…”

O leãozinho Daniel bufou, mas reconheceu, no fundo, que o rato tinha mais coragem em uma pata do que ele em toda a sua juba.

O macaco Getúlio sussurrou para o Tamanduá Carlos Pina: “Esse rato… ele é pequeno, mas é bravo. E acho que o café vai ter que melhorar.”

E assim, na clareira da floresta, o pequeno rato ABES provou que mesmo a menor das vozes, quando carregada de verdade e coragem, pode transformar até o mais poderoso dos rugidos em silêncio reflexivo

A Coruja Começa o Discurso

“Amigos da floresta, irmãos de penas, escamas e pelos, venho hoje com o coração carregado de indignação e determinação. Porque o que estamos presenciando na OBF/SE (Ordem dos Bichos da Floresta/Secção Sergipólis) – o desrespeito à advocacia e a tentativa de mudar as regras do jogo para o Quinto Constitucional – não é apenas uma afronta às Leis das Árvores, mas uma tentativa descarada de nos desmoralizar.”

“Isso mesmo, Clara! Desmoralizar é pouco!” gritou o rato ABES, subindo em um tronco para se fazer ouvir. Os animais riram, mas Clara apenas sorriu, continuando sem perder o ritmo.

“O Leãozinho e sua corte parecem ter se esquecido de que a justiça não é um brinquedo para os mais poderosos. Ela é o pilar que sustenta esta floresta, e não permitiremos que seja transformada em palco de arbitrariedades e manipulações.”

“Eu disse isso semana passada, mas ninguém ouviu porque sou pequeno,” resmungou ABES, arrancando risadas do macaco Getúlio.

Clara abriu as asas e fez um movimento dramático, como se abraçasse a floresta inteira.

“Dizem que a justiça é cega. Pois eu digo: às vezes ela não apenas é cega, mas parece surda e preguiçosa!”

O rato ABES quase caiu do tronco de tanto rir. “É como o Pavão Márcio Conrado! A justiça e ele têm muito em comum!”

O Pavão, indignado, abriu os olhos preguiçosos e murmurou algo incompreensível, mas Clara continuou imperturbável.

“Enquanto alguns preferem cochilar nos galhos mais altos, somos nós, advogados da floresta, que mergulhamos nesse mar de lama para salvar aqueles que dependem de nós. Somos aqueles que, às 16h59, batem na porta do Juiz dos Jabutis com um habeas corpus debaixo da asa – porque justiça não pode esperar até segunda-feira!”

“E nem até terça-feira!” gritou ABES, balançando a cauda. O papagaio repetiu: “Terça-feira! Terça-feira!”

Clara Machado levantou voo, pousando em outro galho para encarar os animais de perto.

“Digo-lhes com toda a certeza: não permitiremos que os advogados sejam massacrados e desmoralizados pela OBF do Leãozinho e sua corte! Esta tentativa de manipular o Quinto Constitucional será enfrentada com toda a força da nossa coragem e do nosso direito.”

O rato ABES ergueu a voz: “Isso mesmo! Ninguém pisa no rato e sai ileso! Nem no rato, nem na coruja!”

O papagaio, sempre atento, gritou: “Rato e coruja! Rato e coruja!”

“Ajuizarei as ações necessárias,” continuou Clara. “A Justiça da Floresta não pode – e não vai – compactuar com essa tentativa descarada de manchar o que ainda resta de integridade nas Árvores da Justiça.”

Clara Machado estendeu as asas como se fosse decolar para uma batalha épica.

“Advogados da floresta, este é o momento de resistir. É o momento de lembrar ao Leãozinho que ele pode rugir o quanto quiser, mas o poder não lhe dá razão. Esta floresta é feita de vozes, de direitos e de coragem, e não permitiremos que ela seja destruída por caprichos pessoais.”

“E se ele rugir muito, eu mordo a cauda dele!” declarou ABES, arrancando gargalhadas dos coelhos e aplausos das araras.

Clara concluiu: “Se for preciso, lutaremos até o último galho desta Árvore da Justiça. Porque somos advogados, somos teimosos e, acima de tudo, somos a última linha de defesa contra o arbítrio.”

Ao final do discurso, a floresta explodiu em aplausos e gritos de apoio.

“Clara, você é uma inspiração!” gritou ABES. “Se a justiça tivesse metade da sua visão, seria perfeita!”

E assim, na clareira da floresta, a coruja Clara Machado e o rato ABES uniram suas vozes, provando que sabedoria e determinação, com uma pitada de humor, eram suficientes para enfrentar até o rugido mais ameaçador do Leãozinho.

O Discurso do Lobo Fabiano Feito

A clareira da Floresta da Justiça estava cheia, mais barulhenta que de costume. Os animais se espremiam para ouvir o Lobo Fabiano Feito, que, com sua postura imponente e humor mordaz, havia conquistado os bichos com discursos que misturavam coragem e graça. Fabiano ajeitou o pelo com uma pata, subiu em uma pedra e começou, com sua voz grave e penetrante:

“Amigos da floresta, irmãos de patas, penas e escamas, estamos diante de um golpe descarado! Não um golpe de garras ou presas – esses pelo menos têm alguma honestidade. Estou falando de um golpe nas regras do jogo do Quinto Constitucional!”

A multidão começou a murmurar, indignada. O Rato ABES, sempre rápido, gritou: “Descarado é pouco, Fabiano! Isso é uma vergonha!”

Fabiano assentiu, apontando para o rato. “É isso mesmo, ABES. Até o mais pequeno dos ratos consegue enxergar o que está acontecendo aqui. Antes, todos os advogados podiam votar e escolher os seis representantes que formavam a lista sêxtupla. Essa lista ia para o Tribunal de Justiça, que escolhia três nomes e os enviava ao governador, que decidia quem ocuparia a posição. Um processo democrático, justo, limpo. Mas agora, o Leãozinho e CAM com seu conselho resolveram mudar tudo. Querem que o Conselho escolha 12 nomes e que nós, advogados da floresta, só possamos votar em 6 entre esses 12. Ou seja, já sabemos quem eles vão colocar na lista. É como oferecer um cardápio com pratos já escolhidos por eles. Isso não é democracia, meus amigos. Isso é marmelada com gosto de arbítrio!”

O Macaco Getúlio, sempre com uma piada pronta, gritou lá do fundo: “E enquanto isso, Fabiano, o café do Conselho continua pior que a lama do rio!”

Fabiano não perdeu o ritmo: “Exatamente, Getúlio! Até o café é um reflexo do que estão fazendo com a nossa advocacia: fraco, sem gosto e empurrado goela abaixo!”

A multidão explodiu em risadas, mas o Lobo voltou à seriedade. “Agora, meus amigos, deixem-me ser claro: isso é uma tentativa de manipulação descarada. O Leãozinho, o Conselho e o Caçador querem usar o sistema para garantir que seus escolhidos sejam os indicados. Eles estão mudando as regras porque, do jeito antigo, não tinham controle. Isso não é só injusto; é um ataque direto à nossa dignidade como advogados desta floresta!”

O Rinoceronte Juvenal bateu a pata no chão, fazendo tremer a clareira. “Não vão me calar! Se querem mudar as regras, vão ter que passar por cima deste rinoceronte!”

A Lebre Ana Lúcia saltou no tronco ao lado de Fabiano. “E vão ter que correr mais rápido que eu também! Não vamos deixar!”

O Rato ABES, não querendo ficar de fora, subiu em outro galho e gritou: “Isso aí, Ana Lúcia! E se tentarem, eu mordo os papéis deles! Porque advogado nesta floresta não é fantoche de Leãozinho nem de ninguém!”

Fabiano riu, mas logo retomou o tom sério. “Isso não é só uma questão de poder, amigos. É uma questão de princípio. A advocacia sempre foi a voz dos que não têm voz. E agora querem silenciar essa voz com truques de bastidores? Não enquanto este lobo estiver de pé! Então, meus amigos, o que fazemos agora? Lutamos! Vamos lutar nas árvores, nos rios, nas tocas e nos céus, se for preciso! Vamos fazer barulho, ajuizar ações e mostrar a esta floresta inteira que a advocacia não vai ser manipulada por caprichos de outrem.”

A Coruja Clara, sempre elegante, interveio com sua voz sábia: “Fabiano, suas palavras carregam verdade. E a justiça, embora lenta, não será cúmplice dessa injustiça. Eu mesma voarei até os galhos mais altos para garantir que essas mudanças não prosperem.”

O Rato ABES não perdeu a chance de cutucar: “E eu estarei lá embaixo, Clara, mordendo os pés de quem tentar te impedir!”

Fabiano se voltou para onde o Leãozinho e o Caçador observavam à distância, desconfiados. “Leãozinho, CAM, escutem bem: vocês podem mudar as regras no papel, mas nunca vão mudar a coragem desta floresta. Nós, advogados, somos teimosos. Somos resilientes. E acima de tudo, somos a última linha de defesa contra qualquer tentativa de autoritarismo.

Se acham que podem nos calar com café fraco e listas manipuladas, estão muito enganados. A advocacia é a espinha dorsal da justiça, e sem ela, até as Árvores da Justiça cairão.”

Os animais explodiram em aplausos. A Lebre Ana Lúcia corria em círculos, gritando: “Eles não vão nos pegar! Eles não vão nos pegar!”

O Rinoceronte Juvenal bufava, satisfeito. “Esse lobo fala com força. É disso que precisamos.”

A Coruja Clara olhou para o Lobo Fabiano com aprovação. “Você voou alto hoje, Fabiano. Sua coragem nos inspira.”

Fabiano sorriu, mas foi o Rato ABES quem encerrou: “Inspira tanto que até meu bigode cresceu mais forte! Vamos à luta, meus amigos. Que o Leãozinho e o Conselho se preparem, porque o barulho começa agora!”

O Discurso da Preguiça Inácio Krauss

No topo de uma das árvores mais altas da Floresta da Justiça, a Preguiça Inácio Krauss desceu lentamente de um galho, com a calma e a paciência que só ela possuía. O movimento era lento, mas sua presença emanava autoridade. Todos os animais se silenciaram. Eles sabiam que, quando a Preguiça falava, cada palavra era medida, pensada e carregava um peso que ressoava por toda a floresta. Com uma voz grave e firme, Inácio começou: “Amigos da floresta, venho falar não apenas em defesa de nós, advogados, mas em defesa de algo maior: da democracia. O que estamos vendo aqui, com a tentativa do Leãozinho e do Conselho de mudar as regras do jogo no Quinto Constitucional, não é apenas uma afronta ao Estatuto da Ordem da Floresta, mas uma traição aos princípios mais básicos da nossa convivência. A OAB sempre foi – e deve continuar sendo – a casa da democracia. Tirar dos advogados o direito de votar diretamente na lista sêxtupla é um ataque direto ao que temos de mais sagrado. Não há justificativa para isso, a não ser o desejo de centralizar poder e manipular resultados.”

A Preguiça levantou sua garra com uma calma impressionante, fazendo todos os olhares se fixarem nela.

“Apesar de tudo, senhoras e senhores, somos o motor que faz o sistema de justiça funcionar. Derrubamos barreiras, enfrentamos preconceitos e trazemos à tona causas que muitos prefeririam deixar esquecidas. Não é à toa que estamos aqui hoje, denunciando essa tentativa de subverter a democracia dentro da própria Ordem.

E saibam: isso não vai ficar assim. Nós, advogados desta floresta, não nos calaremos. Se for preciso, vamos à justiça procurar nossos direitos. Porque a democracia não é negociável, e a advocacia é a voz que ecoa pelos corredores mofados dos fóruns – e não será silenciada por ninguém.”

Inácio Krauss olhou ao redor, seus olhos brilhando com determinação.

“Somos mais do que problemas; somos soluções. Somos antirracistas, feministas, defensores da diversidade, não porque é moda, mas porque é o caminho decente e correto. E isso inclui lutar contra qualquer tentativa de silenciar nossas vozes. A mudança nas regras do Quinto Constitucional não será aceita, porque esta floresta ainda pertence à advocacia e à justiça. Lutaremos, com a paciência de uma preguiça e a persistência de um rato, até que nossos direitos sejam respeitados.”

O Rinoceronte Juvenal, emocionado, bateu sua pata no chão com força. “Inácio, você pode ser lento, mas suas palavras são rápidas e certeiras como uma flecha!”

A Lebre Ana Lúcia deu um salto e gritou: “É isso aí! Com a calma da preguiça e a agilidade da lebre, ninguém nos para!”

A Coruja Clara, do alto de seu galho, completou com sabedoria: “Inácio, seu discurso é a prova de que a força da advocacia está em sua união. A justiça pode até ser lenta, mas com líderes como você, ela nunca será desviada de seu caminho.”

O Rato ABES subiu em outro galho e gritou: “Inácio, você é a prova de que até o mais tranquilo dos animais pode se transformar em um gigante quando o assunto é justiça! Vamos à luta, amigos, porque, como o Inácio disse, a democracia não se rende!”

O Discurso da Cabra Tatiana Silvestre

A clareira estava vibrante, repleta de animais que aguardavam ansiosamente pelo discurso da Cabra Tatiana Silvestre. Conhecida por seu tom afiado e direto, ela tinha o dom de transformar seriedade em inspiração, com uma pitada de humor que deixava todos à vontade – mesmo os mais tensos.

Tatiana subiu em uma pedra, ajeitou seu cavanhaque impecável, e com um olhar firme, começou:

“Senhoras e senhores, meus colegas de pelos, penas e escamas, o que estamos vivendo hoje na Ordem da Floresta é digno de uma tragicomédia. Já viu algo mais absurdo do que tentar mudar as regras do Quinto Constitucional para tirar o direito dos advogados de votar diretamente na lista sêxtupla? Porque eu, sinceramente, só consigo comparar isso a brigar com a impressora às 23h59, com o prazo estourando e o papel preso lá dentro.”

A clareira explodiu em risadas. O Rato ABES, sempre afiado, gritou: “Tatiana, você só esqueceu de mencionar que a impressora ainda cobra taxa para engasgar!”

Tatiana apontou para ele com a pata, sorrindo. “É isso, ABES! É exatamente essa a sensação que o Leãozinho e seu Conselho estão tentando nos impor: um desespero sem sentido. Mas, como advogados, aprendemos a enfrentar essas situações com coragem, determinação e, claro, um pouco de bom humor para não sucumbir.”

Tatiana ergueu a cabeça, e sua voz ficou mais grave: “Vamos ser claros aqui: o que eles estão tentando fazer é mudar as regras para atender aos próprios interesses. Antes, todos os advogados votavam diretamente na lista sêxtupla. Agora, querem que o Conselho escolha 12 nomes, e nós só podemos votar em 6 desses. Ou seja, nos dão a ilusão de escolha enquanto manipulam os bastidores para garantir os seus preferidos. Isso não é só um ataque à advocacia, meus amigos. É um ataque direto à democracia que a Ordem da Floresta sempre defendeu. É contra o Estatuto da Ordem, contra os princípios da nossa profissão e contra tudo o que a OAB representa em seus mais de cem anos de história.”

Tatiana continuou, agora com o tom inflamado:

“Essa tentativa de manipulação não vai passar. Nós, advogados, somos a voz da democracia nesta floresta. E se for preciso, vamos à justiça buscar nossos direitos, como sempre fizemos. Porque a OFB é, e sempre será, a casa da democracia. E o que o essa presidência está fazendo é contra a advocacia, contra a democracia e contra tudo o que construímos juntos ao longo de um século!”

A Coruja Clara, pousada em um galho alto, interveio: “Tatiana, suas palavras ecoam a verdade. Não podemos permitir que destruam o que levamos tanto tempo para construir.”

Tatiana olhou para a multidão com intensidade.

“Meus amigos, a advocacia é mais do que uma profissão. É uma missão. É a força que derruba barreiras, que enfrenta preconceitos e que luta por aqueles que não têm mais ninguém para recorrer. E é por isso que não importa o quanto eles tentem nos calar. Não importa o quanto eles tentem manipular o sistema. Nós vamos resistir, lutar e vencer. Porque, no final, somos a última linha de defesa contra o autoritarismo. Somos advogados, e isso significa que não desistimos nunca!”

A clareira explodiu em aplausos e gritos de apoio e o Rato ABES, com os olhos brilhando, subiu novamente ao tronco. “Tatiana, você é um exemplo para todos nós. E não se preocupe: se eles tentarem mexer nas regras, eu mesmo roerei as páginas deles!”

O Discurso do Tucano Victor Barreto

O Tucano Victor Barreto chegou à clareira em um voo imponente, suas penas brilhando sob a luz do sol. Conhecido por sua eloquência afiada e sua habilidade em misturar humor e seriedade, o Tucano ajeitou o bico e, sem perder tempo, subiu em um galho alto para ser ouvido por todos. Os animais, que já estavam agitados com os discursos anteriores, se aquietaram para ouvir o que Victor tinha a dizer.

“Amigos de penas, patas e escamas, estamos vivendo tempos estranhos na Floresta da Justiça. E quando eu digo estranhos, quero dizer absurdos! O que o Leãozinho, o Conselho e CAM estão tentando fazer com o Quinto Constitucional é, sem exagero, uma afronta ao Estatuto da Ordem – sim, da ordem, da ordem, da ordem! Querem mudar as regras do jogo no meio da partida, manipulando o processo para que o Conselho escolha 12 nomes e nós, advogados, possamos votar apenas em 6. Isso é o equivalente a me darem um cardápio com pratos já escolhidos e pedirem para eu fingir que estou escolhendo minha refeição. Meus amigos, isso não é democracia, é teatrinho mal ensaiado!”

Victor fez uma pausa dramática, movendo o bico para enfatizar suas palavras.

“E sabem o que é mais engraçado? Essa tentativa de manipulação parece um desses despachos judiciais que ninguém entende. Primeiro, nos tiram o direito de escolher diretamente a lista sêxtupla. Depois, criam esse sistema confuso para garantir que os escolhidos sejam… bem, os amigos do Leãozinho e do Khan. Isso é democracia? Claro que não! Isso é um teatro mal escrito, com personagens ruins e um roteiro pior ainda!”

O Rato ABES, sempre rápido na resposta, gritou: “Teatro? Victor, isso parece mais um circo sem lona e sem graça!”

Os animais explodiram em risadas, mas o Tucano retomou o tom sério.

“Riam, meus amigos, porque o humor nos ajuda a suportar essas situações absurdas. Mas também entendam: o que está acontecendo é grave. A advocacia é, e sempre foi, a espinha dorsal da democracia. Sem ela, a justiça não é justiça; é apenas um arremedo. Estão tentando nos calar, nos limitar, nos transformar em espectadores. Mas a OAB – sim, da ordem, da ordem, da ordem – não foi construída para ser palco de manipulações. Foi construída para ser a casa da democracia, e é isso que vamos defender com todas as nossas penas, patas e escamas!”

Victor olhou para a multidão, suas asas abertas como se quisesse abraçar todos os presentes.

“E deixem-me lembrar a vocês: nos tempos do Falcão Clóvis Barbosa e do grande Edson Ulisses, isso nunca teria acontecido. Eles entendiam que a advocacia pertence aos advogados, e que o direito de votar é sagrado. O que o Leãozinho e o Khan estão fazendo agora é não apenas contra os advogados, mas contra tudo o que a Ordem construiu em seus mais de cem anos de história.”

A Coruja Clara interveio do alto de seu galho: “Victor, suas palavras lembram a todos que a advocacia é o alicerce da justiça. Não permitiremos que esse alicerce seja abalado.”

O Tucano Victor respondeu com um sorriso. “Obrigado, Clara. E posso garantir que, enquanto eu puder voar e falar, ninguém vai abalar esse alicerce.”

Um Recado Claro

“Leãozinho, Conselho e CAM, escutem bem: a advocacia não é uma peça de xadrez para ser manipulada. Somos a linha de frente da democracia, e não vamos permitir que nossas prerrogativas sejam pisoteadas”.

O Rinoceronte Juvenal bateu com força no chão. “Victor, você fala com a força de um trovão! Não vamos deixar que manipulem nossas regras!”

O Rato ABES, emocionado, subiu em outro galho. “Victor, você é a voz que essa floresta precisa! E pode contar comigo para roer qualquer papel que tentem usar contra nós!”

Victor riu, esticando as asas. “Obrigado, ABES. Com aliados como você, essa floresta está em boas mãos – ou melhor, em boas patas e garras!”

Do Fabulista

Que este novo ano traga muitas histórias para contar e sonhos para realizar. Desejo a todos os leitores um Feliz Ano Novo e que 2025 seja repleto de fábulas, inspiração e sabedoria. Que nunca falte coragem para enfrentar os desafios e criatividade para transformá-los em oportunidades.

Feliz 2025 a todos! 🌟.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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