Os currículos dos pré-candidatos a prefeito de Aracaju

As dificuldades dos pré-candidatos à prefeitura de Aracaju saltam aos olhos. O novo retrato social e a velocidade da informação são questões presentes na crise de identidade política dos candidatos. O julgamento nas redes sociais e o fenômeno do cancelamento são manifestações contemporâneas da interseção entre a tecnologia digital e a sociedade, em um mundo cada vez mais conectado. O desafio é manter-se popular e ileso dentro de um jogo que exige posicionamento e que pune severamente qualquer deslize. Qualquer semelhança com um reality show é mera coincidência.

Para lidar com esses desafios, os políticos ensaiam frases e performances politicamente corretas ou simplesmente confiam na potência do seu DNA, esquecendo-se muitas vezes que o novo eleitor aprendeu o jogo, tem acesso à informação e está atento às incoerências ou inaptidão dos seus candidatos, não bastando apenas investir no discurso midiático ou em manobras populistas.

Com todo respeito às famílias dentro das quais a genética política é transferida de pai para filho, a gestão pública exige muito mais do que a formatação hereditária de interesses particulares. Fazer sucessores políticos não exige necessariamente filiação sanguínea, e sim, uma identificação ideológica que garanta a continuidade de exitosos e aprovados conceitos de administração pública, sem esquecer que, diferente de uma empresa privada, um sucessor político não está preocupado com os ganhos do seu empreendimento pessoal ou familiar, e sim com continuidade de políticas e programas que foram bem-sucedidos no passado, além de promover a estabilidade e unidade em tempos de incerteza ou divisão política.

Para além de laços sanguíneos ou referências partidárias, um bom gestor precisa antes de tudo ser técnico: possuir uma visão clara de saúde, educação, mobilidade urbana e saneamento básico, conhecer de perto a realidade de sua cidade e ter experiência em administração pública. Até porque candidatos profissionais ou carreiristas, por si só, não fazem mais o gosto popular.

Esse breve arremedo tem o condão parametrizar a análise sintética (e não sintática) do currículo de cada um dos pré-candidatos à prefeitura de Aracaju e a diversidade de seus ideais, dispostos os nomes em ordem alfabética.

Antes de mais nada, grupamento político e poder financeiro são elementos historicamente decisivos no pleito eleitoral. Mas, lembremos, o eleitor mudou, os critérios de escolha também.

Rogério Carvalho indica a esposa Candisse.

CANDISSE CARVALHO (PT). Formada em jornalismo pela UNIT. Faz mestrado em Administração Pública, Gestão e Políticas Públicas – ainda não concluído. Trabalhou na TV Sergipe. Ocupou diversos cargos em comissão em assessorias de imprensa no município de Aracaju e órgãos do Estado de Sergipe, além do Partido dos Trabalhadores (Fonte Linkedin Brasil). É esposa do Senador Rogério Carvalho. Candisse entra na disputa após a desistência de Eliane Aquino. Sofre rejeição de importante ala petista pilotada por Márcio Macedo e Eliane. Não tem experiência em administração pública, embora pretenda colher os louros da trajetória política do seu esposo, o senador Rogério Carvalho.

Alessandro Vieira indica Danielle Garcia.

DANIELLE GARCIA (MDB). Formada em Direito e pós-graduada em Gestão Estratégica em Segurança Pública. Mestre em Constitucionalização do Direito. É delegada de polícia, foi diretora do DEOTAP/SE e Secretária de Estado da Mulher. Foi candidata derrotada à prefeita de Aracaju em 2020 e à senadora em 2022. (Fonte Escavador). Temos assistido ultimamente o fenômeno da invasão da segurança pública na política. Os delegados, com sua experiência em aplicação da lei e conhecimento das questões de segurança pública, muitas vezes são vistos como candidatos atraentes para cargos políticos relacionados à segurança, justiça e ordem pública. Danielle apesar da sua destreza no campo investigativo-policial, possui pouca experiência em administração pública. É a candidata do senador Alexandro Vieira.

Dr. Emerson indicado por uma parcela da classe médica

DOUTOR EMERSON (PC DO B). Formado em Medicina, com especialidade em dermatologia. É professor da UFS. Foi Coordenador da Residência em Dermatologia da UFS, vereador de Aracaju por dois mandatos, membro da Coordenação Nacional de Fé e Política do Conselho Nacional do Laicato do Brasil. Está filiado ao PC do B. (Fonte Linkedin Brasil). Pouca experiência executiva, porém um nome indiscutivelmente preparado intelectualmente, livre de conchavos políticos, e sem rejeição. Em tese é o candidato da classe médica.

Os irmãos Amorim (Edvan e Eduardo) indicam Emília Corrêa

EMÍLIA CORRÊA (PL). Formada em Direito, é defensora pública aposentada. Atua como comunicadora de rádio e TV. Foi professora da UNIT. Figurou na lista tríplice do TJ/SE para concorrer a vaga do quinto. Está em seu terceiro mandato de vereadora de Aracaju. Foi candidata a deputada federal e vice-governadora, mas não obteve êxito, mesmo sendo bem votada nos dois pleitos. (Fonte: https://emiliacorrea.com.br/quem-sou/). Pouca experiência executiva, mas detentora de um bom conceito popular. Diz que é candidata de Bolsonaro, apesar de já ter se pronunciado publicamente contra o ex-presidente. Os bolsonaristas não a vêm com bom olhos.

Laércio Oliveira indica Fabiano Oliveira.

FABIANO OLIVEIRA (PP). Sem formação em curso superior. É radialista e empresário. Conhecido como o “Rei da Noite”, Fabiano foi o idealizador e criador do Pré-Caju. É apresentador do programa Canal Elétrico. Foi deputado Estadual, Secretário de Turismo e Presidente da Emsetur. Hoje, ocupa uma cadeira na Câmara de Aracaju. (Fonte: https://fabianooliveira.net/quem-sou/). Pouca experiência executiva. É o candidato do senador Laércio Oliveira.

André Moura indica a filha Iandra de André.

IANDRA BARRETO FERREIRA (UB) – IANDRA DE ANDRÉ. Formada em Direito. Advogada com atuação em Direito político, é filha do ex-deputado federal, Secretário da Casa Civil do Rio de Janeiro e prefeito de Pirambu por dois mandatos, André Moura. Sua carreira política foi impulsionada pela atuação do pai, de quem lembrou o mandato como deputado federal e tomou o nome para sua própria candidatura. Sua mãe, Lara Moura (PSC), é a atual prefeita de Japabatuba e seu avô Reinaldo Moura, ex-deputado estadual, também foi político. É deputada federal. (Fonte: Wikipédia). Forte poderio genético, Iandra tem um mandato parlamentar atuante, porém é incipiente em administração pública. É candidata do pai, André Moura.

Sem indicação para Katarina Feitosa.

KATARINA FEITOZA (PSD). Formada em Direito pela UNIT e pós-graduada em Gestão Estratégica em Segurança Pública e em Ciências Criminais. Delegada de polícia, ocupou os cargos de Corregedora e Chefe da Polícia Civil. Foi vice-prefeita de Edvaldo Nogueira e atualmente é deputada federal. (Fonte: Wikipédia). Pouca experiência em administração pública. Ainda sem o apoio declarado do seu grupo, já que Belivaldo Chagas, seu mentor e padrinho político, deve ser o vice da chapa de Iandra Moura.

 

 

 

 

Fábio Mitidieri e Edvaldo Nogueira indicam Luiz Roberto

LUIZ ROBERTO (PDT). Formado em Direito pela UFS, possui pós-graduação em direito do trabalho, direito previdenciário e comunicação corporativa. Foi servidor concursado do Ministério da Fazenda. Servidor concursado da Petrobrás (aposentado). Advogou no escritório do Professor Carlos Britto. Foi presidente da Fundat/AJU, diretor presidente da Emsurb/AJU, Secretário de Turismo de Aracaju e Secretário de Estado do Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura. (Fonte: https://sedurbi.se.gov.br). É um candidato com conteúdo técnico e com experiência de gestão pública, apesar de não ser conhecido no cenário político. É o candidato do prefeito Edvaldo Nogueira e do governador Fábio Mitidieri.

Psol indica Niuly Campos.

NIULLY CAMPOS (PSOL). Formada em Direito pela UNIT, com mestrado na UFS e pós-graduada em Direitos Humanos. Advogada militante e professora Universitária. Foi assessora parlamentar no Senado Federal, procuradora adjunta no município de Capela/SE (Fonte Escavador). Sem muita experiência em administração pública é a candidato do PSOL, depois que a deputado Linda Brasil fora preterida da disputa. Não tem experiência em administração pública.

Uma breve literatura curricular dos possíveis candidatos à chefia da nossa Municipalidade, eis o propósito dessa matéria. Lembrando que dessa disputa não sairá um único vencedor. Que o nome escolhido consiga representar de forma mais democrática, abrangente e exitosa os interesses dos cidadãos aracajuanos. Boa sorte eleitores, o mandato é para vocês!

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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