SE-100: entre o turismo e o desenvolvimento com responsabilidade

A rodovia SE-100 não é só uma estrada. É um convite ao crescimento e um teste de planejamento para Sergipe. Com 202 km de extensão, ligando a foz do Rio São Francisco à divisa com a Bahia, a via promete abrir caminho para praias desertas, ecoturismo e novos empreendimentos. Mas a pergunta que fica é: estamos preparados para essa explosão de oportunidades sem transformar paraíso em problema?

O ex-presidente Washington Luís já dizia que “governar é abrir estradas, e Fábio Mitidieri segue essa cartilha ao concluir o último trecho da SE-100. A economia vai girar, o turismo vai crescer e o comércio local já sente o impacto positivo. Mas essa estrada precisa levar Sergipe para um futuro sustentável, não para o caos da especulação imobiliária e da degradação ambiental.

O litoral sul sergipano provou que infraestrutura bem-feita atrai investimentos: hotéis, resorts, restaurantes e condomínios surgiram onde antes só havia natureza intocada. Agora, com a SE-100, o litoral norte está no radar dos investidores. A Reserva Biológica de Santa Isabel, os manguezais e as restingas são joias naturais que precisam ser preservadas, mas isso não significa barrar o desenvolvimento.

A chave é o equilíbrio. Preservação ambiental e crescimento econômico podem andar juntos—mas só se houver planejamento, fiscalização rigorosa e incentivos para empreendimentos sustentáveis. Afinal, ninguém quer que o litoral norte vire um cenário de destruição em nome do progresso.

O baixo São Francisco também entra nesse jogo. Pequenos comerciantes já notam a diferença: deslocamentos mais rápidos, maior circulação de turistas e terrenos valorizando. A região pode se tornar um polo de ecoturismo e turismo de aventura, com passeios de barco, esportes aquáticos e experiências gastronômicas únicas.

Mas, sem infraestrutura adequada e políticas ambientais bem pensadas, tudo pode virar uma bagunça. Turismo descontrolado significa lixo acumulado, degradação da fauna e flora, e a perda da identidade cultural da região. O desenvolvimento precisa ser inteligente, porque ninguém quer trocar um santuário ecológico por um cenário de concreto sem alma.

Progresso não acontece sozinho. Para que o desenvolvimento seja sustentável e lucrativo, o governo precisa de uma visão macro que entenda o casamento entre o meio ambiente, estruturação e empreendedorismo. Isso passa por: Onde e como os empreendimentos serão permitidos, garantindo que hotéis, pousadas e restaurantes respeitem as diretrizes ambientais; Como incentivar o ecoturismo, promovendo um turismo que valorize a natureza, e não que a destrua; Como fiscalizar a ocupação da região, impedindo invasões, desmatamento e construções irregulares; Como educar turistas e empresários, garantindo que crescimento e conservação caminhem juntos. Sem esse olhar estratégico, a SE-100 pode virar um atalho para o desastre ambiental e social.

O que está em jogo aqui não é só uma estrada, mas o futuro do litoral norte de Sergipe. Se bem planejado, esse crescimento pode gerar empregos, fortalecer a economia e transformar a região em um dos principais destinos turísticos do Nordeste.

Mas se o progresso for desenfreado, a especulação imobiliária tomará conta, a degradação ambiental será irreversível e o turismo sustentável ficará apenas no discurso. A SE-100 abre as portas para um novo momento de Sergipe—mas só se estivermos prontos para equilibrar desenvolvimento e preservação. A estrada está aberta. Agora, é hora de decidir para onde queremos ir.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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