Sérgio Gama é o novo presidente do MDB

A história do MDB – Movimento Democrático Brasileiro começou em 1966, quando um grupo de jovens, intelectuais e políticos, resolveram se unir como uma organização de resistência ao governo militar. Criado oficialmente após a extinção do pluripartidarismo pelo Ato Institucional n° 2, o MDB passou a incomodar os detentores do poder (ARENA). A ditadura reprimia mas o MDB seguia firme. Em Sergipe, jovens como Benedito de Figueiredo, João Augusto Gama, João Santana, Wellington Paixão, Jackson Barreto, Jonas Amaral, Bosco Mendonça, Carlos Alberto Menezes, Sérgio Monte Alegre, João Bosco Rollemberg e Lealdo Feitosa cravaram seus nomes na militância jovem do partido, todos com marcantes consciência ideológico-política. Depois figuras como Tertuliano Azevedo, Walter Baptista, Padre Almeida, Clodoaldo Araruna, Gilvan Rocha, Francisco Rollemberg, José Carlos Teixeira, Albano Franco, Adelson Ribeiro, Cleonâncio Fonseca, José Wilson da Cunha, Guido Azevedo, Viana de Assis, Baltazar Gois, Lauro Rocha, Humberto Mandarino, Manoel Hora, Agnaldo Pacheco, Padre Gerard, Acival Gomes, Antônio Carlos Franco, Bosco França, Seixas Dória, Gerson Vilas Boas, Djenal Gonçalves, Luciano Bispo, Arnaldo Bispo, Jorge Alberto, Garibalde Mendonça, Augusto Bezerra e, recentemente, Marcos Franco e Sérgio Gama, engrossaram o caldo da agremiação que se tornou um dos maiores partidos políticos do Brasil e de Sergipe.

Em 1979, com o fim do bipartidarismo, a sigla partidária aumentou, tornando-se agora PMDB, com inclinação política centro-esquerdista. Ao longo dos anos perdeu-se em sua essência. Tornou-se um partido “clientelista” e, na tentativa de resgatar sua identidade, decidiu abolir o P em 2017, figurando nas eleições de 2018 como MDB.

Voltando a Sergipe, uns dos seus mais renomados “mdebistas”, sem dúvida, foram o ex-deputado Antônio Carlos Franco (eleito em 1986), juntamente com Acival Gomes, João Bosco França e Djenal Gonçalves. ACF administrou o partido com mãos de ferro. Naqueles tempos áureos do MDB, ser filiado ao partido era uma honra e tanto fazia o companheiro de Brejo Grande como o de Aracaju. O tratamento era igualitário e respeitoso entre todos os membros, independente do seu colégio eleitoral. Época em que filiados tinham voz ativa e recebiam fomento partidário. Não havia medalhões, e sim, um grupo de pessoas unidas por um ideal político que sabiam conviver e dividir espaços.

Naquele tempo, testemunhamos o PMDB “raiz”, que chegou a ter uma bancada de seis deputados estaduais e de quatro federais. A palavra de Antônio Carlos Franco era cumprida a todo custo. Tínhamos um comandante para quem o “sim” era “sim” e o “não” era “não”.

Em 1996, com o partido afinado e uma campanha apaixonante, o PMDB elegeu o empresário João Augusto Gama para prefeito de Aracaju, trazendo para a capital o arrobo e a potência daquele empresário. A visão empreendedora de Gama trouxe progresso e desenvolvimento para Aracaju. A cidade ganhou novas avenidas, novos bairros, ampliação da zona de expansão, infraestrutura básica na periferia, sem falar na obra do mercado central, maior desafio do seu mandato, atualmente grande polo turístico da cidade. Gama mais fez do que prometeu. Apesar de ter a política no sangue, sendo um dos entusiastas do MDB, governou sem as amarras “politiqueiras”. Recusou a reeleição porque sabia já ter dado sua contribuição como homem público.

Com a saída de Antônio Carlos Franco, a presidência do PMDB foi entregue a outros personagens que, diga-se de passagem, tinha um perfil antagônico ao do seu antecessor. O partido passou de protagonista para coadjuvante nas decisões políticas do Estado. Era respeitado, ouvido, atendido em suas reivindicações e só. Digamos que era o segundo time mais querido dos políticos locais. Ainda assim, manteve-se de pé como um bom infante.

Lembro que em 2006, quando da primeira eleição do governo de Marcelo Déda, o PMDB era presidido por Benedito Figueiredo. Pela vontade do partido e, especialmente de Déda, o vice-governador seria Jorge Alberto ou Marcos Franco, entretanto não foi possível essa composição. Valadares Pai impôs naquela época o nome Belivaldo Chagas que, anos depois, veio a romper com seu padrinho. Assim começaria o declínio do PMDB, que só voltou a erguer-se nas eleições de 2010, quando Jackson Barreto, após o falecimento de Déda, assumiu o governo e foi à reeleição.

Durante o tempo em que JB foi vice e governador do Estado, quem presidiu o PMDB foi José Augusto Gama. Com muito esforço, Gama recuperou as contas do partido, colocando inclusive recursos próprios para quitar multas eleitorais passadas. Depois, entregou a presidência a JB que, adiante, repassou para Sérgio Reis. A partir daí, o partido voltou a endividar-se, acumular contas mensais, salários de funcionários e de prestadores de serviços, dentre outros, dispersando vários mdebistas para outras siglas partidárias, a exemplo do PSD (partido do governo), todos ávidos pelo fundo partidário e pela possibilidade de desfrutarem de assessorias jurídica e contábil em suas campanhas. Inclusive, o próprio protegido de JB, Everton, foi candidato pelo PSD. Com esta diáspora, o PMDB perdeu três deputados estaduais e um federal e, nos últimos dois pleitos, não formou chapas de vereador e deputado estadual e federal, desmantelando-se de vez.

Nas eleições de 2022, o agora MDB repartiu-se mais uma vez, pois os liderados de Jackson Barreto foram para a campanha de Rogério Carvalho, que teve como vice o empresário Sérgio Gama. Já os liderados por Marcos Franco, optaram por abraçar a campanha de Fábio Mitidieri. Assim, mais uma vez o partido é partido, com a única finalidade de atender interesses pessoais, demonstrando a fraqueza da agremiação.

Acontece que em Sergipe, no primeiro turno, a presidenciável mdebista Simone Tebet teve o apoio irrestrito do empresário Sérgio Gama que, em 2018, foi ao sacrifício colocando seu nome pelo MDB, na primeira suplência de Jackson Barreto e, em 2022, foi vice de Rogério Carvalho do PT. Nas duas situações, Sérgio mostrou que herdou a coragem e a postura de seu genitor, João Augusto Gama, e isso o gabaritou a chegar à presidência do partido.

Passadas as últimas eleições, que rendeu ao partido 42 deputados federais eleitos, mesmo número do PSD, os desertores decidiram regressar em busca da sigla. Assim fizeram os pdecistas Jefersson Andrade e Luciano Bispo. Marcos Franco, que apostou na escolha do seu nome por aclamação, ficou a ver navios com a escolha de Sérgio Gama para conduzir o MDB em Sergipe.

Sérgio Gama tem pela frente um grande desafio: ressuscitar o MDB/SE. Primeiro, sanar as dívidas do partido. Segundo, procurar mecanismos jurídicos junto aos Tribunais Eleitorais para que o partido volte a receber o fundo partidário. Terceiro, formar as comissões provisórias da capital e do interior do Estado, tendo em mira as eleições de 2024. Quarto, reativar a Fundação Ulisses Guimarães, para que ela volte a funcionar a contento, formando jovens cidadãos. Sucesso ao novo presidente!

BATALHA NETO. Depois de ter sido parado na blitz da Lei Seca e se negado a soprar o bafômetro, Neto voltou a ser notícia ao apresentar um projeto de lei que prevê o pagamento de auxílio moradia para as mulheres vítimas de violência doméstica em Sergipe. Só falta saber quem vai pagar a conta.

PAULO JÚNIOR. Ainda sobre “auxílios”, PJ, outro deputado oriundo de São Cristóvão, apresentou um projeto de lei na área de políticas públicas para mulheres e de gratuidade em transportes, que deve acarretar um aumento expressivo na tarifa de ônibus, visto que essa conta será dividida entre municípios, estado e, sobretudo, com os usuários do sistema público.

MARCELO SOBRAL. Dentro do mesmo seguimento legislativo, Marcelo Sobral teve o Projeto de Lei no. 40/2023 aprovado na última semana. O projeto garante à mulher igualdade nos valores das premiações relativas às competições desportivas. O que chama atenção é que eles – Paulo Júnior, Neto Batalha e Marcelo Sobral – foram vereadores de São Cristóvão e Itaporanga e nunca apresentaram projetos correlatos nestes municípios. Agora querem fazer bonito às expensas do Estado. Até o momento não tivemos um parlamentar que apesentasse um projeto para redução de impostos ou na área de fomento industrial e geração de empregos.

LINDA BRASIL. Praticamente a deputada deu um passo para construir sua candidatura à prefeitura de Aracaju em 2024. Enquanto os oposicionistas – Danielle Garcia, Milton Andrade e Alessandro Oliveira – deram as mãos à situação, Linda corre por fora e desenvolve um importante trabalho de enfrentamento ao assistencialismo na política. O projeto visa em última instância convencer o eleitorado a exercer o sufrágio independente dos seus interesses imediatos. A vereadora Emília Correia, considerada a maior oposicionista do Estado, sonha em ter Linda como sua vice, mas Sra. Brasil não abre mão de sua candidatura.

GEORGE PASSOS. Sem sombra de dúvidas é um dos mais atuantes parlamentares do Estado, fazendo oposição inteligente ao governo desde o seu primeiro mandato. Personagem de poucos amigos e conversa, George Passos soube explorar sua vertente oposicionista que lhe garantiu três mandatos. Agora, sonha com a chefia do executivo de Ribeirópolis, sua terra natal, e não vai medir esforços e coligações para conseguir atingir seu objetivo, inclusive encostando-se em Valmir de Francisquinho.

RICARDO MARQUES. Cogita-se o nome do vereador para a vaga de vice de Emília Correia à prefeitura de Aracaju graças ao trabalho que vem fazendo na Câmara e nas comunidades mais carentes da capital. Marques é um jornalista tarimbado e sabe explorar seu marketing político como ninguém e, caso venha a compor com Emília, estaremos diante de um chapa altamente competitiva, principalmente para quem pensa em mudanças.

BRENO GARIBALDE. O primogênito do deputado Garibalde Mendonça nesses dois anos tem mostrado que não veio apenas para ser mais um na Câmara Municipal. Tem participado de projetos importantes que tratam do embelezamento da cidade e a retomada de um Plano Diretor que atenda de forma abrangente todas as classes sociais. Há dias atrás falou sobre a poluição visual e sonora da cidade, contraindicando panfletos e cartazes nas vias públicas e trouxe para discursão o acesso público aos rios, obstaculizado pelos condomínios de luxo. Nos bastidores dizem que pretende candidatar-se a prefeito pelo União Brasil.

IVAN LEITE. Nos quatro cantos de Estância comenta-se que Ivan Leite perdeu o tesão político após duas derrotas consecutivas de sua companheira Adriana Leite. Como um lord inglês, Ivan ensaia sua volta ao paço estanciano, mas enfrentará a força do prefeito Gilson Andrade que deve apresentar como seu sucessor André da Graça. Além deles são pré-candidatos: Carlos Magno, professor Dominguinhos, professor Dudu, delegado André David, Misael Dantas, Kaique Freire, Breno Victor e Titó, aquele eterno candidato que ninguém pode deixar só.

TIA JAK. O blogueiro ganhou fama satirizando o ex-governador Jackson Barreto e outros políticos em suas publicações. Há comentários que foi convidado pelo União Brasil de André Moura para candidatar-se a vereador de Aracaju, mas, antes de tudo, Tia Jak precisa montar uma base política e apresentar projetos específicos para conquistar o apoio dos aracajuanos, pois imitações e coraçõezinhos não bastam. Como diz uma amiga minha: “Que falta de absurdo!”.

LUCIANO BISPO. O deputado disse estar surpreso com a decisão do MDB Nacional que nomeou provisoriamente o empresário Sergio Gama para a presidência da sigla no Estado. Em entrevista ao radialista Gilmar Carvalho, Luciano fez questão de afirmar que continuará em busca da presidência do partido em companhia do deputado Jefersson Andrade e que será candidato a senado em 2026. Quanto à sucessão de Itabaiana, disse não ter interesse no momento, mas o grupo apresentará um nome com potencial eleitoral de vencer as eleições de 2024.

VAGA NO TCE. Mesmo sem a declaração de vacância da vaga no TCE, começaram as especulações em torno de quem será o indicado do governador Fábio Mitidieri. Nos bastidores, o nome mais comentado é do genro de Belivaldo, o advogado José Carlos Felizola, fruto de um acordo político feito no ano passado. Entretanto há uma corrente palaciana que, neste momento, deveria ser indicada um nome mais experiente. Sereno e cauteloso, o governador procura não falar no assunto. Ainda não temos um nome e esperamos que a fumaça branca do palácio de despachos saia nos próximos dias indicando o nome do novo conselheiro.

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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