E assim nasceu Emília…. a personagem Emília da obra o Sítio do Pica Pau Amarelo, de José Bento Renato Monteiro Lobato, é uma comunicativa e simpática boneca de pano que ganhou vida nas mãos de tia Anastácia, a cozinheira do sítio. A personagem não tem o DNA dos “Encerrabodes” mas foi abraçada com muito amor pela família, tornando mais alegres e emocionantes os dias daquela pacata família com ares rural.
Sua xará Emília Corrêa Santos Bezerra, também conhecida como Emília Corrêa, natural da cidade de Lagarto, é advogada e defensora pública aposentada, comunicadora, e vereadora por Aracaju (segundo mandato), eleita pelo ex-Patriota, atual PRD. Diferente da famosa boneca, Emília Corrêa foi gerada politicamente no ambiente da nobre instituição da Defensoria Pública Sergipana e ganhou vida quando resolveu comunicar o Direito às classes mais desassistidas através do quadro “Seu Direito”, no Programa Balanço Geral da TV Atalaia. Moralmente inatacável, Emília Corrêa entregou duas atuantes legislaturas à população aracajuana.
Questionando-se sobre a vida fora daquele modesto lugar, a vereadora abandonou suas origens, adentrando às perigosas fronteiras azuis do PL. De boneca virou marionete, aliando-se a nomes inimagináveis até mesmo para uma figura tão criativa quanto a nossa amiguinha bicolor, como o do ex-Presidente da República Jair Bolsonaro e aos dos lendários irmãos Amorim, inclusive com o nome do ex-Senador Eduardo Amorim cotado para seu vice na chapa para Prefeita de Aracaju, exigência do Presidente do PL em Sergipe, Edvan Amorim. E assim nasceu a nova Emília…
A oficialização da pré-candidatura ocorreu durante o ato de filiação ao Partido Liberal (PL). A cerimônia deu-se ao lado de nomes tão estranhos para a Vereadora quanto a Cuca e o Saci Pererê para os netos da Dona Benta. No seu sítio eleitoral agora figuram nomes como os irmãos Eduardo e Edvan Amorim, José Carlos Machado, Zezinho Guimarães, dentre outros nomes ressuscitados para a festa de boas vindas da pré-candidata.
Emília, comunicadora nata, que tem um nome vanguardista e histórico de atuação na defesa das políticas públicas de minorias, terá que subir no salto alto da extrema direita sergipana e refazer seu discurso político rumo ao Palácio Inácio Barbosa, agora emudecida pelo “pó mágico” dos fundos partidários. Sem voz ou vez, nem o Vice Ricardo Marques, vereador e liderança política de sua predileção, terá o direito de escolher.
Emília, acostumada a conviver em um ambiente plural entre os amados Visconde, Narizinho e Barnabé, cada um com seu brilho, personalidade e protagonismo, terá que se adaptar em um habitat menos democrático e vívido, que é a imagem e semelhança do seu donatário Edvan Amorim, com risco de ser contaminada pela perigosa praga da apatia política, que impregnou a grande revelação das urnas, o deputado federal Ícaro de Valmir e até mesmo o experiente e astuto ex-deputado Bosco Costa, primeiro vice presidente do PL.
No Sítio do Pica Pau Azul há outras excentricidades: seu legítimo filho não habita seu território. Rodrigo Valadares, amigo íntimo e fiel do ex-Presidente, prefere as migalhas do União Brasil, de André Moura, ao banquete do PL. Coisas de filho pródigo. No apagar das luzes dos prazos eleitorais, porém, colocou o nome da sua esposa Moana Valadares como pré-candidata a vereadora de Aracaju pelo PL, que já se tornou presidente municipal do PL Mulher em Aracaju, mesmo a contragosto dos demais filiados.
A verdade é que a grande personagem da nossa estória não conhece bem o terreno em que está pisando e pode mais uma vez ficar pelo caminho, como aconteceu nas eleições de 2022, quando da impugnação de Valmir de Francisquinho. De espevitada, respondona e altiva pode ser desconfigurada, e aí nem o pó de “pirlimpimpim”para salvar. Cada personagem tem o sítio que merece.