Federontinas para todos os gostos

A política brasileira continua repetitiva e medíocre.

Repetitiva, porque reedita descaradamente qualquer escândalo visando o golpismo das instituições.

E o golpismo não nos é uma coisa inédita. Ele está sempre presente na nossa história.

O que é inédito na nossa história é o conflito sanguinário. Nenhum se compara aos massacres da Revolta da Armada, nos albores da República, e os degolamentos no Condestável e em Canudos.

Fora daí, ninguém até hoje ousou elevar patíbulos, nem paredões de fuzilamento, embora sempre existam “Comissões de Verdade” para dizer o contrário, como aconteceu agora, querendo deturpar a história recente do nosso país.

Comissão que à fraqueza de argumentos e no afã de denegrir apenas, não conseguiu desvendar um feito crudelíssimo, algo que representasse bravio  heroísmo dos vencidos.

“Ai dos vencidos!”, ou “Vae victis!”, como bem dissera Breno num tempo de heróis como Camilo, que ousou lhe cortar a cabeça.

“Ai dos vencidos!”, reverbera agora o historiador refazendo a história, numa “Comissão da Verdade Oficial”, onde o fato virou não feito, e o não feito se transmudou no mais que bem feito, numa sucessão de malfeitos, por origem e por final, caindo no ridículo da galhofa burlesca, a exigir o bom uso da borracha corretora, tão saneadora, quão necessária.

“O tempora, o mores!”, poderia reverberar-nos Cícero: “Que tempos os nossos! E que costumes!” Os homens continuando os mesmos, medíocres nos seus gostos e afinidades.

E porque minha verdade nunca será a sua, é preciso erigir uma comissão para dirimir qual seja aquela mais verdadeira, mesmo que soe pouco veraz mas assaz capciosa, igual a qualquer tribunal inquisitorial do medievo, obscuridade sempre requerida e evocada, no antanho e ao amanho por qualquer assanho, quando se deseja doutrinar por dogma, servindo-se de conluio de doutos ou de conciliábulo de bruxos, para ereção da melhor heresia oficial a incinerar aqueles de seu pior desagrado.

Êta país difícil! Onde a palavra nada vale.

O que foi não é nada, nunca será nada, nem que assim nos iluminemos nos versos de Pessoa.

Aqui a pessoa vale mais e melhor, quanto pior respeitar a regra, afinal sempre é possível criminalizar o outro, por decoro, mal decoro e até por falta do coro saneador dos costumes.

Por acaso é correto chamar alguém de vagabundo? Logo hoje quando a vadiagem  é uma profissão, bem remunerada até?

E por ventura existe hoje na nossa República algum vadio, entre tantos pedintes, flanelinhas, tomadores de conta de automóveis, marreteiros de variada espécie, se a mendicância deixou de ser por carência e já não suscita caridade, mas virou profissão rentável, sem patrão, obrigação ou qualquer utilidade?

Não, nós não possuímos vagabundos! Nem vergonha!

Vagabundo ou vagabunda é a palavra nauseabunda destinada ao mau agrado que nos abunda e não nos envergonha.

Mas, não tem sido assim com vagabundo par lá, vagabundo pra cá, xingamentos repetidos e assacados nos palanques, quaisquer púlpitos ou na tribuna dos nossos parlamentos, o vagabundo ou a vagabunda sendo saudados no vocativo, por excelência tonitruante, até mesmo com a exibição torturante de roupas íntimas, enquanto troféu mais imundo que digno de pureza?

Pureza? Imundície? Como desempestear um púlpito com tamanha fedentina?

Sim, porque ceroula ou calçola que se prezem, sempre carregam consigo os nossos traços finais enquanto miserabilidade humana. Coisa de fragilidades dos esfíncteres, resíduo de cada um em pior desagrado de todos, onde o belo, nunca cheira melhor.

Ou seja: calçola nunca foi troféu, nem orgulho feminil. Mulher que se respeita tem outra postura.

E se ninguém na nossa edilidade não possui a hombridade de verberar tal vulgo, em nome do coleguismo ou qualquer cinismo, que seja tudo ali desinfetado com baforadas de melhor perfume, apagando-se dos anais o mau gosto e a fedentina.

Mas, federontinas à parte, eis que agora o Deputado Federal Jair Bolsonaro está sendo processado porque ao ser chamado de estuprador por sua colega Maria do Rosário, revidou-lhe dizendo que ela, Maria do Carmo, enquanto mulher, ou sendo aquele tipo de mulher (isso na leitura de muitos), não merecia ser estuprada.

Meio mundo de gente caiu de pau no Deputado desbocado.

O objetivo era escrachar o Deputado mal educado numa espécie de reedição ao “estupra, mas não mata!’, dito por Paulo Maluf em outro tempo e hora.

Surgiu até um movimento de mulheres numa passeata a gritar: – “Não! Eu não mereço ser estuprada!”, querendo despertar um ódio feminino em babas de hidrofobia.

Cadelismo e cachorradas à parte, ninguém merece ser estuprado, nem homem, nem mulher.

Acho, seja dito até para melhor provocar pruridos, que o estuprador deveria ser capado a macete, em praça pública, por melhor exemplo; igual à castração de  garrote quando começa a querer cobrir vaca, ou no canivete como se faz com os porcos, com direito a preenchimento do saco escrotal com sal grosso.

Chamar, porém, uma pessoa de estuprador, e achar que sempre é possível fugir da injúria ou difamação, porque os fins sempre justificam os meios, chega a ser tão deletério, que mais que um despautério, merece de Bolsonaro ou de qualquer um  sem ser centauro, uma resposta igual em pouco apuro.

Apuro mesmo afinal, seria repetir Vinicius de Morais; “Que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental”.

E aqui já merecia um ponto final, não fosse preciso esclarecer melhor sobre o estupro e aqueles que teimam em estuprar a língua portuguesa, em particular a brasileira, tida como túmulo do pensamento universal.

Para haver estupro é preciso confirmar a violência, seja com o dilaceramento do hímen, do anus, variadas mucosas genitais e até orais, evidenciando uma relação sexual obtida à força, sem consentimento do parceiro, mediante violência e desforço físico.

Não sendo assim não há estupro, nem estuprador.

Pelo que se sabe então, gostemos ou não, o Deputado Jair Bolsonaro com os seus quinhentos e tanto mil eleitores fluminenses, como homem em seus gostos ou maus gostos nunca foi nem será o estuprador conforme acusado.

O problema é que vivemos no império medíocre do politicamente correto.

Poucos aceitam o Deputado falastrão louvando o regime militar e colocando os pontos dos is nos fatos e feitos revolucionários.

A História porém, continua. Não há nada de novo debaixo do sol.

Saímos inclusive de uma eleição profundamente dividida, onde metade do eleitorado renovou o governo e a outra metade está ainda querendo derrubá-lo.

Um fato rotineiro, por terrível, afinal a nossa tradição é não aceitar o voto que não nos agrada, como aquele dado a tantos Felicianos e Bolsonaros.

E aqui é bom lembrar tantas e quantas eleições bem vencidas que não conseguiram empossar ou sustentar os eleitos. O país sempre recorrendo ao golpe de estado e a ditadura, tudo sem sangue, mas com muito aplauso, em bestificada ovação, embora se diga o contrário, e se fale bastante em muito choro e ranger de dentes nas comissões oficinais de inverdade.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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