Morreu quinta-feira, dia 29, em São Carlos (SP), o engenheiro e professor Fernando de Figueiredo Porto, nascido em Nossa Senhora das Dores, em 30 de maio de 1911. Ele vivia na cidade paulista em companhia da família do filho Rodrigo desde que perdeu, repentinamente, em Aracaju, o filho Roberto. Fernando Porto, como ficou conhecido em Sergipe, foi um dos mais importantes intérpretes da cidade de Aracaju. Sua definição, geografia, formação e história, e seus livros “A Cidade do Aracaju – 1855-1865”, publicado há exatos 60 anos, e “Alguns Nomes Antigos do Aracaju”, sua mais nova contribuição à cidade, são referências singulares na bibliografia de Sergipe. Filho de Irineu de Figueiredo Porto e de Laura de Figueiredo Porto, Fernando Porto fez seus estudos em Nossa Senhora das Dores e em Aracaju, profissionalizando-se em Ouro Preto, Minas Gerais, na célebre Escola de Engenharia. Foi intendente de Propriá, por algum tempo, antes de exercer suas atividades profissionais na Prefeitura de Aracaju, desde a gestão de Teófilo Dantas. Nas administrações do governador José Rollemberg Leite (1947-1951 e 1975-1979) foi levado a trabalhar no Estado, ocupando a Diretoria de Obras, no primeiro Governo, e a presidência da Energipe, no segundo Governo. José Rollemberg Leite, que também era professor de Matemática e de Física, foi colega de Fernando Porto na tradicional Escola de Engenharia de Minas. Com a criação das escolas superiores, no primeiro Governo José Rollemberg Leite, Fernando Porto integrou o corpo docente da Faculdade Católica de Filosofia, ensinando Geografia. Vêem daí as suas pesquisas e os seus importantes estudos sobre a cidade do Aracaju, cuja mudança lhe pareceu “uma vitória da Geografia”, em alusão a topografia da área conhecida como Olaria, no centro da região conhecida como Aracaju, e que tinha no encapelado do Santo Antonio seu principal núcleo populacional. Com a criação da Universidade Federal de Sergipe, em 1967, e a incorporação da FAFI, Fernando Porto passou a compor o quadro de professores da UFS, aposentando-se em 1980, depois de longa, lúcida e rica contribuição cultural. Ao lado de José Calasans e de Mário Cabral, Fernando Porto foi um dos organizadores da Revista de Aracaju, editada pela Prefeitura Municipal de Aracaju, a partir de 1945 (criada pelo Decreto-Lei 82, de 18 de agosto) e que, por alguns anos, foi a mais completa publicação sergipana ao lado da Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe. No início dos anos 1970, ao lado de Maria Thetis Nunes, José Silvério Leite Fontes, Emanuel Franco e de outros intelectuais, Fernando Porto passou a compor a Diretoria do IHGS, no esforço de salvaguardar a memória recolhida aquela que já foi conhecida como “Casa de Sergipe”, fundada em 1912 por Florentino Menezes e outros agitadores culturais sergipanos. A Revista de Aracaju, que perdeu periodicidade anual, é uma das mais preciosas fontes documentais e críticas da capital e do Estado de Sergipe. Com Fernando Barreto Nunes gostava da Lanchonete Luzitânia, do português Abel Gonçalves, na rua de Laranjeiras. Foi a morte do filho Roberto, repentinamente, o mais duro golpe, pois era com o filho que ele morava, em Aracaju. O outro filho, Rodrigo, veio buscá-lo para o convívio da família no interior de São Paulo. Os contatos com Aracaju passaram, então, a ser apenas telefônicos, recebendo o carinho dos amigos e admiradores, como ocorreu no dia 30 de maio, data do seu aniversário. Humanista, homem de cultura científica, Fernando Porto preencheu uma notável carreira de engenheiro, de professor e de intelectual, honrando a tradição de inteligência e de cultura de Sergipe e dos sergipanos. Permitida a reprodução desde que citada a fonte “Pesquise – Pesquisa de Sergipe / InfoNet”. Contatos, dúvidas ou sugestões de temas: institutotobiasbarreto@infonet.com.br.
Discreto, amável, crítico, muitas vezes irônico, Fernando Porto casou-se com a professora Núbia Porto, do Jardim de Infância Augusto Maynard, com quem manteve uma longa união. Sua casa da rua de Santa Luzia era freqüentada por seus amigos e admiradores. A morte da mulher causou profunda consternação e tristeza, reduzindo sua presença, sempre ao lado de amigos, em compromissos social. Foi, durante muitos anos, ao lado de Jaime Araújo, Geraldo Sobral, Fernando Barreto Nunes, os irmãos Pacheco, Antonio Góes, João Augusto Gama da Silva e outros, um habituê do Cacique Chá, nas manhãs de sábado.
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