Flamengo campeão, após dezessete anos de jejum.

Não perco tempo com futebol. Tem muita gente para isso. Não faço falta. Prefiro pensar em outra coisa, outros assuntos. Mas, futebol é uma mania nacional.

 

No último fim de semana, por exemplo, nada existia de mais importante que saciasse a fome nacional. O campeonato brasileiro chegava ao fim de forma inusitada, emocionante até. O Flamengo iniciara o jogo contra o Grêmio de Porto Alegre como campeão. Depois tomou um gol e perdeu o título. O campeão podia ser o Internacional, também de Rio Grande, o São Paulo, mais uma vez, para variar, e finalmente aconteceu o que todo o Maracanã queria; Flamengo campeão, após dezessete anos de jejum.

 

Leio na internet que a crítica esportiva elegendo os melhores assim classificou;

       

        Flamengo: Petkovic, Adriano e o técnico Andrade;

        São Paulo: André Dias, Miranda e Hernane;

        Atlético Mineiro: Diego Tardelli (o melhor atleta);

        Barueri: Fernandinho;

        Cruzeiro: Jonathan;

        Fluminense: Conca (o craque da galera);

        Goiás: Julio César;

        Grêmio RS: o goleiro Victor.

 

Para mim que não sou entendido, o atleta que melhor traduziu este campeonato foi o sérvio Petkovic, mas,… poderia o Brasil conceder o título de melhor atleta a um gringo? Não seria isso um excesso de humildade em heresia?

 

Mas, sem discutir crenças ufanistas ou ardores que tais futebolistas, acho o campeonato por pontos corridos uma concorrência ampla e sem manipulações, em busca do melhor.

 

Creio ser esta a melhor maneira de aferir quem é quem em termos de qualidade. E é emocionante, sobretudo como aconteceu neste último campeonato com três times ou quatro se revezando na liderança, só decidida no jogo final, evidenciando inclusive um equilíbrio de forças dos plantéis; uma circunstância real, da atual conjuntura nacional.

 

Uma constatação também do reerguimento do Flamengo, único time carioca a se manter entre os grandes. Porque os demais times do Rio continuaram exibindo a sua decadência como cidade e estado refém da insegurança e da violência: o Fluminense e o meu Botafogo se arrastando na rabada da quase desclassificação, e o Vasco, campeão da série B, o que é quase nada, ou coisa pouca, sem falar que sempre pode ser pior, caso do meu Sergipe, perdendo na série D, o que repetiria na E, e na seqüência daí a Z, como um zero à esquerda, perdendo para Canindé, Cristinápolis e até o Porto dos Bois se for o caso; uma questão menos de acaso do que de ocaso; e de descaso, em fraqueza de perna e orientação.

 

Mas, se o futebol sergipano não exibe maior glória, e o do Rio não o é mais tão maior como outrora, excluindo o Flamengo, como exceção e surpresa, destaque continua a ter o futebol paulistano com o São Paulo, sobretudo, sempre na frente, com cadeira cativa e continuamente esperada.

 

E o Palmeiras logo junto, e até o Corinthians mais em baixo, todos podendo se redimir e sobressair na Taça Libertadores da América ou na Copa Sul Americana.

 

Por outro lado, se temos algo a destacar, leia-se a participação do Avaí, um time de um estado pequeno, azul e branco, como seria a Associação Desportiva Confiança em Santa Catarina.

 

O mesmo pode-se dizer do verdão de Goiás, e até o Grêmio de Barueri, um clube fundado em 1989, que usa as cores vermelha, amarela, azul e branca no escudo.

 

Barueri que é fruto de um aldeamento fundado em 11 de novembro de 1560 pelo padre José de Anchieta e está situada à margem direita do rio Tietê, pouco acima da confluência com o Rio Barueri Mirim, jamais seria lembrada, nacionalmente, não fosse agora à pujança de seu time no último campeonato brasileiro de futebol.

 

Cidade que tem uma flor vermelha como símbolo. “Uma flor vermelha que encanta”; é o que diz o site oficial, agora muito visitado devido ao sucesso do time, mistura de força de vontade e valentia, uma espécie de Davi contra Golias.

 

Porque a cidade de Barueri com seus 224 mil habitantes ali fixados está tão próxima de São Paulo, cerca de 26 km da Praça da Sé, que com ela se confunde e é abraçada com seus pólos empresariais e residenciais de Alphaville, Tamboré, Jardim Califórnia e Votupóca. E agora com o time do Grêmio de Barueri derrubando muito clube grande.

 

Mas, a razão do meu texto é homenagear alguns flamenguistas no meu entorno.

 

Como já falei em outros escritos, sou uma estrela solitária cercado de flamenguistas por todos os lados, começando por minha mulher Tereza Cristina, meus filhos Daniela, Machado e Junior.

 

E nessa aridez descriativa que deprecia outros coloridos, estão também o meu genro Mário Henrique que torce também pelo Ceará e as minhas noras Aline e Maíra, que torcem moderadamente, mas são também flamenguistas.

 

E a coisa ficaria por aí se já não houvesse o meu neto Pedro Henrique, que aos dois anos já canta o hino do urubú; um prenúncio de momentos doídos em tristezas futuras, com alegrias de cometas, como agora, espaçadas de dezessete em dezessete anos.

 

Mas se há muitos flamenguistas, poucos o são como Machado e Junior: Contra o meu parecer, receio de pai amoroso e agasalhador, os dois irmãos tomaram um avião, compraram o ingresso a preço de escambo e foram ao Maracanã assistir o jogo.

Estado do Maracanã em foto da internet com ampliaçõe sucessivas.

 

 

Depois, com muita chuva e atrasos de vôo chegaram radiantes trazendo consigo a emoção sentida nas oscilações estruturais das arquibancadas lotadas do estado Mário Filho.

 

 

Pela internet, localizei uma foto da arquibancada do Maracanã. Em notável nitidez, uma maravilha da tecnologia, a foto pode ser ampliada de modo a identificar qualquer torcedor. Ali só aparece Machado.

 

Machado com seu rádio, a camisa rubro-negra e Junior está ao lado abaixado e não aparece na foto.

 

Quanto a Junior, o que mais lutou pela viagem e providenciou tudo, abaixou-se na hora do instantâneo e ali não aparece.

 

Mas os dois irmãos lá estavam, e isto é uma emoção que jamais esquecerão.

 

E quanto a mim, tentando me redimir de meus receios, alegro-me como o sorriso de meus flamenguistas queridos que estão juntos a mim, como deve ser.

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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