Floro na TV

Desde o final da semana passada que a TV Sergipe tem em mãos a gravação da entrevista feita com o fugitivo Floro Calheiros. O Departamento de Jornalismo ainda analisa a melhor forma de jogar isso para o ar. Ontem, em uma reunião de redação, se aventou editar a matéria no “Bom Dia Sergipe”, mas até às 18 horas, nada fora decidido. Será uma repetição do que Floro disse no jornal “A Semana”, há 15 dias atrás. Estranhamente, a jornalista responsável pelo furo foi demitida, quando deveria ser promovida, embora já exercesse o cargo de editora. Kátia Paim hoje vive com medo. Tem os telefones grampeados e teme uma ação daqueles que foram citados pelo foragido. Numa cidade do tamanho de Aracaju, onde todo mundo é autoridade, ter a coragem de ousar, numa reportagem polêmica, sofre todo tipo de perseguições, ameaças e violência psicológica, simplesmente porque um preso resolver abrir a boca e fazer denuncias, que podem ser verdadeiras ou não. A verdade é que há expectativa da publicação da entrevista de Floro na TV Sergipe, o que, naturalmente, dará outra repercussão e pode até chegar ao Jornal Nacional. Fazer jornalismo em uma cidade que todos se conhecem, é excessivamente complicado, porque tem que se respeitar cargos e tradição familiar, mesmo que estejam envolvidos em prática de delitos. Os poderes se unem contra quem denunciou, mesmo que tudo seja verdade. O secretário de Segurança, Luiz Mendonça, que ainda tem de reserva a autoridade de procurador de Justiça, tem que entender que os jornalistas cumprem o seu papel de informar à sociedade o mínimo que está acontecendo. A imprensa não existe para esconder, mas para divulgar. Nenhum jornal acusou segmentos da Polícia de nada. Quem o fez foi o próprio foragido, que até pode não ser levado em consideração, e segmentos importantes da própria Polícia, como uma delegada de carreira, nomeada para a I Delegacia de Polícia Metropolitana, a quem o próprio secretário confiou a hospedagem de Floro Calheiros. O papel do repórter não é de juiz, nem advogado de defesa de quem acusa ou de quem é acusado. O dever da imprensa é divulgar o que consegue, principalmente quando se trata de uma exclusividade. Se as acusações são verídicas ou não, cabe a Polícia investigar e chegar a uma conclusão imparcial: “doa a quem doer”, como recomendou o governador João Alves Filho ao secretário interino João Eloy, no momento que recebeu o depoimento da delegada Meire Belfort, concedido à Polícia Federal. Plenário, por exemplo, tem procurado divulgar todos os lados dessa polêmica fuga de Floro Calheiros e mantém o respeito à autoridade de Luiz Mendonça. Mas também não se conforma em assistir as medidas anteciparem aos fatos. E se sente no direito de se indignar, assim como estão alguns policiais, segmentos da sociedade e parte da representação política do Estado. Luiz Mendonça e Meire Belfort são inocentes até que se prove o contrário, mas nem por isso poderiam ocupar cargos na Segurança, enquanto perdurar o inquérito. Não é uma questão de Justiça, mas de suspeição, que não pode pairar sobre qualquer cidadão do aparelho policial. Lógico que o retorno de Luiz Mendonça à Secretaria de Segurança foi uma questão de honra. Mas será que a volta de Meire Belfort à Delegacia também será uma questão de honra? Por que não seria? Como a Secretaria de Segurança é subdividida, certamente há uma disputa intestina para que a delegada tenha o mesmo direito de responder a inquérito exercendo a sua função. Afinal, ela só hospedou Floro Calheiros em sua Delegacia por determinação do chefe Luiz Mendonça. É realmente uma grande confusão e o bom é não ousar a tomar deduções precipitadas, até que a Polícia chegue a uma conclusão final. A TV-Sergipe está no dilema da publicação, mas pagou um bom preço pela fita, o que é absolutamente. O certo é apurar tudo com isenção, para que nenhum dos cidadãos que paga impostos para ter segurança firme e honesta, se decepcione com quem cuida disso. Plenário torce para que Luiz Mendonça seja vítima de uma ação torpe, arquitetada para enlamear a Segurança, o Governo e a própria Procuradoria de Justiça do Estado. Mas deseja, de todas as formas, que essa história seja passada a limpo, devidamente apurada. Que os culpados – doa a quem doer – sejam trancafiados na penitenciária. Em se tratando de dignidade e honestidade, não pode haver uma única nesga de suspeita e dúvida… PRESSÃO Dois prefeitos denunciaram, ontem, que o Tribunal de Contas não julgou contas de sua primeira administração, há 10 anos atrás. Imploraram para não dizer os nomes. Ambos já retornaram às Prefeituras e as contas passadas continuam lá, engavetadas. ENCONTRO Um desses prefeitos está pensando, seriamente, em denunciar isso na próxima reunião da associação de colegas da sua região, porque não pode cumprir com alguns acertos. Disse que vai pedir para fazer valer lei de autoria do então deputado Eduardo Marques, que obriga o Tribunal de Contas julgar todas as contas em 180 dias. DEPOIMENTO O depoimento, ontem, do coordenador de Delegacias do Interior, Ewerton dos Santos, na Comissão de Ética, desmontou todo o argumento do deputado João da Graça. Ewerton mostrou que a bala que atingiu Ezequiel, não foi disparada pela arma do deputado, porque ele estava com uma pistola e o tiro que feriu a vítima era de revolver calibre 38. VINGANÇA O delegado disse que João da Graça incorreu na tentativa de homicídio, porque a intenção era matar o seu adversário. Revelou um fato que a Comissão não sabia: Um irmão de Ezequiel agrediu um tio do deputado João da Graça e a tentativa teria ocorrido por vingança. ESQUENTOU O clima esquentou entre Venâncio Fonseca (PP) e Belivaldo Chagas. Venâncio achava que o depoimento de uma criança de 6 anos não poderia constar do inquérito. Belivaldo considerou o trabalho do delegado excelente e reconheceu que a palavra de uma criança tinha validade. DIFERENÇA Um dos parlamentares da Comissão de Ética disse que, depois do depoimento de Ewerton, sentiu uma mudança na opinião dos seus colegas. O secretário Luiz Mendonça foi dispensado de depor, por sugestão de Belivaldo, porque o delegado Ewerton Santos já havia esclarecido tudo. DEFUNTO O advogado José Cláudio, que defende o ex-deputado Antônio Francisco e do filho, disse ontem que os policiais estão correndo o risco de trazer o seu cliente morto. “Ele não vai suportar essa diligência cinematográfica que a polícia está fazendo”, disse. José Cláudio admite que a polícia não vai precisar de algemas, “pode levar o caixão para trazer Antônio Francisco nele”. PRÉ-INFARTOS O advogado disse que Antônio Francisco já teve três pré-infartos durante este período, além de ser um homem altamente diabético: “não suportará essa ação policial”. No pedido de hábeas corpus está anexado um atestado do médico do Ministério da Fazenda, de onde Antônio Francisco é aposentando, relatando seu estado de saúde. DIFICULDADE O secretário da Fazenda, Max Andrade, disse ontem que estava preocupado com a situação financeira do Estado, pelas quedas do Fundo de Participação Estadual (FPE). Segundo Max, a previsão do FPE para agosto apresenta uma queda de 20 milhões de reais em comparação com o mesmo período do ano passado. ORIENTAÇÃO O PMDB já decidiu que vai lançar candidatos em todo o Estado, mas tudo sob orientação do governador João Alves Filho. Quem por acaso não integrar o grupo de João Alves, terá de assumir o compromisso de adesão, caso seja eleito. MEIRE A delegada Meire Belfort, da I Delegacia Metropolitana de Aracaju, avisou a amigos que vai retornar à sua função, dentro de mais alguns dias, quando acaba seu período de férias. Caso esse retorno aconteça, será mais um equívoco da Segurança, que deveria afasta-la até a conclusão final do inquérito. Ninguém que esteja no processo deveria estar no cargo. DISPENSA O juiz Ruy Pinheiro alegou suspeição, por questão de fórum íntimo, para decidir a competência da Polícia Civil em fazer o inquérito sobre a fuga de Floro Calheiros. A decisão será de responsabilidade do juiz Anselmo Oliveira, da terceira vara criminal. A informação é que ele já ofereceu parecer. CONFLITO Até às 20h30 de ontem, não havia informação da decisão de Anselmo Oliveira em relação a competência ou incompetência da Polícia Civil para prosseguir com o inquérito. Se Anselmo decidir por competência da Civil acontecerá o conflito positivo, que levará o caso para decisão final pelo STJ, o que pode durar alguns anos. Notas SAFRA O deputado federal Heleno Silva (PL) fez pronunciamento, ontem, da tribuna da Câmara, e denunciou que a região do semi-árido sergipano perdeu 95% das safras de milho e feijão: “essas culturas correspondem à sobrevivência do povo da região, que tem pressa em receber ajuda agora, porque não adianta vir em dezembro”. Heleno sugeriu maior atuação do Governo Federal, juntamente com o Estadual, para solucionar esse tipo de problema que maltrata o homem do campo. E apelou: o Ministério da Integração Nacional tem que atuar em Sergipe”. FOME-ZERO O deputado Heleno Silva chamou a atenção do Ministério da Segurança Alimentar para que, por meio do programa Fome-Zero, venha disponibilizar maior número de vagas para aqueles que mais necessitam no semi-árido sergipano. O agricultor não tem mais para quem apelas e a situação é cada vez mais difícil. Heleno pediu que fossem pagas as bolsas que, “mesmo o valor sendo pequeno (50 reais), ajudam. Denunciou que, “já estamos no mês de agosto e sequer foi pago algum mês do Fome Zero, do Cartão Alimentação em Sergipe”. ALERTA O ministro do Supremo Tribunal Federal, Carlos Ayres Britto, disse ontem que o episódio ocorrido, segunda-feira, em que foi jogada uma galinha na prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), é um alerta aos políticos da insatisfação popular. Acha que está na hora de se rever novos comportamentos perante a população. Carlos Brito disse, também, que não apóia a ação do Movimento dos Sem Terras quando promove invasões, inclusive em terra produtivas. O ministro, entretanto, reconhece que se não fosse o MST a reforma agrária não sairia neste país. É fogo A senadora Maria do Carmo Alves (PFL) está deixando tudo em ordem na Secretaria de Combate à Pobreza para deixa-la dia 25 próximo. Maria do Carmo vai retornar ao Senado onde permanecerá até o recesso de final de ano. Vai atuar nas emendas orçamentárias. A Polícia teve um novo dia agitado, ontem, para tentar prender o ex-deputado Antônio Francisco, que se encontra nas proximidades. A prisão do deputado Antônio Francisco se tornou prioridade, para valorizar o retorno de Luiz Mendonça à Secretaria da Segurança. A maioria dos deputados federais votou na taxação dos inativos, mesmo que isso tenha repercussão futuramente. Taciana Portela, do Ministério da Cultura, disse que não entende porque os órgãos estaduais deixam acumular recursos do BNDES para a Cultura. Atualmente o BNDES tem um acúmulo de 3 bilhões de reais para aplicar na cultura. Está na hora do secretário José Carlos Teixeira, da Cultura, buscar parte desse dinheiro para Sergipe. Os prefeitos continuam em dificuldades, principalmente para pagamento da folha, com o atraso do FPM. O ex-prefeito de Lagarto, Jerônimo Reis (PTB) ainda está conversando sobre a sucessão municipal. Pode ser o vice de Zezé Rocha. O PPS está mais unido e trabalha, na capital e interior, para fortalecimento da legenda, com novas filiações. Onze pessoas simples, que desciam de um elevador no “Maria Feliciana”, falavam muito mal do presidente Lula da Silva. Um deles queria apostar como Lula “vai cair já, já”. E outro decidiu que a partir de agora só vota em mulher para presidente: “até hoje nenhum homem deu certo”. Toda segunda feira é dia de reflexão na Assembléia, quando o deputado Antônio dos Santos (PDT) cita salmos e pede que Deus entre no coração dos homens, para acabar a violência. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br

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