Estamos às portas de agosto. A, praticamente, dois meses das eleições municipais. Sem medo de errar, este é o período eleitoral mais fraco da história política sergipana. Não há indícios de campanha e quem pensava que faturaria os tubos com essa disputa eleitoral, pelo menos quem se equipou para isso, está com as mãos na cabeça. A perspectiva é muito pequena de trabalho de marketing porque os recursos são escassos e os candidatos estão usando o pouco que têm para mobilizar o eleitorado. Aliás, o eleitor profissional, que pensou em faturar uma boa grana este ano, pode procurar outro meio de ganhar dinheiro fácil, porque dessa vez está difícil. Já não se pode dizer que a frieza é de julho. A eleição é que está uma nevasca… Mas uma bem sucedida liderança do interior disse que tinha certeza que a partir de agosto a coisa ia esquentar e os candidatos sairiam às ruas para movimentar suas campanhas. O grande problema é a falta de dinheiro e o controle que se impôs para que verbas públicas não fossem transferidas para reeleger ninguém, no caso dos candidatos que já são prefeitos. Também há fiscalização para que não se utilizem recursos que devem ser aplicados em obras públicas, na campanha de candidatos que sejam de oposição ao prefeito. O fato é que ainda não existem excessos praticados, o que não se pode garantir que isso não acontecerá quando houver uma definição das polarizações. Essa eleição está sendo um tanto quanto atípica. O interior do Estado está um salve-se quem puder, com ausência absoluta de lideranças importantes para dar apoio a candidatos da situação e de oposição. Se o bloco oposicionista uniu-se na capital e demonstra força em favor da reeleição do prefeito Marcelo Déda, nos demais municípios há uma espécie de salada partidária, sem qualquer preconceito ideológico. Só para dar um exemplo, em Canindé do São Francisco, uma das cidades economicamente importante de Sergipe, PFL e PT estão no mesmo palanque, ao lado de PDT, PTB e PL, sem nenhum problema. Em Nossa Senhora do Socorro, que tem importância eleitoral grande, Marcelo Déda e Valadares são adversários. Quer dizer, uma ponte depois e já se quebra um grupo coeso que atua na capital. É exatamente nessa diferença entre a unidade da capital e a diversidade do interior, que se verifica a vulnerabilidade das ideologias e o desleixo pelas siglas partidárias. Como Aracaju é o centro das atenções, a rigidez de princípios que se aplica aqui, não vale para os 73 municípios restantes, que são uma representação maior do Estado. E é exatamente essa variação de coligações, que se cria uma concepção diferente para as eleições estaduais de 2006, onde os eleitos e os derrotados não terão compromissos com os seus partidos, mas com o estilo que utilizou para conseguir uma vaga nas Câmaras Municipais. Todos podem ter certeza que as lideranças estaduais, depois das próximas eleições, não serão as mesmas, porque cessam os compromissos com o abandono do pleito no interior. Logo depois das eleições estaduais, quando pela primeira vez a oposição se fortaleceu com o apoio ao então senador José Eduardo Dutra (PT), que chegou ao segundo turno e deu trabalho para ser vencido, as lideranças mais expressivas do bloco se reuniram e selaram um acordo em que, nas cidades do interior, o nome de um membro dos partidos que integrava a oposição, que estivesse em melhor posição nas pesquisas, seria o candidato a prefeito, com o apoio das outras legendas. Conversa para boi dormir. Esse entendimento quase que naufraga até em Aracaju, com as dificuldades encontradas para as coligações proporcionais. Isso sinaliza que as oposições podem estar fortes na capital, mas se fragilizaram no interior, onde o Governo sempre teve maior influência. Os governadores de Estado, inclusive, sabem que não é difícil trazer para o seu lado, os prefeitos de partidos de oposição que foram eleitos no sertão, no agreste ou no baixo São Francisco. Um exemplo é o ex-governador Albano Franco, que trouxe para o seu bloco oposicionistas de peso como Renato Brandão, que trocou o PT pelo PPS, e frei Enoque, que fez a mesma coisa. As eleições de 2006 podem preservar essa tradição, já que o hábito da oposição se unir para valer, tradicionalmente só acontece na Capital, que, historicamente, jamais ganhou para a força que desce do interior. UNIÃO O deputado Venâncio Fonseca (PP) quer que haja uma união de forças em defesa de Sergipe. Convoca o presidente da Petrobrás, José Eduardo, para integrar esta corrente. A convocação tem um sentido: José Eduardo e João Alves trocaram farpas recentemente e agora Venâncio, que é líder do Governo, vem com tom conciliador. GUALBERTO O deputado estadual Francisco Gualberto (PT) quer uma mobilização nacional em favor da manutenção do monopólio do petróleo em poder da Petrobrás. Gualberto não admite que a prospecção de petróleo seja entregue para empresas multinacionais. Revive-se a campanha de “O Petróleo é Nosso”. DESAGRAVO O presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra (PT) será recebido na sexta-feira, por lideranças da oposição, como desagravo aos últimos episódios com o governador. José Eduardo pode ser surpreendido, também, com uma manifestação política contra a transferência de controles de reservas nacionais. MARÍLIA A vice-governadora Marília Mandarino (PPS) acionou o setor jurídico contra o deputado Gilmar Carvalho, para que ele prove que ela recebeu oito jetões de reuniões do Conselho Deliberativo do Ipes. Marília diz que houve três reuniões, das quais só participou de duas, porque na terceira estava com problema de saúde. Tem provas que só recebeu das que participou. ALBANO O ex-governador Albano Franco (PSDB) está se mobilizando muito pouco em termos políticos, embora esteja dando força a alguns candidatos a prefeito. Em Itabaiana, por exemplo, Albano está apoiando Maria Mendonça e no caso das coligações proporcionais de Aracaju, ele também fez a sua parte. TENDÊNCIA O que está pegando, dentro dos Tucanos, para mudanças em Sergipe, é que o Diretório Nacional não está aprovando o PSDB ajudando o PT no Estado. Em razão disso é possível que haja uma interferência no Diretório Regional, e o PSDB pode ficar sob o comando do senador José Almeida Lima (PDT). CONVERSA O senador José Almeida Lima conversou com o presidente regional do PSDB, deputado Bosco Costa duas vezes. Quis saber a situação do partido no Estado. Almeida também perguntou se o deputado Bosco Costa tinha pretensão de disputar um mandato majoritário em 2006: “respondi-lhe que não”, disse Bosco. CONCLUSÃO O deputado federal Bosco Costa deduziu, pelas conversas com o senador José Almeida Lima, que ele pretende ser candidato a governador em 2006, pelo PSDB. Os dois ficaram de ter uma nova conversa na próxima semana e Almeida lhe comunicou que teria reuniões em Brasília. EMSETUR Segundo informações de um técnico do Governo, a Emsetur não será extinta, mas transformada em Superintendência. Continuará com os mesmos poderes e atribuições, apenas deixará de ser uma empresa pública. Os servidores não serão afetados. MACHADO O deputado federal José Carlos Machado (PFL) disse que não compareceu à passeata realizada pela candidata Susana Azevedo (PPS) porque não foi convidado. Machado acha que os partidos que a apóiam têm que participar da campanha e cair em campo para ganhar as eleições. DIÁRIAS Segundo uma fonte do Governo, haverá um controle mais rígido sobre as diárias pagas a funcionários, comissionados e secretários. Quem viajar por conta do Estado tem que retornar com o ticket da passagem aérea e a nota do hotel em que ficou hospedado. Tudo será comprovado. EXCESSO Tem gente viajando em excesso para outros Estados, com diárias duplicadas, que engrossam os salários no final do mês. O objetivo do Governo é economizar, acabando também com certos privilégios. Viajar agora só por necessidade extrema. INAUGURAÇÃO A candidata à prefeita Susana Azevedo (PPS) vai inaugurar o seu comitê nesta próxima sexta-feira, depois de uma carreata pelos bairros da cidade. Susana ainda está preparando o seu material de campanha, que deve estar pronto até amanhã, para distribuição com os eleitores que estarão na carreata. CURSO O presidente da Associação dos Empresários da Pequena e Média Empresa do Brasil, Antonio Carlos Ramos, ministrará curso “Como organizar e dirigir uma empresa”. O objetivo é transformar executivos em estrategistas e empreendedores de sucesso. Será no Centro de Convenções, de 03 a 05 de agosto. DEBATE A TV Sergipe fará um debate com os candidatos a prefeito de Aracaju, no dia 30 de setembro, depois do programa “Grande Família”. Se houver segundo turno, outro debate está previsto para o dia 29 de outubro, uma sexta-feira, depois do “Globo Repórter”. Notas TÁCITO O secretário da Indústria e Comércio, Tácito Faro, explicou aos servidores vinculados à sua pasta que a Codise será incorporada à sua pasta, que englobará Ciência e Tecnologia. Ficará em uma área mais abrangente, passado a ser denominada de Secretaria de Estado da Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia. Tácito tranqüilizou o pessoal ao dizer que ninguém será demitido e explicou que as mudanças servirão para dar maior mobilidade ao Estado, diante da realidade tributária implantada pelo Governo Federal. INADIÁVEL O secretário da Administração, deputado Mendonça Prado (PFL) declarou que a reforma era inadiável: “a partir dela haverá uma economia, no primeiro ano de R$ 48 milhões e daí por diante de R$ 36 milhões anuais. Acha que com isso o Estado poderá direcionar recursos para obras estruturais”. As explicações que estão sendo dadas pelos secretários são por orientação do Governo, para tranqüilizar os servidores e, ao mesmo tempo, mostrar que o Estado terá condições de realizar mais obras com recursos próprios. ASSEMBLÉIA Na Assembléia Legislativa continuam as sessões plenárias e, segundo o líder do Governo Venâncio Fonseca, até sexta-feira deve terminar todo o período de convocação porque já será posta em votação a Emenda Constitucional que dará poderes ao governador de fazer mudanças no organograma do Estado. Só depois da votação da emenda é que chegarão na Assembléia Legislativa os projetos que alteram o funcionamento do Estado, com a extinção de empresas públicas e a transformação em autarquias ou superintendência. É fogo O candidato a prefeito José Renato (PPR) está visitando bairros e conversando com lideranças políticas, em busca de apoio para a campanha. O professor Adelmo Macedo também tem conversado com os aposentados, mostrando a importância de uma representação política. Os candidatos a vereador já estão começando a contratar pessoas para trabalhar como boca de urna no dia das eleições. A Justiça Eleitoral vai ficar atenta à ação dos bocas de urna e vai reprimir quem ultrapassar os limites estabelecidos. A candidata à prefeita Susana Azevedo já tem algum material de campanha, mas o grosso ainda está na gráfica. Em Canindé do São Francisco, vive-se o período de recursos no Tribunal Regional Eleitoral. Por enquanto lá só está valendo a candidatura de João Barbosa de Deus (PHS). O prefeito Marcelo Déda vai a Boquim dar uma força na candidatura do irmão do ex-deputado Joaldo Barbosa, à Prefeitura daquela cidade. Francisco Gualberto está disposto a subscrever qualquer requerimento em favor da manutenção do monopólio do petróleo da Petrobrás. Em São Cristóvão tem candidato a vereador que está desistindo porque o número de mandatos caiu de 17 para nove. Aliás, essa mesma desistência está acontecendo em várias cidades do interior, porque ficou difícil eleição nas cidades de médio porte. O deputado Mardoqueu Bodano (PL), que é pastor, diz que está orando para que diminua a violência em Sergipe. Valmir Monteiro (PFL) fez o lançamento de sua campanha à Prefeitura de Lagarta neste último final de semana. Diz que está animado. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br