FÓRUM ECONÔMICO MUNDIAL X ARACAJU: Algo em comum?

“Criatividade Imperativa”, este foi o tema discutido na 36a. Reunião Anual do Fórum Econômico Mundial realizado de 25 a 29/01/2006 em Davos, Suíça. Segundo os líderes mundiais presentes é impossível se resolver os problemas econômicos da atualidade se os líderes não começarem a usar a criatividade para encontrar soluções viáveis para esses problemas.[1]


 

O meu primeiro contato “oficial” com a criatividade foi quando recebi um prospecto sobre um curso que chegou às minhas mãos em 1995; além de parecer ser de uma instituição séria e organizada, o seu conteúdo programático apresentava uma série de vantagens atitudinais que eu – naquela ocasião – sabia muito bem que não as possuía. Embora do ponto de vista técnico fosse extremamente bem preparado pela minha empresa, sabia e sentia que alguns processos comportamentais meus precisavam ser trabalhados e desenvolvidos.

 

Todavia, naquela época os programas comportamentais das empresas – a meu ver – eram além de muito agressivos e expositores, não traziam, comprovadamente, resultados expressivos para as organizações e, como vim constatar anos depois, deixavam muitas seqüelas, assuntos pendentes e mal resolvidos.

 

Com aquele interessante material à mão, fui em busca do meu gerente que leu com cuidado o folder, disse uma piada e afirmou que se eu queria fazer aquele curso e que se achava importante para a companhia ele estaria aprovando.

 

Era dezembro de 1995, fui fazer o referido curso e para a minha surpresa os quase 50 participantes eram todos altos executivos de organizações públicas, privadas e de estatais. Foi uma semana intensa de trabalhos, desafios e surpresas e, durante todo esse tempo, me sentia desafiado, testado a cada cinco minutos de programa e, parecia que um indivíduo completamente diferente começava a sair de dentro de mim.

 

No dia em que sai do programa não conseguia dormir à noite, pois havia tanta coisa para escrever que a minha mão não parava de anotar e, ainda em São Paulo, escrevi o esboço de um programa que alguns meses depois se tornaria no “Projeto Criatividade não é dom!”[1]. Programa esse que considero a obra da minha vida, pelas dificuldades que tive que passar para torná-lo realidade, pelos amigos que conquistei, pelas situações em que vivi, pelas oportunidades de crescer como ser humano e como cidadão e, principalmente pelos constatados resultados pessoais dos participantes e organizacionais obtidos com esse trabalho. E, o mais importante, pela possibilidade de aprender a “entrar no personagem do outro” e ver as situações com os seus próprios olhos.

 

Foi motivado por esse programa que fui fazer a formação em facilitadores em processo criativo no Brasil (Ilace[2]) e nos Estados Unidos (CEF[3]). Através desses programas aprendi o significado e diferenças entre conteúdo (o problema que está sendo tratado) e processo (a metodologia que está sendo utilizada para resolver o problema), e que um bom facilitador faz com que o seu cliente enxergue a solução e, evidentemente, nunca encontra a solução para ele. Em outras palavras, enquanto facilitador, ele é um ser invisível.

 

Assim as coisas foram acontecendo e com o desenvolvimento do projeto “Criatividade não é dom!”, percebemos e quanto a criatividade é importante e transformadora para a vida das pessoas e das suas empresas. Hoje tenho uma vida profissional que há momentos em que sou executivo de uma instituição sem fins lucrativos (FBC[4]) e em outros momentos atuo como consultor para empresas que possuem convênio com a FBC, é ai que percebo nitidamente o quanto o Nordeste precisa utilizar a criatividade para sair do pensamento lógico, das soluções lógicas e desse caminho conhecido que tem trilhado há séculos.


[1] Prêmio Ser Humano Oswaldo Checchia – 1998, pela Associação Brasileira de Recursos Humanos, São Paulo, SP.

[2] Ilace – Instituto Latino Americano de Criatividade e Estratégia, São Paulo, SP.

[3] CEF – Creative Education Foundation – USA

[4] FBC – Fundação Brasil Criativo, Aracaju, SE.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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