O registro dos gastos de campanha apresentados pelos candidatos a presidente da República não pareceu correto. Causou indignação de segmentos que continuam na luta por transparência nas coisas públicas. Até mesmo em atos que sempre foram considerados espúrio, que é o processo eleitoral brasileiro. A soma dos recursos que os sete candidatos anunciam para gastos de campanha chega a R$ 279 milhões em apenas três meses. É uma vergonha. Com todo o esforço para tornar igualitária a disputa eleitoral, em alguns casos esses valores chegam a quase o dobro dos números previstos para as campanhas de 2002, onde valia desde o “boca-de-urna” até os milionários “showmícios”.
Não precisa quebrar a cabeça com contas, para concluir que “a previsão para essa eleição é quase o dobro da que fora feita para a eleição presidencial de 2002, quando se registrou o maior volume de gastança”, como disse o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Geraldo Grossi, adiantando que “o projeto apresentado ao Senado (da minirreforma eleitoral) teve como finalidade, pelo menos anunciada como tal, de barateamento das campanhas eleitorais”. Mas não será assim, porque os candidatos, pelo menos os dois que polarizam a disputa, vão usar de métodos que sempre utilizaram em campanhas anteriores, utilizando milhares de reais na compra de apoios, em projetos de marketing, na locação de aviões, enfim, em tudo que fez o Brasil ser aprovado com distinção em corrupção. É assim que se faz um país que não prende e nem cassa mensalistas, criminosos de colarinho branco e chantagistas de uma classe sofrida que se contenta com as migalhas de uma Bolsa Família.
O presidente em exercício do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ercílio Bezerra, disse ter estranhado a diferença de gastos previstos pelos candidatos à Presidência nas eleições de 2002 e na atual. Ercílio ressaltou que a expectativa para essas eleições era de que as campanhas fossem ser bem mais enxutas devido às recentes restrições impostas pela minireforma eleitoral, como a proibição de showmícios.
Na avaliação do presidente da OAB, ou os valores informados no passado estão errados, o que caracterizaria o uso de recursos não contabilizados à Justiça Eleitoral, ou os declarados agora são mais altos “exatamente para encobrir e tornar oficiais as diferenças gastas no passado por meio de caixa dois”.
Talvez o advogado Ercílio Bezerra tenha matado a charada. O dinheiro declarado agora é exatamente o que os candidatos escondiam. Imagina se o TSE não acatasse a minireforma aprovada pelo Senado Federal. Ercílio pergunta ainda: “Como é que se pode conceber que, agora, esse teto para os gastos sofra essa majoração extraordinária em um período tão exíguo? Está claro que há algo de errado. Com isso, implicitamente, os grandes partidos praticamente reconhecem o tamanho do caixa dois usado na campanha passada”, disse, referindo-se ao PT de Lula e ao PSDB de Geraldo Alckmin.
A demonstração dos gastos de campanha pode até se verificar em Sergipe. É possível que alguns candidatos proporcionais desistam da candidatura, até segunda-feira, mesmo que tenham chances de elegerem-se. Um deles confidenciou que algumas pequenas lideranças do interior – citou até um vereador – estão cobrando 10 mil reais para ceder 100 votos em seu povoado. Imagina quanto ganha um prefeito? Segundo um dos candidatos, o receio é que esteja bem até as proximidades das eleições, e um outro concorrente passe o trator por cima e ofereça maior grana para quem sustenta sua campanha. A legislação eleitoral tenta coibir de todas as formas o abuso do poder econômico, que compra mandatos. Mas não consegue. Esse comércio é intenso a cada período eleitoral, quando os corretores do voto ganham alto e vivem impunemente. Com a devida vênia: a compra de voto é como o tráfico de drogas, ninguém consegue controlar e, geralmente, até a polícia participa.
DESCOMPRESSÃO
Perguntado sobre a presença dos deputados estaduais tucanos Ulices Andrade e Jorge Araújo, o deputado federal José Carlos Machado (PFL) respondeu:
“Ao dois estão na Câmara de Descompressão, para que possam se ajustar à nova realidade que estão vivendo”.
ZEZINHO
A informação chega de Lagarto: o candidato a deputado federal Albano Franco (PSDB) herdou apenas dois municípios de Zezinho Guimarães (PSC): Siriri e Socorro.
A fonte explicou que o restante ficou para Jerônimo Reis (PFL). Zezinho teria atendido a um pedido do empresário José Augusto, do Café Maratá.
DIVISÃO
Os votos que poderiam eleger Zezinho Guimarães (PSC) para deputado federal foram bem distribuídos entre pelo menos três candidatos.
Jerônimo Reis (PFL) pegou uma parte; Albano Franco (PSDB) ficou com outra, e Eduardo Amorim está com o grupo das Nossas Senhoras: da Glória e das Dores.
CHANCES
O calculo é de um membro da oposição: haverá uma renovação de 50% na Câmara Federal, já contando com as saídas de Bosco Costa (sem partido) e João Fontes (PDT).
Admite que a coligação do governo fará cinco e o último ficará entre Jerônimo e Pedrinho. A oposição fará três: Heleno e Jackson. O terceiro está entre três outros candidatos.
FÁBIO
O vereador Fábio Henrique (PDT) teve uma longa conversa com o candidato a governador pelo seu partido, deputado federal João Fontes.
Avisou-lhe que vai conversar com amigos e familiares e pode retirar sua candidatura a deputado federal. Fábio, entretanto, continuará na campanha para eleger João Fontes.
SURPRESA
O candidato a governador pelo PDT, deputado João Fontes, já começou a campanha corpo-a-corpo. Mostra-se animadíssimo com a receptividade.
“Não tenho dúvida que serei a grande surpresa dessa eleição. Sei que vou fazer a diferença”, disse ele em tom entusiasmado.
FABIANO
O candidato a vice-governador na chapa do PFL, deputado Fabiano Oliveira (PSDB), vai concentrar a sua campanha na área metropolitana de Aracaju.
Já tem os coordenadores: Valdoilson Leite e ex-vereador Marcélio Bomfim, que já estão fazendo projetos para iniciar o trabalho.
JANTAR
Fabiano Oliveira desde o momento em que foi homologado como candidato a vice da chapa majoritária do PFL, que começou a trabalhar.
Terça-feira passada, em um restaurante de comidas italianas, jantou com o empresário Walter Franco, e o filho, ex-deputado federal Augusto Franco.
BENEDITO
O presidente regional do PMDB, Benedito Figueiredo, integrante da chapa majoritária da oposição como primeiro suplente de José Eduardo Dutra (PT) agora está mais tranqüilo.
“Gostei da atitude que tomei. Era tudo que eu queria”, disse. A partir de amanhã Benedito já acompanha o grupo em visitas pelo interior.
TRABALHO
Benedito Figueiredo sempre trabalhou para que fosse feita uma composição com o candidato do PT, Marcelo Déda. Considerava o melhor para o partido.
Benedito nunca chegou a conversar com o governador João Alves Filho sobre composição e foi ele quem bateu o martelo para fechar com o PT.
ALMEIDA
O senador José Almeida Lima (PMDB) está completamente fora da campanha. Sequer aparece para dar opinião. Optou pelo isolamento.
Pelas suas posições no Senado Federal, Almeida Lima é contra a uma composição com o PT, porque faz oposição ferrenha ao presidente Lula.
CAPELA
Esse final de semana a cidade de Capela será o centro das atenções de políticos de todas as tendências e cor. A campanha começa sobre os rojões atrasados do São Pedro.
Todos os candidatos majoritários estão lá e as lideranças políticas do município vão mostrar com quem estão. Depois da festa de capela, todos estarão nas ruas.
JARDINS
A direção do shopping Jardins botou para fora a empresa paulista que o administrava. Desde primeiro de julho que o pessoal não está mais lá.
Segundo informação de um proprietário de loja, o motivo seria a área nova do shopping: a maioria dos espaços para novas lojas está fechada.
Notas
INTERNET
Os candidatos a cargos eletivos podem manter página na internet, com a terminação “can.br”, ou com outras terminações, como mecanismo de propaganda eleitoral. A permissão está prevista na Resolução nº 21.901/04 do TSE e detalhada no artigo 73 da Instrução 107 do Tribunal.
Depois do efetivo registro de candidatura na Justiça Eleitoral, o candidato deve providenciar o cadastro do domínio no órgão gestor da Internet Brasil, responsável pela distribuição e pelo registro de domínios (www.registro.br).
VETO
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou que é contra o projeto que concede Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para trabalhadores domésticos. Segundo Bernardo, a lei vai provocar um efeito contrário ao que era o objetivo do governo porque vai aumentar a informalidade.
Se depender dele, o ministro do Planejamento disse que recomendará a Lula o veto da obrigatoriedade do FGTS para as empregadas domésticas “mesmo levando em consideração as implicações políticas”.
SUSTO
O ministro do TSE, Gerardo Grossi, se assustou com as previsões de teto para gastos de campanha declarados pelos presidenciáveis. Em entrevista à TV Nacional, Grossi afirmou que se espantou ao tomar conhecimento que sete candidatos ao Planalto declararam que pretendem gastar R$ 279 milhões até outubro.
“A previsão para essa eleição é quase o dobro da previsão feita para a eleição presidencial de 2002, que foi um pleito de muita gastança”, disse ele. “Confesso que tomei um susto grande quando vi a previsão de gastos”
É fogo
O PDT esperou até o último momento para uma resposta do suplente de deputado Ivan Paixão (PPS), para fazer uma composição.
Ivan Paixão optou mesmo por fechar com o governador João Alves Filho a quem acompanha há quatro anos.
O deputado estadual Luiz Garibaldi (PMDB),que tem trabalhado muito em prol da Barra dos Coqueiros, ainda não tem a confirmação do apoio do prefeito Airton Martins (PT).
O ex-deputado federal José Teles de Mendonça (PSDB) não aceita subir no palanque com o governador João Alves Filho (PFL).
Há também o contraponto em Itabaiana: Se José Teles subir no palanque de João, que não vai lá é Arnaldo Bispo.
O deputado federal José Carlos Machado (PFL) tem visitado vários municípios durante o dia, para melhorar o percentual de votos.
O candidato a governador pela coligação PSTU/Psol, Stoessel Chagas Nunes (Toeta) vai entrar na campanha para divulgar os ideais do partido em defesa do trabalhador.
O governador João Alves Filho passou a manhã de ontem tratando da estratégia de campanha com assessores.
O ex-governador Albano Franco (PSDB) também passou parte do tempo cuidando de sua campanha a deputado estadual.
Os empréstimos direcionados para pessoa física indicaram taxa mensal de 8,20% no cheque especial. O juro para empréstimo pessoal ficou em 5,35%.
O volume de falências requeridas caiu 75,8% em junho de 2006, quando comparado ao mesmo mês de 2005.
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