“Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro se chama amanhã, portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e principalmente viver.” ( Tenzin Gyatso, 14º Dalai Lama)
Trata-se um grave problema clinico, que se caracteriza principalmente por um grave colapso circulatório pós – parto resultando em Necrose( destruição ) da hipófise, o que desencadeia um grave quadro de hipopituitarismo, o que leva a um quadro de pan -hipopituitarismo descrito por Sheehan em 1937.
Essa destruição em geral atinge cerca de 95 – 99% da porção anterior da hipófise, acarretando um quadro clinico extremamente rico de pan-hipopituitarismo, quando os indivíduos vão apresentando classicamente uma falência gradativa da amamentação pós-parto, seguida de amenorréia ( falta de menstruação, em geral de caráter definitivo ), queda dos pelos axilares e pubianos, seguidas por atrofia mamária e genital, que se acompanham de sinais clínicos e sintomas de hipotireoidismo e de insuficiência das supra-renais.
Esse fenômeno clinico apresenta um nítido predomínio em camadas sociais menos favorecidas, onde partos domiciliares ainda são frequentes, quando a. principal complicação é a retenção placentária que frequentemente cursa com hemorragia profusa ( e consequentemente ocorre uma redução dramática do fluxo sanguíneo hipofisário)
Essa síndrome também pode ter como etiologia a eclampsia( crise hipertensiva trans e pós parto ) e a distócia uterina, porém há informações de que também podem ser ocasionadas por necrose hipofisária secundária à traumatismos crânio-encefálicos, doenças infecciosas cerebrais, neoplasias e outras patologias que, em geral, têm como denominador comum alterações vasculares loco-regionais.
Porém é fundamental frisar que essas alterações vasculares (vasoespasmos) assumem uma importância significativamente maior durante o período gravídico, quando a hipófise torna-se mais sensível à ocorrência de distúrbios circulatórios , pelo seu aumento fisiológica, torna-se um alvo mais fácil à deficiência circulatória que possa ocorrer, tornando-a mais susceptível ao desenvolvimento da necrose ( destruição ) de sua superficio glandular.
O que temos observado nos últimos anos, é que com a melhoria dos cuidados e a modernização das técnicas obstétricas essa Síndrome vem apresentando, graças a Deus, um incidência decrescentemente progressiva.
É bom salientar que apesar disso ainda podem ocorrer óbitos, pelas falta de um diagnóstico precoce, e quando ocorrem, as principais causas são o hipotireoidismo e insuficiência supra-renal aguda.
GENERALIDADES
é uma condição que afeta as mulheres que experimentam risco de vida por apresentarem perda de sangue durante ou após o parto, essa perda de sangue grave priva seu organismo de oxigênio e pode danificar seriamente os tecidos e órgãos vitais, danificando de forma muitas vezes,severa e irreversível a hipófise – uma pequena glândula na base do cérebro, responsável pela produção permanente de hormônios hipofisários extremamente essenciais à manutenção da vida e do seu equilíbrio funcional, acarretando a sua falência muitas vezes definitiva, denominada de pan-hipopituitarismo.
Também chamado de hipopituitarismo pós-parto é muito raro nos países mais industrializados, porém ainda é uma grande ameaça para as mulheres nos países em desenvolvimento. É bom frisar que em algumas mulheres, a síndrome de Sheehan parece causar poucos, ou nenhum sintoma, já em outros grupos torna-se bastante destruidora podendo causar muitas vezes uma insuficiência aguda da supra-renal, que se não tratada com presteza e precocemente pode levar ao óbito da parturiente. O principal tratamento , obviamente, é através da reposição pan-hormonal criteriosa.
QUADRO CLÍNICO
Na maioria dos casos, os sinais e sintomas de síndroma de Sheehan aparecem lenta e insidiosamente, ou seja evoluindo paralelamente com a destruição do tecido hipofisário, percorrendo um período de meses ou até mesmo anos, no entanto pode surgir de forma imediata durante a amamentação.
Sinais e sintomas de síndrome de Sheehan são representativos das deficiências de vários hormônios que a hipófise mantém sob controle, como por exemplo: tireóide, supra-renall, a produção de leite materno e a função menstrual.
Principais sinais e sintomas:
· Redução significativa da função cognitiva e da percepção consciente dos acontecimentos do cotidiano ( deficiência cerebral ), aumento significativo do peso,dificuldade para aquecer o corpo e maior sensibilidade às temperaturas mais baixas, podem identificar o aparecimento do hipotireoidismo.
Dificuldade ou uma incapacidade de amamentar , podem alertar para a falta do hormônio designado pela hipófise para tal função.
· Falta ou redução do ciclo menstrual, perda dos pelos axilares e/ou pubianos também podem identificar a deficiência dos hormônios.
· Pressão arterial sistêmica baixa, fadiga, perda de peso, anorexia e astenisa incontrolável, com uma irresistível necessidade de manter-se deitada.
m muitos casos os sintomas são inespecíficos e, muitas vezes são atribuídos a outras coisas, por exemplo no caso da fadiga, pode ser explicada pelo fato de ser um nova mãe, fazendo com que na maioria dos casos só se perceba o diagnóstico quando se fizer necessário a reposição hormonal para tratar o hipotireoidismo e/ou a insuficiências da supra-renal….
Como é uma doença que pode aparecer gradativamente durante o transcorrer da vida após o parto, podem não ocorrer sintomas que facilitem o seu diagnóstico, o que no entanto pode surgir de forma mais intensa e grave no curso de algum stress físico mais significativo, com uma cirurgia eletiva e/ou de emergência, um acidente grave ou uma infecção severa.
PRINCIPAIS CAUSAS
Embora muitos problemas possam ocasionar reduzida função hipofisária, a sua mais comum causa advém da perda maciça de sangue durante ou após o parto., por ser particularmente prejudicial para a glândula , destruindo os hormônios, da qual é produtora ¨mater ¨, tornando-a sem função fisiológica eficaz, de forma parcial o total, dependendo da gravidade da lesão a que for submetida.
Convém chamar a atenção que a redução da pressão sanguínea sistêmica, quando mais intensa, decorrente da hemorragia trans-parto, pode certamente levar a uma importante lesão da hipófise.
Hormônios que regulam a maior parte do nosso sistema endócrino, sinalizando para as outras glândulas, a ordem ou a contra-ordem para o seu funcionamento, o que resulta de formas lógica, com a sua capacidade de aumentar ou diminuir a produção dos hormônios que o controlam, a fertilidade, a cicatrização de feridas, o crescimento dos cabelos, a fragilidade das unhas, a menstruação, o sono, além de muitos outros processos vitais ao funcionamento do nosso organismo.. A falta de qualquer desses hormônios pode causar problemas em todo o seu corpo – embora os sinais e sintomas podem se desenvolver de forma tão gradual que escapam de um aviso prévio.
Alguns dos principais hormônios produzidos pela hipófise são:
· Hormônio do crescimento (GH)- Controla principalmente o crescimento ósseo e dos tecido, mantendo o equilíbrio adequado de músculo e tecido adiposo, na fase de desenvolvimento da criança e na idade adulta mantém a musculatura, o tecido adiposo e o tecido ósseo hígido
· Hormônio antidiurético (ADH)-Regula a produção de urina, gerenciando o equilíbrio de água no seu corpo, a sua deficiência resulta em um quadro clinico de profunda e incontrolável micção associada a vontade incontrolável de beber água, configurando uma condição clinica chamada de ¨ diabetes insipidus ¨.
· Hormônio Estimulante da Tireóide (TSH)- Serve para estimular a glândula tireóide a produzir hormônios importantes que regulam o metabolismo do nosso organismo, a sua deficiência acarreta o aparecimento de hipótireoidismo..
Hormônio luteinizante (LH). Nos homens, LH regula a produção de testosterona, e nas mulheres, promove a produção de estrogênio.
· Hormônio folículo-estimulante (FSH). Trabalhando em conjunto com LH, FSH ajuda a estimular a produção de espermatozóides nos homens, e desenvolvimento do óvulo ea ovulação nas mulheres.
· Hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). Ele estimula as glândulas supra-renais a produzir cortisol e outros hormônios fundamentais ao equilibrio hidroeletrolitrico do nosso organismo,. O cortisol ajuda o corpo a lidar com o estresse e influencia muitas funções corporais, incluindo pressão arterial, a função do coração e seu sistema imunológico.Uma redução da produção de hormônios supra-renais causados por danos na hipófise é denominada de insuficiência supra-renal secundária.
· Prolactina- É o hormônio que regula o desenvolvimento de seios femininos, e principalmente a produção de leite materno.
COMPLICAÇÕES
Qualquer condição que aumenta a probabilidade de perda de sangue grave durante o parto, como estar grávida de múltiplos ou ter uma anormalidade da placenta, pode aumentar o risco da ocorrência dessa síndrome.
A hemorragia é uma complicação rara durante e após o parto, por isso mesmo o aparecimento dessa síndrome torna-se ainda mais incomum e improvável de ocorrer. Certamente que ambos os riscos são muito reduzidas quando ocorre um bom atendimento e acompanhamento durante o parto.
Devemos chamar bem a atenção para o fato de que, como os hormônios hipofisários controlam tantos aspectos do nosso metabolismo, a síndrome de Sheehan pode causar uma série de problemas, incluindo:
· Insuficiência supra-renal aguda, uma situação grave em que as glândulas adrenais produzem muito pouco do hormônio cortisol, que se não diagnosticada e tratada com presteza, pode levar ao óbito, redução da pressão arterial sistêmica, redução do colesterol, perda acentuada de peso, irregularidades menstruais que podem chegar a amenorréia definitiva, astenia, sonolência, dentre outros sintomas gerais já referidos.
Convém chamar atenção a uma situação de perigo nessa Síndrome, que é a sua complicação mais grave, de repente, pode ocorrer um estado clinico com risco de vida que pode levar à baixa pressão arterial, choque, coma e morte.
Essa crise de insuficiência supra-renal geralmente ocorre quando o corpo está sob estresse acentuado – como durante a cirurgia ou uma doença grave – e as glândulas supra-renais produzem cortisol muito pouco, um poderoso hormônio do estresse.
Por causa das consequências potencialmente graves de insuficiência supra-renal, recomendamos o uso uma pulseira de alerta médico, de que você é portadora dessa Síndrome.
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico de síndrome de Sheehan pode ser difícil, se o quadro clinico não se instalar de forma significativa e plena, mas o médico pode basear o seu diagnóstico, em parte, pelo histórico médico da paciente , por isso é muito importante mencionar as complicações do parto que possa ter tido, não importando há quanto tempo Ela deu à luz, além disso, certifique-se se não houve produção de leite ou se não ocorreu menstruação após o parto – dois principais sinais da síndrome de Sheehan. Se a história e os sinais e sintomas sugerem insuficiência da hipófise, deverão ser realizadas dosagens hormonais e, bioquímicas e de eletrólitos, para avaliar se houve restrição ou desvio funcional de algum gripo glandular especifico
Outros exames podem ser realizados, como Testes de estimulo hormonal, geralmente realizados sob a orientação de um Endocrinologista, ou até partir para a realização de exames de imagem, como ressonância magnética ou tomografia computadorizada, para verificar o tamanho da hipófise e procurar outras possíveis razões para os sinais e sintomas detectados, como por exemplo a presença de um tumor da hipófise.
Terapêutica
O tratamento para a síndrome de Sheehan é a utilização de reposição hormonal pelo resto da vida, podendo serem utilizados diverso tipos de medicamentos:
· Corticosteróides – São drogas, como a hidrocortisona ou prednisona, que podem substituir os hormônios das supra-renais que não estão sendo produzidos por causa da deficiência do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) , devemos lembrar que é necessário ajustar essas medicações se a paciente ficar gravemente doente ou for submetida a algum grande estresse físico. Esse mesmo tipo de raciocínio deve se ter quando a paciente desenvolver episódios gripais, diarréia ou vômitos, ou precisar se submeter a um procedimento cirúrgico ou odontológico. Ajustes na dosagem de corticosteróides também são necessárias durante a gravidez ou com o ganho ou a perda acentuada de peso corpóreo; Devemos lembrar, que é pertinente acompanhar de perto a dosagem desse tipo de medicação, para não pecarmos nem pela falta, nem pelo excesso, pois doses mais elevadas do que o necessário poderão acarretar efeitos colaterais extremamente indesejáveis, desagradáveis e que podem levar a risco de vida..
· Levotiroxina – É um derivado hormonal que corrige a deficiência de hormônios da tireóide causadas pela baixa ou ausente produção de hormônio estimulante da tireóide (TSH) pela hipófise. Nas dose fisiológicas adequadas não provoca efeitos secundários praticamente nenhum, além de ser relativamente barato. Importante alertar sempre ao paciente, que não deve pular doses ou parar de tomar a droga, porque você está se sentindo melhor, pois se o fizer, sinais e sintomas poderão voltar gradualmente e de forma inexorável.
· Estrogênio – Nesse caso pode ser feito o uso de estrogênio sozinho se a paciente teve seu útero removido (histerectomia) ou uma combinação de estrogênio e progesterona, se Ela ainda tem o seu útero preservado. A reposição de estrogênio pode ser administrado tanto com comprimidos ou adesivos. Num futuro bem próximo poderemos utilizar fisiologicamente a associação desses 2 hormônios, tornando possíveis gestações, ou seja através da utilização de preparações contendo hormônio luteinizante (LH) e hormônio folículo-estimulante (FSH), também chamado de gonadotrofinas, que poderão facilmente ser administrada de forma injetável, no sentido de estimular a ovulação. . Estrogênio com progesterona tem sido associado a riscos aumentados de câncer, acidente vascular cerebral, e doença de mama, enquanto o estrógeno sozinho tem sido associada a acidente vascular cerebral, formação de coágulos, gênese de varizes nos mmii e anormalidades na mamografia.
· Hormônio do crescimento – Alguns estudos têm demonstrado que a substituição de hormônio do crescimento em mulheres com síndrome de Sheehan – bem como em pessoas com outras formas de hipopituitarismo – pode ajudar a normalizar a relação músculo e gordura do corpo, os níveis de colesterol e melhorar a qualidade de vida global. Os efeitos colaterais podem incluir rigidez articular e retenção de líquidos.
O endocrinologista é o especialista indicado para fazer análises hormonais de forma regular no sentido de certificar-se de que a paciente está recebendo a quantidade adequada -, e não excessiva – dos eventuais hormônios que se fizerem necessários, e lógico quando necessário fazer um reposição equilibrada. De forma geral , os níveis hormonais são verificadas a cada poucas semanas ou meses, no início do tratamento e depois uma vez por ano depois disso.
Uma Semana auspiciosa e rica de momentos agradáveis,
NAMASTÊ!!!