“O desafio mais importante dos nossos tempos é o encerramento de uma “era de continuidade”, época em que cada passo nos faz prever o passo seguinte. O advento da nova era que poderá ser chamada de “era de descontinuidade” na qual o imprevisível é o “pão de cada dia” para o ser humano, para as organizações e para a humanidade como sistema.” “Peter Drucker”. A globalização quer queiramos ou não nos trouxe muitas vantagens, todavia, como todo processo também trouxe no seu “pacote” algumas desvantagens. Estamos saindo de uma era de “previsibilidade”, de planejamentos estratégicos semi-estáticos, para uma era de planejamento “tateante”, ou seja, um plano de vôo organizacional que, praticamente, poderá mudar quase que diariamente em função dos novos ventos, tempestades financeiras ou do pensamento do consumidor.
Muitas coisas acontecem simultânemente e que não podem deixar de ser observadas no mundo organizacional atual, por exemplo: as transformações sociais, econômicas, políticas e culturais; o fato de que cada vez mais são trazidos à tona e questionados os valores que norteiam as relações nas empresas; os desafios das novas tecnologiais, sejam de processos, sejam de mercado; a necessidade de modelos de gestão que se adaptem à velocidade das mudanças e que, por sua vez, garantam a competitividade atual e o que se vislumbra para o futuro.
A empresa conteporânea deixa de lado o foco local e passa a pensar globalmente, as decisões que precisam de maior velocidade, a constatação da necessidade de uma maior tolerância aos riscos e erros. Por outro lado, cada vez mais, a solidariedade se instala, as responsabilidades que estavam centradas na alta direção passam a ser compartilhadas com todos os gestores, portanto, se faz mais necessário a cooperação e o comprometimento de todos e, finalmente, por sua vez, a aprendizagem contínua se instala verdadeiramente nas organizações. Assim sendo, a confiança mútua passa a ser cultivada em maior intensidade, os modelos mentais precisam ser constantemente realinhados, a necessidade de se desenvolver laços afetivos positivos deixa de ser um discurso organizacional e passa a se tornar uma realidade.
Assim sendo, frases como: “isso não é do meu departamento”, “isso não é da minha alçada”, “isso não é minha função”, “não fui contratado para isso” ou ainda “o meu chefe não me autorizou” estão, cada vez menos, deixando de fazer do parte jargão organizacional atual e, por esse motivo, sendo integradas à “idade da pedra” da administração.
Mas, ao mesmo tempo que se pensa na empresa de hoje, há a necessidade premente de se vislumbrar a empresa do futuro que precisa ser estratégica e mutante, mais adaptada ao clima mundial já que tudo muda a todo instante. Assim sendo, a flexibilidade passa a ser vista com outros olhos, por outro lado, o compromisso com o ser humano deixa de ser uma retórica organizacional e passa a ser uma necessidade fundamental, é importante se instalar uma visão global que esteja firmemente alicerçada em negócios e resultados; por esse motivo a necessidade de aprender & desaprender precisa estar no cotidiano organizacional, em suma, o que era bom ontem pode não ser mais interessante hoje. A interdependência precisa ser vista como uma realidade; entusiasmo, cérebro (lógica) e coração (emoção) precisam estar na ordem do dia; por outro lado, se pratica menos gerência, e cada vez mais a palavra de ordem do dia é
Com essa visão o novo desafio dos líderes será de levar pessoas e equipes ao crescimento e ao desenvolvimento alavancando resultados competitivos, compreendendo que o seu papel como gestor está cada vez mais atrelado às “pessoas, processos, resultados e inovação”. Portanto, a exigência não estará atingindo apenas os líderes, mas também e principalmente, aos seus liderados. A arte de liderar será fundamental uma vez que e gestão com pessoas está fundamentada no sentido do equilíbrio entre pessoas e negócios.
E para isso acontecer é necessário que o ambiente organizacional se estruture para ser um estimulador à aprendizagem, uma vez que a organização deixa de ser apenas um organograma de fluxo de poder e passa a ser um espaço no qual as pessoas interagem, agem e reagem de acordo com os estímulos que recebem. Desafios ousados e estimulantes aliados às metas desafiadores terão como resposta resultados excelentes; ao mesmo tempo, desafios fracos e metas medíocres levarão a resultados fracos e pouco expressivos.
No cenário atual, cada vez se fala mais em complexidade, pensamento sistêmico, holismo e caos. Por outro lado, se entende e aceita que o ser humano integral precisa possuir equilíbrio fisico, mental, emocional e espiritual. Por esse motivo as emoções que, até bem pouco tempo, eram aconselhadas ficarem nos portões das empresas vêm sendo consideradas no mundo organizacional, deixando-se de lado apenas o lógico e buscando-se o equilíbrio entre emoção e razão.
Portanto, o líder como gestor com pessoas tem por incubência principal fazer com que as funções do negócio e as funções de liderança estejam não só integradas como consigam interagir estreita e harmoniosamente. Para que isso possa acontecer é parte essencial que esse líder consiga ampliar a sua visão de liderança de modo a enxergar o macroambinte do ponto de vista político, econômico e social, além das variáveis que são importantes no mundo globalizado e competitivo. Terá também que exercer o papel de educador e negociador, de modo que seja capaz de criar um ambiente de explicitação franco para que os erros, quando acontecerem, possam ser vistos e aproveitados como oportunidades de acertos sem que se instale um ambiente de medo ou de hostilidade na organização, fator tão comum num passado ainda recente.
O papel do líder é difícil não apenas para ele, mas também para as pessoas que trabalham para e com ele. Costuma-se a citar como exemplos as frequentes ou ocasionais perdas de composturas dos líderes, essas perdas provocam danos não só as pessoas como a empresa, e isso só poderá ser resolvido à medida que as empresas prepararem melhor a suas lideranças e os deixarem mais fortalecidos e conscientes para decidir com relação às questões cruciais que muitas vezes fazem parte do ambiente cotidiano da liderança.
Existem muitas regras e dicas para se desenvolver a liderança; todavia, sou da opinião que o primeiro passo só acontece quando o indivíduo começa por investir e desenvolver o seu autoconhecimento e a sua autogestão. A partir daí, todos os demais processos são consequências, pois a regra essencial é fundamental: “Não conseguimos dar aquilo que não temos.” Como dirigir pessoas, como orientar pessoas se o nosso mundo interior é fragilizado? Como orientar pessoas, se o nosso ego é inflado, justamente porque no íntimo nos sentimos fracos? Como orientar e desenvolver, se sentimos em cada pessoa que está ao nosso redor um potencial inimigo? Como orientar, se temos medo dos nossos pares, dos nossos substitutos e dos concorrentes? Como poderemos crescer se não passamos conhecimento e preparamos nossos sucessores?
Mais do que qualquer outra coisa, o papel da liderança é o de ser uma fonte inspiradora para aqueles que o rodeiam, de ser coerente com suas palavras e ações, com o seu discurso e pratica.
Por outro lado, o líder precisa estar sempre a uma distância ótima do cenário que o rodeia, não pode sob nenhum pretexto ser contaminado pelas emoções do ambiente, pelas falas, pelos sentimentos, pelas simpatias ou antipatias.
É preciso que saiba escutar, não apenas ouvir. Quando escutamos o que nos dizem conseguimos separar a razão da emoção; por outro lado, quando apenas ouvimos, geralmente, continuamenos vendo o quadro nos tons que foram pintados para nós. Cores mais vivas onde desejam que percebamos mais, cores mais fracas onde desejam que percebamos menos.
Saber fazer aliados, pessoas éticas e responsáveis que sejam capazes de interpretar os fatos fielmente e que não tomem partido, pessoas de extrema confiança que possam dar um feedback sincero e despretencioso.
Não julgar antecipadamente as idéias. Saber escutá-las, seja do seu agrado ou não, ouvir atentamente, analisar possibilidades, por mais esquisitas que possam vir a parecer.
Procurar renovar-se espiritualmente constantemente. Analisar seus modelos mentais, buscar novas fontes de aprendizado e conhecimento. Aproximar-se mais dos extremos divergentes, pois, na maioria das vezes, eles conseguem enxergar a coisas sob ângulos diferentes de nós.
Buscar a empatia, algo como entrar na “alma do outro” para poder avaliar com maior precisão seus sentimentos, medos e anseios. E, a partir dai, entender melhor os medos, as angústias e as dúvidas.
Aprender a respeitar as diferenças e a encarar as mudanças.
O mundo está mudando velozmente, as empresas precisam mudar mais rápido ainda e, por sua vez, os seus gestores necessitam entender esses cenários para poderem se adequar. Caso contrário, cedo ou tarde atingem os seus níveis de competência e, mais rápido do que se espera, a guilhotina da sobrevivência faz suas escolhas; assim sendo, como resultado da cegueira profissional, do despreparo, da falta de atenção, da dificuldade em enxergar o futuro e, pelo fato de continuar olhando para a própria sombra, muitas cabeças rolam.
Essa é a realidade da vida e, infelizmente, quando isso acontece, a maioria se sente injustiçada, traída ou desconsiderada. Todavia, esta é uma lei da vida: “o universo não perdoa, não perdoa mesmo, aqueles que andam de vendas ou de viseiras sem querer enxergar as transformações e se protegendo do futuro.”