80 Anos do Fim da Segunda Guerra Mundial

 

 

Andreza S.C. Maynard

Dilton C.S. Maynard

Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)

Universidade Federal de Sergipe

 

Fonte: https://www.nbcnews.com/news/world/day-u-s-victory-pacific-often-forgotten-survivors-hope-its-n1236716

 

Em 1945, o mundo celebrou o fim da Segunda Guerra Mundial, que foi, sem dúvidas, um dos capítulos mais sombrios e impactantes da história. O conflito, que deixou mais de 70 milhões de mortos, marcou profundamente o século XX e continua a ter grande relevância no século XXI.

Iniciada em 1939 com a invasão da Polônia pela Alemanha nazista, a guerra logo se espalhou por todos os continentes, tornando-se um conflito de proporções globais. De um lado, as potências do Eixo, Alemanha, Itália e Japão. Do outro, os Aliados, liderados por Reino Unido, Estados Unidos, União Soviética, França e, posteriormente, o Brasil.

O Brasil, aliás, teve participação significativa. Segundo o historiador Francisco Ferraz, o país enviou mais de 25 mil soldados da Força Expedicionária Brasileira (FEB) para lutar na Itália. O estopim para a entrada do Brasil na guerra foram os torpedeamentos de embarcações brasileiras ocorridos no litoral sergipano e baiano, entre os dias 15 e 17 de agosto de 1942. Apesar da relevância do fato, ele é pouco conhecido.

Existe uma quantidade considerável de livros e artigos científicos publicados sobre os torpedeamentos, mas que, em geral, não alcançam grande circulação fora do ambiente acadêmico. As pessoas costumam consumir informações sobre a guerra por meio de obras lançadas por grandes editoras, filmes, séries, jogos digitais, sites e redes sociais.

A princípio, podemos supor que a notícia do fim da guerra foi celebrada com euforia por toda parte, porém Clarice Lispector estava em Roma quando os Aliados declararam a vitória e disse que por lá “ninguém se emocionou demais”. Numa carta de 8 de maio de 1945, enviada a Elisa Lispector e Tânia Kaufmann, a escritora se diz surpresa e acredita que no Brasil a comemoração foi maior que na Itália.

O fim do conflito foi declarado em 8 de maio de 1945, data conhecida como o Dia da Vitória na Europa. Contudo, a guerra só terminou definitivamente em 2 de setembro, após a rendição do Japão, consequência direta dos bombardeios atômicos em Hiroshima e Nagasaki, nos dias 6 e 9 de agosto. Depois disso, o mundo jamais seria o mesmo.

Em 2025, ainda existem guerras localizadas, intolerância e ameaças à democracia. Por isso, recordar os horrores vividos entre 1939 e 1945 é essencial. E a memória histórica é uma ferramenta poderosa no combate à desinformação. No último dia 30 de julho, o Museu de Auschwitz, onde funcionou um campo de concentração e extermínio, lançou uma campanha para combater o negacionismo nas redes sociais. A instituição disponibilizou a ferramenta “Stop Denial”, que permite aos internautas refutarem negacionistas do Holocausto com “documentos, fotografias, testemunhos e resultados de investigações históricas”, conforme consta no site (<https://www.auschwitz.org/en/museum/news/stop-denial,1779.html> Acesso em 05/08/2025).

Iniciativas de educação histórica e digitalização de documentos vêm ganhando força, permitindo que novas gerações conheçam a história por meio de arquivos, depoimentos e exposições virtuais. Coadunando com este propósito, o Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq) lançará em breve um site dedicado exclusivamente à Segunda Guerra Mundial, em que serão disponibilizados documentos, verbetes, e visitas virtuais à Aracaju que viveu a guerra, pois a cidade foi profundamente afetada pelos torpedeamentos de 1942.

Mais do que uma comemoração, o aniversário de 80 anos do fim da guerra é um convite à reflexão. A Segunda Guerra não foi apenas um conflito militar, foi também uma tragédia humana marcada pelo Holocausto, pelo racismo institucionalizado e pela ascensão de grupos políticos de extrema direita.

Oito décadas após o fim do conflito, sua história permanece essencial para educar as novas gerações sobre os perigos do extremismo, do autoritarismo e da intolerância. Quando falamos da Segunda Guerra Mundial, lembramos que compreender o passado é, mais do que nunca, uma forma de proteger o futuro.

 

Para saber mais:

FERRAZ, Francisco. Os brasileiros e a Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Jorge Zahar ed., 2005.

SILVA, Francisco Carlos Teixeira da; SCHURSTER, Karl; LAPSKY, Igor; CABRAL, Ricardo; FERRER, Jorge (Orgs.). O Brasil e a Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Multifoco, 2010.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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