Afinal, quem é Edith Cavell?

Fernanda Victoria Góes Marques

Graduada em História (DHI-UFS)

Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)

E-mail: nandavictoria44@gmail.com

Parte do monumento erguido em homenagem a Edith Cavell na cidade de Norfolk, Norwich, Inglaterra. Disponível em: https://www.dioceseofnorwich.org/cathedral-to-mark-edith-cavells-journey-home-to-norfolk/

 

Quando Edith Cavell decidiu se tornar enfermeira no ano de 1895, ela mal poderia imaginar que 20 anos depois, no dia 12 de outubro, seria marcado não só como o dia de sua morte, mas também como o nascimento de sua figura como heroína e mártir da Primeira Guerra Mundial. Mas afinal, quem é Edith Cavell?

Nascida na cidade Norfolk, Inglaterra, Edith Louisa Cavell começou a trabalhar como governanta ainda muito jovem, mas sempre alegava que queria como profissão algo que pudesse ajudar as pessoas de alguma forma. Entre abril e junho de 1895, Edith volta para casa para cuidar do pai doente, e é ao observar suas irmãs seguindo na profissão de enfermeiras que ela decide seguir pelo mesmo caminho, já que os cuidados que realizou com seu pai despertaram o gosto por cuidados em relação a saúde. Em dezembro do mesmo ano, iniciou seus estudos como assistente de enfermagem no Hospital de Londres e depois disso não parou mais.

Nos seus primeiros anos como enfermeira, enfrentou um surto de febre tifoide em Londres e apesar de toda a dificuldade acabou se dedicando dia e noite em ajudar os pacientes, sendo condecorada pelo prefeito de Londres ao lado de outras 15 enfermeiras. Edith continuou avançando profissionalmente, sendo enfermeira chefe temporária em alguns hospitais até ser convidada em maio de 1907 para liderar uma escola de enfermeiras que seria fundada em outubro do mesmo ano na Bélgica, a primeira do país.

Durante os sete anos seguintes, Cavell recebeu inúmeras alunas que considerava e cuidava como se fossem suas próprias filhas, mas retornava a Inglaterra para rever a família. Em uma de suas viagens, em 1914, o arquiduque austro-húngaro Francisco Ferdinando foi assassinado, servindo como estopim para o que viria a ser conhecido como Primeira Guerra Mundial. Edith não pensou duas vezes antes de voltar para a Bélgica para usar seus serviços a favor do povo, mesmo com os pedidos de familiares de que permanecesse ali.

Logo a escola se tornou sede da Cruz Vermelha para atender doentes e feridos da guerra, mas Cavell atendia as pessoas sem importar por qual lado da guerra elas lutavam, mesmo com o temor que a ocupação alemã ao país causava. Com o tempo, a enfermeira também passou a ajudar prisioneiros e soldados ingleses e franceses a fugirem para a Holanda, que mantinha uma posição neutra em relação ao conflito.

Acabou sendo denunciada por um paciente francês chamado Georges Gaston Quien, que procurou seus serviços alegando um machucado no pé em junho de 1915, sendo presa dois meses depois sob a acusação de traição e espionagem. Passou 10 semanas em confinamento até ser julgada e condenada a morte, sendo fuzilada por um batalhão alemão em 12 de outubro.

O caso logo se espalhou para várias partes do mundo, sendo destaque em jornais e revistas. Não demorou para que a Inglaterra usasse a morte da enfermeira como propaganda, a tratando como uma heroína devido a sua profissão, incentivo que fez com que o número de alistamentos dobrasse. Os Estado Unidos também contribuíram para imagem heroica de Cavell, a ponto de um ex-oficial alemão declarar, anos mais tarde, que esse teria sido um dos motivos para o país se juntar ao conflito, e mais tarde produziria um filme biográfico sobre seu último ano de vida.

Em vida, Edith se considerava uma enfermeira que apenas cumpria seu destino, sendo contra a ideia de se tornar um símbolo patriótico. Apesar disso, sua história é lembrada e celebrada até os dias atuais, onde celebrações realizadas na cidade onde foi enterrada recordam a mulher que, citada pelos jornais como Miss Cavell, dedicou sua vida para ajudar as pessoas.

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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