Arqueologia de salvamento

Itamar Freitas (Universidade Federal de Sergipe)

Prospecção arqueológica na área da Jazida E2D – Porto Real do Colégio-AL | Imagem: Marcos Albuquerque, 2011. Fonte: https://docplayer.com.br/docs-images/63/49991284/images/20-0.jpg

 

Arqueologia de salvamento – também designada como “arqueologia preventiva” e “arqueologia de contrato” – é um campo de atuação do arqueólogo profissional. Há oito anos, esse domínio concentrava aproximadamente 95% das pesquisas arqueológicas no país, resultantes de intervenções profissionais na área do licenciamento de grandes obras quando comparada à arqueologia acadêmica.

Isso afirmam P. Zanettini e C. Wichers (2014) e I. Chmyz (1986), para quem as iniciativas amparadas na legislação nacional específica (1961) datam da década de 1970, relacionadas, sobretudo, à construção de hidrelétricas, como Itaipu (1975) e Sobradinho (1977).

Hoje, no Nordeste, o salvamento avança em projetos de construção de ferrovias e linhas de transmissão, ampliando, inclusive, segundo A. L. Herberts (2019), o interesse dos arqueólogos sobre a “cultura material sertaneja” relativa aos séculos XIX e XX.

A pesquisa exploratória sobre o assunto demostra que a matéria cresceu nos últimos 20 anos, após a emergência das revistas acadêmicas digitais e os congressos especializados. Publicações a respeito somam 30 artigos e 35 trabalhos defendidos em programas de pós-graduação.

A proporção de iniciativas de salvamento frente à iniciativa acadêmica faz desse campo o maior mobilizador de material diagnosticado, registrado, coletado, analisado em laboratório e disponibilizado para a produção do conhecimento arqueológico, a divulgação científica e o compartilhamento comunitário em projetos de educação em geral e em educação patrimonial, de modo específico.

Considerando o vigor do seu valor, somos induzidos a questionar: que usos potenciais e reais são feitos do material salvo, sobretudo após a produção de relatórios finais dos projetos de salvamento? Qual a destinação potencial e real dessas coisas – objeto material e intelectual privilegiado pelos arqueólogos nos últimos 20 anos?

 

Para saber mais:

CHMYZ, Igor. As realidades sociais e políticas da Arqueologia de salvamento no Brasil. Arqueologia. Curitiba, n.5, p.1-15, 1996.

HERBERT, Ana Lucia. Arqueologia das populações sertanejas do Nordeste brasileiro. XX Congresso da SAB – “Memória, Patrimônio Cultural e Direitos Humanos. Anais Pelotas: SAB, 2019.

ZANETTINI, Paulo; WICHERS, Camila A. De Moraes. Arqueologia preventiva e o ensino de Arqueologia no Brasil. Habitus. Goiânia, v.12, n.2, p.239-256, jul./dez., 2014.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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