Prof.ª Dr.ª Andreza Maynard
Universidade Federal de Sergipe
Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)

Foi-se o tempo em que, para ir ao cinema, os sergipanos precisavam se deslocar até Aracaju ou contar com os antigos cinemas de rua. Atualmente, o estado dispõe de salas de exibição em diferentes cidades, a maioria localizada dentro de shoppings. E, apesar de vivermos na era do streaming, a ida ao cinema permanece como um ritual cultural vivo em Sergipe.
Os cinemas da capital são sinônimo de variedade e conforto. Aracaju oferece uma boa diversidade de salas modernas, como as das redes Cinemark, nos shoppings Jardins e Riomar, e a do Centerplex, no Aracaju Parque Shopping. As estruturas são amplas, climatizadas, equipadas com tecnologia digital e opções em 3D. Os complexos garantem conforto, segurança e lanchonetes bem abastecidas.
Fora dos shoppings, existe o Cine Alquimia, que funciona no Espaço Alquimia Cultural. Com 77 lugares, coloca-se uma opção para quem não quer se deslocar até um lugar com muito barulho e movimento, mas não pode ser enquadrado como um cinema popular.
Para os nostálgicos e os amantes dos cinemas de rua, o Cine Vitória, localizado no centro da cidade, era um verdadeiro oásis cultural. Era o único cinema de rua ainda em funcionamento em Sergipe, voltado para filmes nacionais, produções alternativas e projetos educativos. No entanto, precisou fechar as portas no início de maio deste ano. De acordo com a administração, o motivo foi a quebra do sistema de ar-condicionado. O Cine Vitória aguarda investimentos públicos para sua reforma, manutenção e modernização dos sistemas de climatização, sonorização e projeção.
Durante o isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19, em 2020, quando os cinemas convencionais estavam fechados, surgiu a iniciativa de um drive-in, no estacionamento do Museu da Gente Sergipana, na Avenida Ivo do Prado, em Aracaju. Com lotação máxima de 26 carros, as sessões ocorreram entre os meses de setembro e outubro daquele ano.
Diferentemente de décadas anteriores, o interior sergipano também conta hoje com salas de exibição bem estruturadas. Em Itabaiana, o Cine Laser, no Shopping Peixoto, oferece filmes comerciais com tecnologia de ponta. Já em Nossa Senhora da Glória, o Mobi Cine Glória, instalado no Avelan Shopping, firmou-se como uma importante opção de lazer e cultura na região do sertão. Em Nossa Senhora do Socorro, o Cinesercla, no Shopping Prêmio, atende a uma grande parcela da população da Grande Aracaju.
No entanto, sabemos que não basta querer ir ao cinema, é preciso dispor, em média, de 20 a 30 reais apenas para o ingresso. Quando somamos o valor de um combo com pipoca e refrigerante, o passeio cultural se torna ainda menos acessível. A ida ao cinema exige um investimento de tempo e dinheiro que nem todos podem assumir. Apesar do aumento no número de salas em funcionamento no estado, ainda enfrentamos desigualdades no acesso a esse tipo de entretenimento.
As vantagens de frequentar uma sala de cinema são inúmeras. A ida ao cinema hoje é mais do que assistir a um filme, é participar de um ato coletivo de cultura, memória e pertencimento. É rir e chorar ao lado de desconhecidos, encontrar amigos no saguão e criar lembranças em família.
O cinema é cultura viva. No entanto, os altos custos, especialmente quando comparados às mensalidades dos serviços de streaming, que oferecem milhares de títulos, têm afastado o público das salas escuras em todo o Brasil, inclusive em Sergipe.