Diego Leonardo Santana Silva
Doutor em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC/UFRJ)
Mestre em Educação e Graduado em História pela Universidade Federal de Sergipe (UFS)
E-mail: diego@getempo.org
O Estado de Sergipe é repleto de particularidades e de uma série de patrimônios históricos, materiais ou imateriais, que permeiam nossa cultura e fazem parte da identidade do nosso povo. Neste mês de junho, chamamos atenção para a Festa dos Caminhoneiros de Itabaiana, uma celebração repleta de significados e que se transformou em um dos eventos mais relevantes no calendário dos festejos juninos sergipanos.
A celebração aos caminhoneiros data dos anos de 1960 e é proveniente de pequenas carreatas organizadas por esses profissionais. A antiga trezena dos motoristas logo passou a ser associada ao padroeiro local, Santo Antônio, isso por volta dos anos de 1970. Inicialmente, os cortejos dos veículos que conduziam a imagem do Santo ocorriam partindo do povoado de Rio das Pedras até a Igreja Matriz de Itabaiana. Anos depois, esse trajeto seria alterado visando encurtar a distância e aumentar o número de participantes. Esse modelo durou até 1992, período no qual a festa acabou se expandindo com a criação da Feira do Caminhão, com a realização de shows de artistas famosos nacionalmente, além de feiras com estandes de empresas ligadas a essa atividade.
Em 2014, Itabaiana foi reconhecida pelo Governo Federal como a Capital Nacional do Caminhão. A relação dos itabaianenses com esse meio de transporte é profunda desde a chegada da BR-235 ao município, interligando-o com outras cidades como a capital Aracaju, Juazeiro-BA, Petrolina-PE, com essa BR se estendendo atualmente até a cidade de Novo Progresso, no Pará. Itabaiana soube aproveitar a chegada da BR-235 explorando sua posição geográfica através do trabalho e do espírito empreendedor de seu povo, fazendo suas já existentes atividades comerciais aumentarem. Com isso, a história de Itabaiana muda completamente da chegada da BR-235 em diante e o caminhão passa a ser um instrumento de trabalho e parte identidade desse povo.
No momento em que a cidade passa a ultrapassar a barreira dos 100 mil habitantes, um olhar sobre sua cultura e tradições se torna fundamental. Nisso, celebrar os caminhoneiros, o Santo Antônio e as raízes que fazem dessa cidade um lugar tão especial se torna cada vez mais importante.