Caroline de Lara
Mestre em História – Universidade Estadual de Ponta Grossa/PR
Professora de História da educação básica em Aracaju/SE
Os memes, pequenas unidades com imagens de cunho humorístico e cultural, vem desempenhando um papel significativo na maneira como estabelecemos nossas comunicações e interagimos na atualidade. Eles não são apenas formas de entretenimento, mas também, ferramentas poderosas para as diversas formas de expressão pessoal e coletiva, refletindo um sentimento de pertencimento na era digital.
Nos últimos anos, especialmente com o avanço das redes sociais e das plataformas de comunicação online, os memes começaram a ocupar um espaço no dia a dia. Anteriormente, tínhamos contato com charges, tirinhas e demais publicações irreverentes nas mídias impressas, seja em jornais, almanaques, revistas, folhetins entre outros, o que não limitava a existência de prazerosos momentos de coletividade.
A substituição das relações sociais presenciais pelo uso de memes pode ser compreendida como um reflexo da nossa adaptação às novas tecnologias e à mudança nos modos de comunicação. Memes são rápidos, facilmente compartilháveis e compreensíveis, permitindo que as pessoas se conectem instantaneamente através de referências culturais comuns, logo, os signos são criados, mas o significado fica à mercê da compreensão e assimilação daquele material, por parte do seu público receptor.
Logo, os memes possuem uma característica de transmissores de várias emoções e pensamentos, sejam estes complexos ou não, de maneira concisa e visualmente atraente, alinhando-se bem com a natureza acelerada da comunicação digital contemporânea.
Pudemos perceber um uso mais enfático dessas ferramentas midiáticas durante a pandemia de COVID-19, período ao qual fomos limitados às interações físicas, e os memes emergiram como uma forma vital de manter a coesão social, dando os primeiros traços de uma ‘memorização’ da vida social. Serviram para expressar frustrações, medos, esperanças e experiências compartilhadas, criando um senso de comunidade mesmo na ausência de encontros presenciais. Foram memes sobre trabalhar de casa, participar de reuniões ao som dos animais de estimação, sobre o uso de máscaras ou sobre as novas rotinas de quarentena, proporcionando uma válvula de escape e um meio de conexão emocional.
No entanto, a substituição das interações sociais presenciais pelos memes também levanta algumas questões. Embora os memes facilitem a comunicação, eles não devem substituir completamente a profundidade e a riqueza das interações humanas face a face. O contato visual, as expressões faciais, o tom de voz e a linguagem corporal são elementos cruciais das relações humanas que os memes, por sua natureza limitada, não conseguem replicar.
Além disso, o uso excessivo de memes pode levar a uma comunicação truncada e superficial, onde nuances e contextos importantes podem ser perdidos, mal interpretados ou não dada a devida importância. A cultura do meme tende a favorecer a brevidade e o humor, o que pode dificultar discussões mais profundas e significativas sobre tópicos complexos. Também pode ocorrer o risco de uma alienação das interações, onde as pessoas, ao se acostumarem com a comunicação mediada por memes, podem sentir dificuldade em se conectar de forma autêntica e significativa em contextos offline.
Em resumo, enquanto os memes são uma ferramenta poderosa e relevante na comunicação contemporânea, especialmente em tempos de distanciamento social, é importante reconhecer suas limitações. Eles devem complementar, mas não substituir totalmente as interações presenciais, que são insubstituíveis para a construção de relações profundas e autênticas. A chave está em encontrar um equilíbrio, aproveitando os memes como uma forma de enriquecer nossas comunicações digitais, sem perder de vista a importância das conexões humanas diretas.