Paula Tavares de Souza Santos
Graduanda em História pela Universidade Federal de Sergipe (DHI/UFS)
Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)
Bolsista do projeto “Transformações no cotidiano de Aracaju durante a Segunda Guerra Mundial” (PIBIC)

Com a chegada da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), os moradores de Aracaju tiveram que lidar com dificuldades diárias. O conflito trouxe problemas, como a carestia, o aumento dos preços de alimentos básicos e o racionamento de produtos, incluindo a gasolina.
Segundo Neill Lochery, autor do livro “Brasil: os frutos da guerra”, publicado pela editora Intrínseca (2015), o nosso país dependia da importação de suprimentos dos Estados Unidos para manter a sua economia, sendo o combustível o setor mais vulnerável. Com as rotas marítimas em constante perigo de possíveis ataques inimigos, o governo havia instituído o racionamento da gasolina, proibindo o uso de carros oficiais e particulares.
Assim sendo, devido às importações limitadas, o Correio de Aracaju no dia 27 de agosto de 1942 informou aos ávidos leitores: “O racionamento determinado pelo governo atende as necessidades do momento crucial que estamos vivendo. Poupar muito, embora com sacrifícios, porque não sabemos até quando perdurará a situação que estamos enfrentando, corajosa e resignadamente”.
Ao que tudo indica, a Guerra e suas consequências não demoraram a se tornar tema de interesse entre os aracajuanos. Diariamente os citadinos ouviam falar do conflito através do rádio, dos jornais ou de conversas dispersas nas praças e nas ruas da cidade. Não tardou para que surgissem peças publicitárias explorando o tema da guerra na capital sergipana. Os periódicos eram os meios mais eficientes para a propaganda. Sua difusão diária e preço acessível, possibilitavam o alcance de maior número de pessoas.
Embora Aracaju buscasse manter sua imagem de cidade progressista e revestida por novidades, os automóveis, ícones da modernidade, precisaram ser substituídos por transportes mais econômicos. No dia 8 de outubro de 1942, o Correio de Aracaju noticiava que “o cavalo está voltando ao seu esplendor”. A guerra trouxe de volta os velhos hábitos “rurais” à capital.
Segundo Dilton Maynard, no livro “Dias de luta: Sergipe durante a Segunda Guerra Mundial”, publicado pela editora Multifoco (2011), os automóveis particulares eram utilizados para atividades recreativas com a família, para fins comerciais e até para a sedução das jovenzinhas dos subúrbios da capital. Assim, impedidos de transitarem com os carros particulares pela cidade, muitos moradores passaram a utilizar os bondes e as marinetes como principal meio de locomoção. O serviço de transporte público da capital demonstrou constantes falhas e diversos incidentes desagradáveis. Os bondes se viram abarrotados de gente, as vias não eram boas e o preço da passagem aumentava sem explicações plausíveis. Certamente os moradores da capital e os donos de automóveis não aceitavam a medida de restrição passivamente. Assim sendo, pelo que as fontes informam, o racionamento afetou Aracaju das mais diversas formas.