Diego Leonardo Santana Silva
Atualmente realiza pós-doutorado no PROFHISTÓRIA/UFS
Doutor em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)
O ano de 2025 traz consigo o retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Tendo governado o país entre 2017 e 2021, Trump, que havia sido derrotado por Joe Biden na busca pela reeleição em 2020, foi eleito em 2024 para mais quatro anos na Casa Branca, onde ficará até janeiro de 2029 já que não poderá disputar um novo mandato. A volta do republicano traz um presidente bastante poderoso que foi tirado do poder e agora recolocado pela vontade popular dos norte-americanos. Afinal, o que esperar disso?
Os anos de Trump fora da Casa Branca foram conturbados. A invasão do capitólio (prédio do poder legislativo americano) em 6 de janeiro de 2021 por seus apoiadores em oposição ao reconhecimento da vitória de Joe Biden chocou o mundo e mostrou o desprezo pela democracia e um apoio ao autoritarismo vindo de seus seguidores. Além disso, Trump respondeu a uma série de acusações criminais e chegou a ser condenado em uma delas. Mesmo assim, isso não mudou a ideia dos americanos em tê-lo de volta. Há quem acredite que, agora referendado nas urnas e ficando apenas mais quatro anos, Trump possa atacar parte da estrutura política e social dos Estados Unidos de maneira mais intensa. Afinal, agora ele fará um mandato por 4 anos, não podendo projetar uma eventual reeleição.
De fato, os Estados Unidos passam por um momento difícil ao ter sua hegemonia ameaçada. Os desafios do século XXI colocam a maior economia do planeta em contraponto com a ascensão de novos atores como a China Popular. É fato que a crise chegou aos Estados Unidos e o sentimento de insegurança e medo do futuro passaram a fazer parte do cotidiano dos americanos. Em momentos assim, olhar para o passado glorioso parece ser mais atraente. Por essa razão, projetar um EUA forte e a promessa de uma nova era de ouro fazem sentido vindo da parte de quem prometeu fazer a América Grande de Novo.
A projeção de sua imagem em seu retrato oficial e na escolha estética e simbólica vinda por apoiadores como Elon Musk demonstram que o governo Trump II deseja ser temido. A foto em seu retrato oficial, idêntica à que ele tirou quando foi fichado pela polícia em um dos processos, remetem a um Trump que vai para o confronto. Isso diz muito sobre a forma como ele agora pretende ser visto. Já a polêmica saudação de Elon Musk traz consigo um imaginário que remete ao nazismo. Enquanto a mídia internacional criticava Musk, ele fez questão de ir às redes sociais se manifestar afirmando que levantar o braço não é nada demais, comparando sua saudação a imagens de políticos democratas também levantando o braço daquela forma. Coincidência? Proposital?
Outra coisa que chama atenção é a agora aberta aliança com bilionários do Vale do Silício. Se a primeira eleição de Trump trouxe um debate sobre o poder das redes sociais e seu papel na democracia, o retorno de Trump consolidou a posição de bilionários como Elon Musk, dono da Tesla e do X, e Mark Zuckerberg, dono da Meta, que são contrários a políticas de regulamentação do uso das redes sociais. Em uma época na qual a política se debate em meio a uma guerra de narrativas, ter ao seu lado os donos de redes sociais tão poderosas faz com que o discurso trumpista possa se disseminar com mais facilidade.
Por fim, Trump já em seus primeiros dias de mandato baixou decretos contra imigrantes, atacou políticas de controle ambiental e fez declarações polêmicas como a afirmação de que os EUA não precisam da América Latina para nada. De fato, o mundo terá que conviver com mais quatro anos de Donald Trump, agora um Trump mais rigoroso, radical e poderoso.