Maria Luiza Pérola Dantas Barros
Doutoranda em História Comparada (PPGHC/UFRJ)
Integrante do Grupo de Estudos do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)
E-mail: perola@getempo.org
Pensar em espaços de lazer é pensar nos locais destinados à diversão e como eles foram utilizados na Aracaju que vivenciou a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Quais eram esses locais? Como diferentes grupos sociais consumiram tais espaços e recepcionaram as instruções sobre os comportamentos desejados pelas autoridades da época?
Cafés como o Ponto Chic, na esquina das ruas João Pessoa e Laranjeiras, era frequentado por um público quase totalmente masculino, servindo como ponto de encontro da sociedade sergipana e integrando o “circuito cultural” daquelas ruas. Nos anos de conflito, se conferiu em um dos poucos locais da cidade onde todos os homens, até os envolvidos com trabalhos relacionados com o governo, podiam se distrair da tensão imposta pela guerra e pela constante vigilância do Estado Novo.
Já locais mais conhecidos, como a Ponte do Imperador sempre atraíram pessoas, em particular casais, por ser considerada um lugar propício para galanteios em noite enluaradas. No contexto de guerra e de blackout programado, ela passou a atrair grupos de boêmios que gostavam de cantar e beber ao luar, transformando assim o ir à ponte em uma das formas de resistência perante as imposições do governo, além de ser também uma espécie de reação às medidas de esforço de guerra que foram adotadas por Sergipe.
Mas o lazer não estava concentrado no conhecido cartão postal da cidade de Aracaju. Locais como o Beco dos Cocos, formado pela proximidade de dois quarteirões que fazem fronteira com o prédio da Alfândega, entre a Praça General Valadão e os Mercados Centrais Antônio Franco e Thales Ferraz, era o maior reduto boêmio da capital sergipana em meados dos anos de 1940, e uma das principais zonas de prostituição por concentrar uma quantidade significativa de cabarés, boates e cafés. Já lugares como a Rua do Bomfim eram quase a única forma de “diversão” existente para trabalhadores de baixa renda frequentarem naqueles difíceis anos de conflito que muito afetaram o cotidiano dos aracajuanos.
Esses são só alguns dos muitos espaços de lazer e sociabilidade existentes em Aracaju durante a guerra. A partir deles, podemos prescrutar aspectos ligados ao cotidiano e às “batalhas” pelo controle dos hábitos citadinos em nosso estado.
Para saber mais:
BARROS, Maria Luiza Pérola Dantas. Um passeio pela Aracaju dos anos de 1940. Boletim Historiar, vol. 08, n. 01, Jan./Mar. 2021, p. 49-63. Disponível em: https://periodicos.ufs.br/historiar/article/view/15458/11641 último acesso em: 25/09/2024, às 22:09.
MAYNARD, Andreza Santos Cruz; BARBOSA, Caroline de Alencar.; MAYNARD, Dilton Cândido Santos (Orgs.). Segunda Guerra: histórias em Sergipe. Recife: Editora Universidade de Pernambuco, 2016.
MAYNARD, Andreza Santos Cruz; MAYNARD, Dilton Cândido. Leituras da Segunda Guerra Mundial em Sergipe. (org.) São Cristóvão: Editora UFS, 2013.
MAYNARD, Andreza Santos Cruz; MAYNARD, Dilton Cândido Santos. Dias de luta: traços do cotidiano de Aracaju (1939-1945). OPSIS, Catalão, v. 9, n. 12, jan-jun 2009.