“Se Algo Acontecer… Te Amo”: um curta-metragem comovente

Caroline Moema Dantas Santos

Mestranda em História Comparada pelo Programa de Pós-Graduação em História Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHC/ UFRJ)

Especialista em Ensino de História e Novas Abordagens pela Faculdade São Luís de França (FSLF)

Graduada em História Licenciatura pela Universidade Federal de Sergipe (UFS)

Integrante do Grupo de Estudo do Tempo Presente (GET/UFS/CNPq)

E-mail: moema@getempo.org

Orientador: Dr. Dilton Cândido Santos Maynard

Cartaz de divulgação do curta-metragem: Se Algo Acontecer… Te Amo (If Anything Happens I Love You). Disponível em: https://cinemacomrapadura.com.br/criticas/590412/critica-se-algo-acontecer-te-amo-netflix-2020-um-sensivel-choque-no-trem-da-vida/. Acessado em: 06 de dezembro de 2021.

 

Vencedor do Oscar de melhor curta-metragem do ano de 2021, Se Algo Acontecer… Te Amo (uma tradução literal de If Anything Happens I Love You) é uma animação de 12 minutos, em preto e branco, com detalhes em tons coloridos. Lançada pela Netflix e produzida pelas Companhias Gilbert Films e Oh Good Productions, tornou-se uma sensação em muitos países, não sendo diferente no Brasil. Os diretores e roteiristas Will McCormack e Michael Govier narram de forma criativa e emocionante a história de um casal que está tentando superar a morte da única filha. Apesar de a trama não ser inspirada em um caso real, a história contada parece fazer referência ao tiroteio que aconteceu em Columbine High School, uma escola de ensino médio localizada no Estado do Colorado, nos Estados Unidos.

O curta é produzido a partir de desenhos feitos à mão, que retratam a rotina familiar de um casal que tem uma filha de 10 anos de idade. Através de um emaranhado de acontecimentos, a história é contada do presente para o passado. Os diretores utilizam a semiótica cinematográfica para montar as cenas, valendo-se de um jogo de sombras que ajudam a expressar os sentimentos e as ações dos personagens. Por isso, é possível identificar que as cores preta e branca, traduzem a melancolia e a tristeza; já os tons coloridos, comunicam a presença do amor, do companheirismo e da reconexão do casal enlutado.

Esse jogo de cores é acompanhado por uma trilha sonora, que substitui de forma eficiente a ausência dos diálogos no filme, atraindo o olhar atento do espectador. Se Algo Acontecer… Te Amo nos leva na direção do indizível, mas nos permite entender nitidamente a referência feita no final do curta ao massacre de Columbine (1999).

Esse triste episódio marcou negativamente a sociedade estadunidense. Nesse lamentável acontecimento, dois estudantes, Eric Harris e Dylan Klebold, invadem uma escola, fazem um tiroteio e atacam estudantes e professores da escola, tendo como resultado 13 pessoas mortas (uma delas foi um professor) e outras 21 feridas.

O ataque foi planejado por dois jovens que não tinham uma vivência social saudável; as anotações nos diários dos jovens revelaram frustração, ódio e revolta. Desenhos da suástica foram encontrados no diário de Eric Harris, o que comprova a influência do neonazismo na vida do jovem. A mãe de Dylan, Sue Klebold, afirma que o filho era um depressivo suicida e diz não saber como ele pôde planejar e executar tal ação. Após o ataque, eles cometeram suicídio e até hoje não há explicações para a ação desses jovens, tampouco uma resposta foi dada às vítimas do ataque e à sociedade.

Em entrevista à revista Veja, a produtora executiva do curta, Laura Dern, afirma que os “Estados Unidos viviam um inferno”, referindo-se aos tiroteios que aconteciam nas escolas. Disse ainda que “O problema é que vivemos sob o comando de líderes que não possuem empatia pelo próximo”. É importante ressaltar que na época da entrevista o presidente dos EUA era Donald Trump. No entanto, não podemos resumir o ataque à Columbine High School e tantos outros à falta de empatia do governo. Existem diversos fatores que provocam esses infelizes eventos.

Por ser classificado pela Netflix com faixa etária de 12 anos, o curta-metragem oportuniza os adolescentes a terem contato com um tema que merece a atenção de todos. O curta foi considerado uma obra-prima, pois mesmo tendo um enredo relacionado ao massacre de Columbine, é possível identificar no curta-metragem diversas mensagens de superação, otimismo e esperança, que nos levam a acreditar em dias melhores.

A história de destruição e dor é transformada em um exemplo de resiliência e amor. Em uma das últimas cenas, a garotinha de dez anos deixa uma mensagem de amor para seus pais e para toda a humanidade (If Anything Happens I Love You, Se Algo Acontecer… Te Amo). Pensar sobre os malefícios e consequências desses ataques faz todo sentido, não só para compreender os malefícios na vida de quem passou por eles, mas também para tentar evitar que essas tragédias se repitam.

 

Para saber mais:

FISCHBERG, Josy. Vinte Anos após Columbine: ‘Ouçam seus filhos’, diz a mãe de um dos atiradores. Jornal O Globo, 2021. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/brasil/celina/vinte-anos-apos-columbine-oucam-seus-filhos-diz-mae-de-um-dos-atiradores-23612078>. Acessado em: 13 de novembro de 2021.

SE ALGO ACONTECER… TE AMO. Direção: Will McCormack e Michael Govier. Produtores: Michael Govier, Gerald Chamales, Maryann Garger, Gary Gilbert. Plataforma: Netflix. Data: 20 de novembro de 2020. Duração: 12 min. Disponível em:<https://www.netflix.com/title/81349306>. Acessado em: 14 de novembro de 2021.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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