Recebi um telefonema de Giralomo Pingafora, que era casado com Girolama Pindamonha, e porque brigavam muito, resolveram se largar.
Um mora em Camanduquiba outro na praia de Setenária, só para dizer que na vida, o que não é ficção precisa, restar por enleio ou mote, um xote de vinhatação.
Porque a vida se não for assim, fica muito chata, com tanta gente tirada a santo, em suprema correção.
Que o digam, no plural por serem muitos, infindáveis, incontáveis, inumeráveis, quiçá, talvez, infinitos, ou infindos, como quiserem tantos Quincas e trincas a julgar pelas pesquisas eleitorais, que afirmam, sem contesto ou indetermino, estar o Presidente Bolsonaro deliquescendo como sal marinho, se corroendo.
E o pior é que em tantos Girolamos e Girolamas, na lama se atolam todos, com raiva e ao descabelo, com rimas más, ou sem aprumo, por bom do mesmo.
Porque o que incomoda não é o verso mal-ouvido, repetido e engolido.
O que abespinha, emputece e aborrece, é o Mito ser gorjeado e gorgolejado pela multidão por onde passa, suscitando a regurgitação daqueles que o terão de deglutir, engolir ainda, e por algum tempo…
E bote tempo, talvez!, como se fora um rícino purgante, para sanear-lhe o existir.
É como a vida ensina: quando a cabeça não pensa, dá-se cabeçada!
Como dói!
A dor é tanta, que encontro na imprensa europeia, uma tentativa de proibir, via lei constitucional até os festejos de Natal, no caso vedar os votos de “Joyez Noel”, a exibição dos Presépios em Praça Pública, de Pinheirinhos, extensão que se quer mais ampla com o veto notarial dos nomes Jean e Marie, para os novos rebentos a vingar.
Coitado dos Jean e das Marie do “à venir”! Tão docemente concebidos e tão incomodativos agora, em nome de um laicismo exagerado, compatível a um republicanismo modal, que para ser real, tem de se valer: agnóstico!
E o pior dessa coisa toda, é que todas as agremiações políticas do velho mundo, olham de banda tal proposta infanda, fingindo nada ver ou sentir, sortindo mesmo uma coceira de chulé, louca vontade de aplaudir.
E nesse apoio envergonhado, dia virá talvez, que um Jean qualquer ou Jean perilué, em nome dessa República sem Deus, mas com chulé, tenha que mudar de nome, quem o sabe ser trocado por Jair, só para ao Jair se acarinhando!
Todavia, enquanto o costume não entorta a boca e o cachimbo, voltemos a Giralomo e Girolama só para dizer do desentendimento que os separou.
Foi uma coisa tola no começo… Coisa de uso do sanitário comum.
Girolamo Pingafora, por hábito trivial da juventude, deixava sempre molhado o acento do vaso sanitário, coisa comum aos homens pouco educados.
Pingar num balanço fora do vaso lhe dava até sorriso, gaitadas do próprio desleixo, o que enfurecia a consorte.
E assim de micada em micada, “dans une belle journée, à Paris, la patience à mijoté (au passé composé), ou mijota (au passé simple), explosivement!”
Só para dizer que “mijoter”, longe de ser o que parece, é apenas ferver, cozinhar, e “doucement”, é fazê-lo lenta e suavemente.
Quanto “au passé simple”, explicitado, só tem bom uso para dizer que a fervura aconteceu definitivamente, como passado, historicamente inconformado.
Porque ainda se poderia usar em outros conformes o “plus-que-parfait: (il avait mijoté)” ou o “passé anterieur: (il eut mijoté)”, o sentido tendo que ser melhor modificado na frase que se deseja ao fato, de a briga descrever.
O problema é que um gritou para o outro em vernáculo pátrio, ser este um filho de puta, o que azedou a fervura.
E foi nesse contexto que a resposta me surgiu: Há quem queira chamar alguém, por pior desdém do agrado, ser este filho de puta, de uma quenga ou rapariga.
Rapariga, por maus modos, de moça singela e donzela, nunca fora vera puta, em moda avoenga de meretrício.
Daí melhor dizer sem artifício ou bulícios, de nódoas plenas, ser este um filho pior, de um mal gozo, em broncos tombos, de uma biga, ou de uma briga, mal desfeita, aos coices e aos alcoices, pior gestado e concebido.
O resto é conversa fiada, porque é sempre bom louvar as ternas putas em seu carinho embevecido e adocicado.
Quanto aos filhos de uma má briga, ou numa biga aos maus tombos assim gozado, fica por conta do sêmen inútil, solto ao léu e mau lançado, ao labéu final concebido, do parido destinado.
É como vejo essas pessoas de pior agrado.
Enfim, a vida é assim, há quem goste do que fui, sou e serei, e há outros que não gostarão de mim jamais: e dos meus textos!
Com rumo, ou sem prumo, é bom saber que pessoas me seguem, mesmo sem gostar.
Aqui não há peçonha nem engodo: “Hic non sunt draconis”.
Vamos em frente!
Feliz 2022!