GOVERNO ATORDOADO

O Governo Federal está visivelmente atordoado. Há sinais visíveis de desentendimentos dentro da organização oficial, com irritações aparentes de personagens importantes na cúpula da administração federal. A vitória do deputado Severino Cavalcanti (PP) para presidente da Câmara Federal, provocou uma espécie de “labirintite” nos segmentos mais importantes do Planalto, e na própria base do Governo no Congresso, inclusive no presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Zonzo com a derrota, o presidente foi desastroso em um pronunciamento no Espírito Santo, quando revelou que um dos seus principais auxiliares lhe comunicou corrupção no processo de privatização do governo anterior. O escorrego lhe provocou incômodos políticos, que já chegou ao Supremo Tribunal Federal e serve de discurso para a oposição na Câmara e Senado.

 

Ao anunciar que acobertou corrupção, Lula teria praticado crime de prevaricação, porque não tomou providências para apurar e denunciar os culpados.

 

Dentro ainda desse impacto que sofreu com a derrota na Câmara, o presidente Lula da Silva vai promover uma reforma ministerial a partir da próxima segunda-feira. Pressionado pelo PT e por partidos da bancada governista, às vésperas dessa reforma, o presidente fez um desabafo, em conversas reservadas, na semana passada: ameaçou não concorrer à reeleição em 2006, caso sejam criados obstáculos à consolidação do governo de coalizão, dentro das mudanças que fará na administração: “não tenho apego ao cargo. Se acharem que estou atrapalhando, volto pra casa após o mandato. E vão ter que arrumar um outro candidato para 2006”, teria afirmado o presidente durante uma reunião no Palácio do Planalto, no rastro da polêmica sobre as declarações de que teria abafado a denuncia de corrupção no Governo Fernando Henrique Cardoso.

 

O presidente está muito irritado com a carga do PT, intensificada nos últimos dias, cobrando a saída de Aldo Rebelo (PCdoB) da Coordenação Política. Para seu lugar os petistas querem o ex-presidente da Câmara, deputado João Paulo Cunha (PT). Lula, no entanto, estaria convencido de que Aldo, pessoa de sua estrita confiança, tem o perfil ideal para exercer a função. O presidente entende que seu auxiliar transita com desenvoltura entre os partidos da bancada governista. Essa exigência do PT fez com que o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo telefonasse para o presidente do partido, José Genoino, cobrando uma posição da sigla em relação à vontade de reassumir a articulação política. Disse que, se o PT quisesse o seu lugar, que se manifestasse publicamente sobre o assunto. Assim, sairia de forma amistosa, sem criar empecilhos. Esse clima dentro do Governo, em que envolvia o Partido dos Trabalhadores, fez com que o presidente da legenda, José Genoino, ameaçasse deixa o comando petista: “se não estou servindo mais, vou para casa”, disse em entrevista rápida a uma emissora de televisão. 

 

Mas não foi apenas isso. Terça-feira passada, com o corte de R$ 2 bilhões do orçamento do Ministério da Reforma Agrária, houve uma reação forte do ministro da área contra o seu colega da Fazenda, Antônio Pallocci. Irritado, o ministro da Reforma Agrária declarou que, com o corte, o projeto de assentamentos não poderia ser cumprido durante o Governo do presidente Lula. Pallocci não considerou as críticas feitas pelo seu colega da Reforma Agrária e preferiu minimiza-la como uma reação de quem deseja cumprir um projeto e se ver impossibilitado. Mesmo com essa confusão na administração petista, o presidente Lula da Silva não perdeu sua popularidade, segundo pesquisa divulgada por um jornal de São Paulo. A pesquisa foi realizada antes do presidente conceder um aumento de 0,1% ao funcionalismo público federal, percentual que deve ter saído em um momento de maior crise da “labirintite”. O presidente Lula deve impor a normalidade dentro de sua equipe com a reforma, mas está evidente que o “Efeito Severino” mexeu com os nervos dos partidos que dão sustentação política ao governo.

 

 

TELE PRONTO

O deputado estadual Venâncio Fonseca (PP) disse que o marqueteiro Duda Mendonça tinha que deixar a rinha de galo e acompanhar sempre o presidente Lula.

Segundo Venâncio, se tirarem o tele pronto da frente do presidente, os seus pronunciamentos passam a ser uma verdadeira tragédia.

 

EFEITO

Para Venâncio, o discurso de Lula no Espírito Santo foi o “efeito Severino”, porque o pessoal do governo ainda está atordoado com a derrota.

Acha que Lula da Silva subestimou o candidato do PP e esqueceu o ditado do Nordeste que diz o seguinte: “quando dá para mim, Severino conhece”.

 

GUALBERTO

O deputado Francisco Gualberto (PT) disse que o seu colega Venâncio Fonseca é de um partido que, a nível nacional, mama no poder.

Gualberto Lembra que com Severino “o PP quer mais leite”. Lamenta que em Sergipe o partido de Venâncio “mete a faca na vaca”.

 

CORRUPÇÃO

O deputado Francisco Gualberto lembra que as declarações de Lula se referiram “à política corrupta de privatizações do ex-presidente FHC”.

E perguntou: “por que o deputado Venâncio sustentou esta política no estado e agora quer que se faça a apuração do que disse Lula”?

 

ARROGÂNCIA

A direção nacional do Partido dos Trabalhadores, inclusive o presidente José Genoino, tem dito que há necessidade da legenda diminuir a arrogância.

Os aliados do PT, em Sergipe, acham que “não basta diminuir, tem que acabar com a arrogância porque o PT sempre foi um partido que combateu esse comportamento”.

 

ARTICULAÇÃO

O prefeito de Aquidabã, Eurico Souza Filho (Euriquinho), do PFL, disse ontem que o Governo está precisando avançar nos entendimentos político e articular com os aliados.

Disse que “é bom tomar providências antes que seja tarde, porque há uma reclamação generalizada de lideranças e prefeito do interior, que se consideram excluídos do processo”.

 

ASSESSORIA

A assessoria política do governador anuncia que João Alves Filho (PFL) vai iniciar o processo de articulação com lideranças da capital e interior, ainda este mês.

O pessoal reafirma que João Alves passou os dois primeiros anos organizando o estado e dando andamento às obras. A partir de agora vai fazer política.

 

ALMOÇO

O prefeito de Canindé Orlando Andrade Filho (Orlandinho) almoçou em Aracaju com o ex-governador Albano Franco, o deputado Ulices Andrade e o jornalista Luiz Eduardo Costa.

O objetivo foi pedir o apoio de Luiz Eduardo (PL), que tem uma rádio na região e participa da política em Canindé. O almoço foi ontem em um restaurante da orla.

 

CANDIDATURA

A opinião é unânime dentro do ninho tucano: Albano Franco será lançado ao Governo do Estado pelo PSDB.

O secretário geral, Ulices Andrade, disse que ainda vai aguardar a decisão do Diretório Nacional, para ver o que acontece.

 

ENTREVISTA

O senador Almeida Lima (PSDB) não quer falar sobre a questão de sua filiação agora, mas está marcando uma coletiva com a imprensa para amanhã pela manhã.

Antecipa, apenas, que as explicações que dará durante o contato com jornalistas serão “esclarecedoras e desmoralizantes”.

 

COMPLICA

As divergências entre o grupo do senador Almeida Lima e do ex-governador Albano Franco chegaram a um ponto que é impossível caber os dois dentro do ninho tucano.

Quando o processo deixa de ser político para ser pessoal chega-se ao limite da tolerância e convivência. O PSDB ficou muito pequeno para os dois.

 

ASSUME

O deputado federal João Fontes (PDT) disse ontem que tem conversado com deputados do PSDB e alguns senadores sobre a situação do partido em Sergipe.

João Fontes disse que todos eles estão sabendo que o senador José Almeida Lima vai assumir o comando tucano dia 30 de março.

 

RELATOR

O deputado federal Heleno Silva (PL) é o relator da Medida Provisória que cria o micro-crédito produtivo.

Ontem à noite ele deu parecer fazendo alterações. Quer que os bancos de desenvolvimento também operem esse crédito.

 

MOVIMENTO

Um integrante da oposição disse ontem que o prefeito Marcelo Déda (PT) é o candidato natural da oposição, “pela votação que teve e porque não apareceu outra pessoa”.

Acha que Déda tem consciência disso e acha que será eleito sem atender às bases: “em razão disso tem surgido o nome do senador Valadares, que toma fôlego no interior”.

 

Notas

 

IRRITAÇÃO

Pelo menos quatro deputados estaduais, integrantes da base do governo, estão reclamando da indiferença como o secretário da Educação, Lindberg Lucena os trata. Um deles fez severas críticas a Lucena, porque esteve em seu gabinete e o secretário não o atendeu, depois de algumas horas de espera.

Ontem, uma das mais importantes lideranças políticas do grupo vinculado ao governador, ironizou o secretário Lindberg Lucena: “ele está se comportando como um lorde e pensa que é prefeito de Londres”.

 

BARGANHA

“O orçamento da União é uma peça de ficção, é o orçamento da mentira, da barganha e da demagogia”, disse o senador Almeida Lima ao criticar o contingenciamento de verbas orçamentárias determinado nesta semana. Do valor destinado a investimentos no país, R$ 8,3 bilhões não foram liberados.

“O governo não libera verbas porque pretende posteriormente usá-las para barganhar com o Parlamento. Não dá pra esconder o sol com a peneira. O governo faz isso para estabelecer barganhas junto a congressistas”, disse.

 

COMISSÃO

O senador Antônio Carlos Valadares (PPS), integra a comissão mista especial destinada a propor mudanças na elaboração do Orçamento da União. As mudanças visam assegurar a transição entre um orçamento autorizativo e um orçamento impositivo. A comissão tem 30 dias para concluir os trabalhos.
”Como está não pode ficar. O Orçamento não é uma lei; é meia lei” afirmou Renan Calheiros, após encontro com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti. O relator será um deputado e o presidente um senador.

 

 

É fogo

O Deso está fazendo racionamento no abastecimento de Aracaju, porque os níveis dos rios estão baixos. Cada dia falta água em uma área da cidade.

 

Com o calor que está fazendo fica difícil pessoas que não têm reservatório em casa, ficar sem tomar banho.

 

Os elevadores do Palácio dos Despachos estavam com problemas até à tarde de ontem e o atendimento no terceiro andar foi reduzido.

 

A deputada Ana Lúcia (PT) viajou ontem a Brasília, acompanhando um grupo do MST que tem audiência hoje nos Ministérios.

 

A deputada Ana Lúcia declarou que então deputado federal Lula da Silva tinha razão quando disse que na Câmara havia 300 picaretas.

 

Segundo Ana Lúcia, isso ficou provado depois da eleição de Severino Cavalcanti (PP) para presidente da Câmara.

 

Uma boa parte dos deputados federais estão trabalhando para não aprovar o aumento do salário parlamentar para R$ 21 mil.

 

Também estão tentando frear a escalada de aumento do salário dos ministros do Judiciário. A desproporção entre o piso e o teto é muito grande.

 

O deputado Mardoqueu Bodano (PL) defendeu que os policiais militares permaneçam na segurança da Assembléia Legislativa, Tribunal de Contas e Tribunal e Justiça.

 

Uma Comissão Parlamentar está tentando marcar uma audiência no Tribunal de Contas da União, para evitar o início das obras de transposição, sem licença prévia do Ibama.

 

Empresários do setor comercial e de serviços agora poderão contar com uma linha de financiamento do Banco do Nordeste.

 

A Receita Federal liberou os programas para declarações do imposto de renda de 2005 (ano base de 2004).

 

brayner@infonet.com.br

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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