Gráfica Editora J. Andrade

Oficina Tipográfica, gravura de Jan van der Straet (1590)
No último dia 15 de setembro a Gráfica Editora J.Andrade completou 43 anos de existência, como um empreendimento familiar vitorioso, que deu a Sergipe uma imensa contribuição, atendendo com serviços de gráfica e de editora as demandas sergipanas. Fundada em 1964, a pequena gráfica de Jesonias Andrade, sua mulher Maria Gonçalves Andrade e seu filho Stênio Gonçalves Andrade não temeu os tempos difíceis da ditadura militar, que impôs censura à  criação e à edição de textos, assumindo uma posição consciente de liberdade. E assim, fiel aos princípios que adotou desde que foi criada e instalada, na rua Divina Pastora, 531, a Gráfica Editora J. Andrade, ou Indústria Gráfica J. Andrade Ltda., percorreu com dignidade mais de quatro décadas, sempre atendendo com qualidade a sua clientela.

Sergipe contou, em sua história, com poucas gráficas, algumas das quais editoras de jornais, e não teve editoras comerciais, para difundir a literatura local. A Livraria Regina, campeã de títulos, tinha selo editorial, mas não passava de uma gráfica. A Livraria Monteiro, situada, como a Regina, no mesmo trecho da rua de João Pessoa, entre Laranjeiras e São Cristóvão, também era uma pequena gráfica e raramente editava livros. Outra oficina gráfica, a Casa Ávila, que ainda funciona, foi sempre mais uma papelaria, com formulários e livros, do que uma editora. O mesmo se poderá dizer da Gráfica Nacional, e, depois, da Gráfica Nascimento. A Imprensa Oficial, hoje DEGRASE, teve um período que executava serviços gráficos e editoriais, mas acabou sendo mesmo consolidada como a impressora do Diário Oficial , nos moldes da Tipografia Provincial.

Jesonias Andrade, nascido em 6 de novembro de 1904, em Nossa Senhora das Dores, e falecido em Aracaju, em 27 de agosto de 1994, era um homem simples, prático, mas de rara sensibilidade. Sabia distinguir os trabalhos, distribuindo-os na gráfica com paginadores e impressores, nas pequenas e velhas máquinas. Com o tempo adquiriu máquinas novas, deixando a parte comercial com Stênio Gonçalves Andrade, mais tarde ajudado pelo irmão Clóvis Gonçalves Andrade, pelo irmão José Augusto Gonçalves Andrade, o Duda, e por um grupo seleto de colaboradores, que respondem pelo sucesso da empresa, e entre os quais devem ser citados Wilton, que hoje tem negócio próprio, Cláudio e Marcos. Hoje, a terceira geração de Jesonias Andrade – Rodrigo, Rafael, Cibele e Andréa – já divide responsabilidades, moderniza o parque industrial e aperfeiçoa a qualidade dos impressos, desde um simples convite, até um sofisticado álbum, ou livro encadernado, cumprindo uma bela história de trabalho, esforço e competência exemplares.

Há 43 anos que a Gráfica J. Andrade faz um nome na história empresarial de Sergipe, investindo com arrojo no parque gráfico, dando autonomia de concorrência com centros mais adiantados. Sob o comando de Stênio Gonçalves Andrade, a Gráfica J. Andrade fez investimentos pesados, atualizou-se tecnologicamente, preparou mão-de-obra, sem contudo apagar o esforço inicial, fruto da vontade e da dedicação de uma família inteira, envolvida com a produção. De um livro de arte, todo em policromia, a um pequeno folheto, do tamanho de um cordel, a Gráfica J. Andrade acompanhou e testemunhou a evolução da literatura sergipanas, rodando os livros dos muitos autores: Santo Souza, Jackson da Silva Lima, Dom Luciano Duarte, Carlos Brito, dentre muitos outros.

A Gráfica Editora J. Andrade é um empreendimento notável, merecedor de todos os elogios públicos, pela contribuição que dá, há mais de quarenta anos, a Sergipe e à cultura sergipana.

 

 

 

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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