Esta semana, um dos jornais diários de Aracaju cobrou de forma contundente que o prefeito da Capital, Marcelo Déda, fosse objetivo e expusesse o que pensa, afinal, sobre a polêmica questão da transposição do São Francisco. A cobrança foi por demais pertinente. Não que nós não saibamos o que pensa o prefeito. Ele já expressou seu ponto de vista em algumas ocasiões. Mas diante de todo imbróglio gerado a partir do “debate” de segunda-feira, na sede da OAB nacional, em Brasília, caberia, sim, ao prefeito Déda um pouco mais de atenção sobre o tema.
É óbvio que estão utilizando a transposição como ferramenta política. Tanto os que são contrários quanto os que são a favor. Trata-se de um jogo. O presidente Lula, por exemplo, aposta todas as fichas nessa obra que, no seu entender, será a redenção do povo pobre do semi-árido do Nordeste setentrional. Ou seja, traduzindo do politiquês: vai lhe render muitos votos na hora da reeleição. Ciro Gomes acompanha a aposta do presidente. E o governador de Sergipe, João Alves Filho, não quer pagar para ver. Prefere jogar seu cacife no discurso da revitalização, já que soa bem e é muito mais palatável entre os sergipanos.
Um fato curioso, no entanto, é que a grande maioria da população brasileira não sabe sequer o que significa a palavra transposição. Se for feita uma enquete entre os ribeirinhos do Velho Chico, com toda a certeza, as respostas serão as mais estapafúrdias possíveis. Quanto mais quais serão seus efeitos no dia-a-dia dessa gente. O povo, como de costume, continua servindo como massa de manobra dos políticos.
Na realidade, o que está em jogo são as eleições de 2006. E a rodada agora trata apenas da lapidação dos discursos futuros. É o que podemos chamar de guerra da comunicação.
Por isso, dissemos, no início deste artigo, que caberia ao prefeito de Aracaju, Marcelo Déda, dar um pouco mais de atenção ao tema. Se ele aposta no projeto do compadre Lula – e nem é louco para contestá-lo -, não seria este o momento adequado de desfraldar, com garra, a bandeira de uma revitalização paralela? Não atrapalharia a intenção do governo federal e ainda ficaria bem na fita, entre os sergipanos, como um jovem político de bom senso. No muro é que não dá.