Além de uma guerra armada, a Ucrânia e a Rússia também passam por uma batalha no espaço virtual. Desde antes mesmo do primeiro dia de conflito, a quantidade de fake news aumentou consideravelmente, desinformando a população e assediando os opositores.
As big Techs (*) que são isentas da responsabilidade do que os internautas publicam em suas redes sociais, pela primeira vez parecem ter deixado de lado o discurso da democracia da internet e alegam estar trabalhando para a diminuição do ódio e das fake News oriundas dos dois países. Mas a Rússia garante que os gigantes da tecnologia deixaram de ser neutros e estão exibindo suas cores políticas ao restringir alguns produtos no país.
Facebook
No início do mês, o Facebook foi uma das empresas envolvidas em sanções contra páginas controladas pelo governo Russo.
Além da verificação de notícias em relação à invasão da Ucrânia divulgadas por quatro meios de comunicação da Rússia, a empresa decidiu impedir a monetização de conteúdos dessas páginas alegando a divulgação de informações falsas.
O Facebook ressaltou a necessidade de checar os fatos das organizações de notícias estatais e informou que este trabalho vinha sendo feito por agencias parceiras e independentes.
Em resposta, a reguladora de comunicações da Rússia bloqueou a rede social da Meta. A alegação é que a companhia americana está censurando a mídia russa em sua plataforma.
Google
Outra represália aos russos veio do Google, que também bloqueou a monetização de sites, aplicativos e canais no YouTube da imprensa estatal russa.
A agência de notícias Reuters informou que o Google ainda desativou temporariamente dados de tráfego ao vivo do Google Maps na Ucrânia, visando a segurança dos ucranianos, após consultar autoridades regionais.
Youtube
No dia 1º de março, o YouTube resolveu ir além e bloqueou os canais ligados à rede de TV Russia Today e ao portal Sputinik, ambos veículos de comunicação estatais controlados e financiados pelo governo russo, em toda a Europa.
E na última sexta-feira, 11, o YouTube afirmou que está bloqueando imediatamente o acesso global a canais financiados pelo governo russo alegando que a invasão da Ucrânia pela Rússia se enquadra em sua política de eventos violentos.
Twitter
De acordo com a ONG NetBlocks, o Twitter teve seu acesso restrito na Rússia desde os primeiros dias do conflito, após vídeos e imagens da invasão dos russos viralizarem na rede social.
Em resposta
No início do mês de março, a agência de notícias russa TASS informou que Facebook e o Twitter também foram bloqueados no território russo. E, na semana passada, a Rússia divulgou o banimento do Facebook no país em resposta ao que classificou de restrições de acesso à mídia russa na plataforma, além de ter anunciado que, a partir desta segunda, 14 de março, o Instagram também será restrito e a Meta responderá um processo criminal onde a Rússia solicita que a empresa seja reconhecida como uma “organização extremista”.
Como alternativa, desde o início da guerra, os russos têm migrado para redes privadas virtuais (VPNs) e aplicativos de mensagens criptografadas, ferramentas que podem ser usadas para acessar sites bloqueados de notícias e de redes sociais, a exemplo do Facebook.
O que se sabe é que a Rússia se prepara há quase dez anos para desligar a internet global, criando a RuNet (uma espécie de internet interna). Ela será ativada em caso de ameaças, bloqueios exteriores da internet ou para proteger o país de ciberataques.
Não sabemos até onde está guerra cibernética chegará, mas estas ações fazem questionar se a guerra pode alterar também os fundamentos da internet global.
*Big tech – são as cinco maiores empresas da indústria de tecnologia da informação dos Estados Unidos.