Himmler sabia!

O Conde Von Stauffenberg fez a sua parte e mais além. Colocou a bomba na sala onde acontecia a

Heinrrich Himmler
reunião de cúpula do Reich, na Toca do Lobo, em 20 de julho de 1944. Ele chegara atrasado à reunião porque demorou para acionar secretamente o dispositivo de gatilho da bomba em função de sua deficiência física e o encontro havia sido antecipada em uma hora, para que o Fuhrer tivesse mais tempo com o Duce (Benito Mussolini), que chegaria logo mais.  Colocou a pasta contendo o explosivo abaixo da mesa, na posição que queria, saiu na hora certa, mas aí aconteceu o  imponderável. O coronel Brandt, para chegar mais perto de Hitler, deslocou  a pasta com o pé de sua posição original.  E quando a bomba explodiu, por ironia do destino, sem saber, ele foi a maior vítima. Trocou a sua vida pela sobrevivência do ditador. Estranhamente, Himmler não  estava na sala. A tentativa anterior já havia sido abortada pela cúpula dos conspiradores pelo mesmo motivo:  Himmler também não estava na sala. Estranho.

No filme recém exibido em Aracaju, que conta a história do atentado, a figura de Himmler, fundador  das SS , chefe da Gestapo e um dos principais mentores da “solução final” para os judeus, passa ao largo sem nenhum destaque. No entanto, com a leitura do livro “Operação Valquíria”, do pesquisador espanhol Jésus Hernández, pude obter informações que no mínimo dão asas à imaginação. É bem verdade que o autor, em nenhum momento, levanta a hipótese da participação dele no atentado.  Ao contrário,  todos sabem que Himmler foi incumbido por Hitler para punir exemplarmente os traidores.

Mas é pouco provável que o chefe das SS não soubesse de nada, que algo estaria sendo tramado para eliminar seu chefe, que o autor do atentado poderia estar ali bem próximo e portanto nada  ter feito para deter essa intenção. Impossível que a trama articulada por altas patentes alemãs, que perdurou por longo tempo,  tenha passado despercebida pelo famigerado “carniceiro”, como era mais conhecido pela suas atrocidades. Himmler na prática seria o sucessor de Hitler, apesar de que, na linha hierárquica, o bonachão Comandante-em-chefe da  Luftwaffe Hermann Goring  fosse oficialmente o sucessor do Fuhrer.

Nesse caso, o desaparecimento de Hitler interessava àquela altura aos seus principais sucessores, que já haviam tentado negociar secretamente com os aliados uma rendição condicional. Outro aspecto não devidamente analisado foi a promoção conferida ao Conde Stauffenberg semanas antes do atentado, possibilitando que ele tivesse acesso ao círculo íntimo de poder do Reich, por uma decisão do coronel-general Fromm, que apoiava dubiamente o golpe.

O fato é que,  na Operação Valquíria, cuja articulação era extensa, havia três grupos: os líderes principais, todos devidamente punidos com a morte, um segundo grupo dos que sabiam, mas faziam que não sabiam, do qual faziam parte o coronel-general  Fritz Fromm e o marechal de campo Hans Kluge, entre outros, que foram mortos posteriormente e finalmente os que sabiam, mas ninguém sabia que eles sabiam, por isso nada fizeram para impedir o atentado. Aí entra  Himmler,  na minha opinião, que seria beneficiado com a morte do ditador. Outro que se enquadraria nesse grupo era Rommel, apesar de não concordar com o assassinato do ditador. A rápida aniquilação da cúpula conspiratória nas primeiras 12 horas após o atentado demonstra claramente que Himmler sabia com antecedência do plano e nada fez para impedir.

O final da história todos sabem. Com a queda de Berlim e o suicídio de Hitler, Himmler foge, mas é descoberto e comete também o suicídio, escapando assim do Julgamento de  Nuremberg, deixando no ar um enigma a ser desvendado.

Fontes consultadas:

1.       Hernández, Jesús – Operação Valquíria. Editora Novo Século – São Paulo, 2009

2.       Shirer, William L. – Ascensão e Queda do Terceiro Reich, vol. 2 – O começo do fim. Editora Agir – 2008

3.       Glasmann, Gabriel – Objetivo: Caçar o Lobo. Editora Madras – São Paulo, 2007

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais