O turismo em Cuba, tradicionalmente um dos pilares da economia local, vive uma das piores crises das últimas décadas. Em 2025, a chegada de visitantes estrangeiros caiu cerca de 20% nos primeiros nove meses do ano, em comparação com o mesmo período de 2024. O país havia projetado receber 2,6 milhões de turistas, mas dificilmente atingirá a meta, segundo dados do setor.

O resultado repete a tendência negativa de 2024, quando o número total de visitantes ficou em torno de 2,2 milhões — um dos piores índices desde a pandemia. A ocupação hoteleira média está em torno de 24%, revelando a dificuldade de atrair novos viajantes mesmo em destinos antes populares como Varadero e Havana.
Fatores econômicos e estruturais internos
Analistas apontam que, embora as sanções econômicas dos Estados Unidos — em vigor desde a década de 1960 — continuem a limitar o acesso de Cuba a investimentos e transações financeiras internacionais, os principais entraves atuais estão dentro da própria economia cubana.
Entre os fatores mais críticos estão:
• Apagões e escassez de combustíveis, que comprometem transportes e serviços básicos;
• Infraestrutura hoteleira defasada, com manutenção irregular e dificuldade de reposição de insumos;
• Instabilidade cambial e inflação alta, que encarecem produtos e reduzem a competitividade turística;
• Falta de diversificação econômica, que mantém o país excessivamente dependente do turismo e das remessas externas.
Esses problemas estruturais dificultam a recuperação do setor, mesmo com tentativas de reposicionar Cuba no mercado internacional por meio de novos acordos com países como China e Rússia.
Mudança no perfil dos visitantes
O Canadá continua sendo o principal emissor de turistas para Cuba, representando cerca de 47% das visitas em 2025, mas registrou uma queda superior a 30% em relação ao ano anterior. O fluxo proveniente da Rússia e da Europa também recuou, enquanto o turismo norte-americano, historicamente limitado, permanece residual.
Apesar das iniciativas do governo para atrair visitantes da Ásia e da América Latina, a recuperação tem sido lenta. O setor privado local, que depende fortemente do turismo, sofre com a falta de insumos e com restrições de crédito e importação.
O peso das sanções e o desafio interno
As sanções impostas pelos Estados Unidos desde os anos 1960 continuam a dificultar investimentos e parcerias internacionais. Ainda assim, especialistas ressaltam que as dificuldades atuais de Cuba decorrem em grande parte de fatores econômicos intrínsecos: ineficiência produtiva, baixa capacidade de inovação e falta de incentivos ao setor privado.
Em síntese, o colapso do turismo cubano resulta menos de pressões externas e mais de uma crise interna prolongada, que combina infraestrutura precária, baixa produtividade e um modelo econômico ainda centralizado.