Humanidades Médicas

                                                                                                                                                        “O médico que só sabe medicina, nem Medicina sabe”
                                                                                                                                                José de Letamendi (1828-1897) – médico, pintor e violinista

    Convidado pelo Conselho Federal de Medicina para compor a sua Comissão de Humanidades Médicas e apresentar uma Oficina de Música e

João Alberto (com o violão) e este escriba, em Brasília

 Medicina no VI Congresso de Humanidades Médicas, estivemos em Brasília nos dias 10 e 11 de agosto. Por sua grandiosidade, o local escolhido foi a sede da LBV, localizada vizinho ao CFM e detentora de uma bela estrutura arquitetônica, onde se destaca o Templo da Boa Vontade, considerado um dos mais belos da capital da República.  Estive em várias oportunidades no CFM, mas confesso que nunca  tivemos o interesse de conhecer a obra edificada por Alziro Zarur e continuada por Paiva Neto.
  Dessa vez, como o evento se desenvolvia na sua totalidade nesse local, resolvemos conhecer suas instalações por dentro e ficamos deslumbrados com o que vimos. No espaço interior do templo ecumênico, em forma de pirâmide, o seu vértice abriga o Cristal Sagrado, considerada a maior pedra de cristal puro do mundo, significando a presença unificadora de Deus. Passamos pelos jardins com sua fonte sagrada, visitamos a  sala egípcia, a galeria de arte e uma ampla área dedicada aos estudantes de Brasília, onde eles encontram um espaço adequado para a leitura, para o estudo ou simplesmente para uma reflexão. O espaço é dotado de biblioteca, videoteca e acesso à internet. 
   Foi nesse ambiente extremamente acolhedor que aconteceu o VI Congresso. Na oficina que apresentamos, tivemos o privilégio de contar com a presença do colega João Alberto Silveira, esse sim um músico social e humanista por excelência. Foi um momento mágico que durou quase duas horas, onde destacamos a música como agente de promoção à saúde, através de jingles da autoria dele e apresentamos um repertório de clássicos da MPB compostos por médicos, sozinhos ou em parcerias. Como diz o slogan da nossa SOBRAMES (médicos, escritores e artistas em confraria), dons que se encontram são eternos.                     
    Mas não ficou só nisso. Mostramos como a flauta foi importante para a invenção do estetoscópio de Laennec, médico e flautista. Apresentamos Billroth, considerado o pai da cirurgia gastrointestinal, organista e violonista, parceiro e amigo do grande compositor Johannes Brahms. Dele é a frase: "ciência e arte jorram da mesma fonte", demonstrando que as duas atividades estão entrelaçadas, como a dupla face do deus Apolo, filho de Zeus.                        
   Por isso, toda vez que um médico escreve um poema, pega um pincel para pintar um quadro, faz uma escultura, produz uma fotografia artística, toca um instrumento musical, canta uma peça de um coral ou escreve um texto literário, este médico, ao se engajar num ato criativo, reafirma, sustenta e embeleza alguns dos princípios básicos da Medicina.
   Acertam os atuais dirigentes do Conselho Federal de Medicina em prosseguir com o Congresso de Humanidades, envolvendo médicos, educadores, artistas e estudantes de Medicina num grande debate em prol do aperfeiçoamento do ser humano, e não só isso,  contribuindo ainda para o aprimoramento da relação médico-paciente.  Como disse Edmund Pellegrino (1920-2013), médico, bioeticista, escritor, historiador e humanista: “a Medicina é a mais humana das ciências e a mais científica das humanidades.”
  Poder compartilhar conhecimentos com personalidades como Abram Josek Eksterman, Armando D'acampora, Beatriz Rodrigues Costa, Carlos Vital, Dante Gallian, Dilza Teresinha, Francisco Barbosa Neto, Henrique Batista, Jeancarlo Cavalcante, João Gonçalves de Medeiros, José Francisco Paranaguá, Hiran Gallo, Lúcio Flávio Gonzaga Silva, Luiz Roberto Soares Londres, Mário Barreto Correa Lima, Péricles Vasconcelos Brandão de Almeida e Pietro Novellino, que integram a Comissão de Humanidades do CFM, é antes de tudo um enorme privilégio. Espero não decepcioná-los!

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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