IDÉIA, A MAIOR RIQUEZA. Tudo o que existe no mundo é fruto do pensamento, da idéia. Nada há que não tenha antes passado por ela. As pirâmides do Egito, ou o computador utilizado para escrever esta reflexão, antes de existirem como algo palpável e útil, passaram pela idealização. O produto acabado, nada mais é do que uma idéia materializada. Platão afirmava que todo o material é mutável. Porém, toda essa mutabilidade deriva de uma forma, única e imutável, perpetuada no tempo e no espaço, que nunca envelhece e nunca se acaba, é infinita. Esta afirmação refere-se à idéia, que para ele e, convenhamos, para todos nós também, é a gênese de todas as coisas. A idéia, de tão significante que é, ficou conhecida como a divindade platônica. A idéia é a base para que o homem transforme tudo: ele próprio, as coisas e a própria natureza. Na alegoria, “O Mito da Caverna”, de Platão, constatamos a dialética existente entre o mundo real e o mundo das idéias, ou o mundo cognitivo e o mundo metafísico, transcendental. O conhecido “Cogito Cartesiano” é mais uma forma de afirmar que a idéia é a base principal de tudo o que existe. O “cogito ergo sum”, (penso, logo existo), forma abreviada de “dubito, ergo cogito, ergo sum”, – (duvido, logo penso, logo existo), afirmação atribuída ao célebre filósofo e matemático francês René O “Cogito Cartesiano” conduz à certeza de que o ato de pensar assegura à mente o fato da própria existência psicológica. Em outras palavras, quando a pessoa se dá conta de que está pensando, pode ter certeza de que está também existindo. Muitos, ainda, não conseguem entender ou não aceitam perceber que há algo muito além daquilo que nossos sentidos compreendem, exatamente como acontecia com os habitantes da Caverna citada por Platão. O pensamento ou idéia sempre foi e continuará sendo a essência do ser humano, aquele marco divisório entre o racional e o irracional, entre o desenvolvido e o subdesenvolvido, entre o vencedor e o perdedor. É de boas idéias que é feito todo o desenvolvimento da humanidade. São as boas idéias que constroem a riqueza do mundo. No momento atual, época do mundo globalizado em que as transmissões e operações acontecem em bits e bytes em que a diferença não está no material, no palpável, e sim no virtual, no etéreo; a idéia tornou-se ainda mais importante e necessária como matéria-prima para a evolução, seja do indivíduo, seja da família, seja da nação. Não paira, portanto, nenhuma dúvida de que o pensamento deve ser estimulado e não desalentado como sói acontecer aqui, no nosso Brasil, como já exposto no artigo postado neste mesmo “blog”, na semana passada, constata-se com muita tristeza a conspiração que, equivocadamente, emprestaram ao desenvolvimento do estudo que estimule o pensamento. A retirada da Filosofia e da Sociologia do ensino médio, em 1968, representou um passo atrás no nosso desenvolvimento. De lá para cá, quarenta anos se passaram, o que, convenhamos, tornou muito mais pobres de idéias as nossas escolas, os nossos estudantes e as nossas gerações. Fomos severamente penalizadas. Por essa e por outras razões, nós brasilianos pensamos pouco e pensamos mal. As idéias que usamos são sempre emprestadas: acreditamos sempre que o que deu certo lá fora poderá dar aqui também. E aí, somos lançados ao acaso, nos temerários arranjos, adaptações e jeitinhos. Mas, mesmo assim, muitas vezes não dá para adequar as diferenças culturais. Os costumes, as tradições, os níveis e as qualidades de nosso ensino e aprendizagem conspiram contra e o que deu muito certo lá fora não emplaca aqui. Não se vai longe quando não se tem uma idéia do que se quer. Com todas estas evidências, miserável e teimosamente insistimos em ensinar aos nossos filhos e alunos como os outros pensam, como os outros resolvem os seus problemas. Por isso estamos pagando muito caro, pois não sabemos solucionar do nosso jeito as nossas dificuldades. Alguém já vaticinou: “Para quem não sabe aonde quer chegar qualquer lugar está bom”. O genial Rubem Alves, grande educador, escritor e filósofo mineiro, diz que: “Quando estudava, as suas professoras afirmavam que o Brasil seria um país rico, porque tinha em seu subsolo muito ouro, diamante, petróleo e outras coisas mais… Ensinaram errado, diz o mestre, o que afirmaram é que o dono de uma casa de tintas seria um bom pintor, simplesmente por ser o proprietário das tintas. Mas, não é a tinta que faz uma obra de arte. O que faz um trabalho deslumbrante as idéias na cabeça de um artista que fazem com que a tinta dance na tela e produza uma verdadeira obra de arte. Países que nada têm em seu solo conseguiram em muito pouco tempo superar o Brasil porque souberam usar as idéias: Hong Kong, Coréia, Taiwam, Singapura. Estas nações, utilizando as idéias, deram um salto gigantesco em poucas décadas”. Os dirigentes dos tigres asiáticos, como ficaram conhecidos, sem possuírem grandes riquezas naturais: ouro, diamante, petróleo e outros minerais, foram bastante clarividentes explorando as riquezas que estão dentro de cada um dos seus cidadãos, estimulando e facilitando a educação de todos. Souberam dar forma às boas idéias, elaborar e, sobretudo, cumprir os bons projetos rumo à superação. Não copiaram fizeram dos seus jeitos, usaram as suas potencialidades. Só para citar a Coréia do Sul, lá foi criado na década de sessenta, um sistema de educação, que continua até hoje, que estimula, valoriza e cobra dos aprendizes e professores do ensino fundamental a excelência. O resultado, é lógico, está configurado no alto nível de desenvolvimento social, cultural e financeiro, os coreanos em termos de criação, conteúdo e produtividade já ultrapassaram os desenvolvidos americanos, japoneses e alemães. Enquanto aqui, no Brasil, guilhotinavam a Filosofia dos currículos do ensino médio, na Coréia, o pensamento se transformava num processo de excelência, a educação em prioridade absoluta. Resultado? Desenvolvimento, crescimento, conforto, riqueza, qualidade de vida, saúde educação…
Descartes, deixa transparecer que o nosso pensamento é quem revela a nossa existência e não a existência quem expõe as nossas idéias.
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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