Na semana onde se comemora o Dia Internacional do idoso, aproveito para lembrar a toda sociedade que, infelizmente, os idosos também estão vulneráveis ao HIV, o vírus causador da AIDS. O alerta é principalmente para os profissionais de saúde que fiquem atentos à necessidade do diagnóstico do HIV em pessoas da terceira idade, bem como da divulgação das medidas preventivas com a disponibilização dos insumos de prevenção para as pessoas com faixa etária acima dos 50 anos.
O Brasil registrou, do ano de 1980 até 2012, 46.260 homens diagnosticados com AIDS, na faixa etária acima de 50 anos e 25.723 mulheres também com a doença na mesma faixa etária. A principal via de transmissão do HIV em idosos é por relação sexual sem o uso do preservativo. Existem os idosos que se infectaram na terceira idade e aqueles cuja infecção ocorreu em faixas etárias anteriores à terceira idade. Alguns foram infectados na recepção de sangue não testado, na década de 80.
A sexualidade dos idosos foi sempre colocada em segundo plano, mas como a população de pessoas com mais de 65 anos cresce a cada dia no mundo, inclusive no Brasil, ela agora deve ser cada vez mais debatida e valorizada. A sexualidade existe de forma concreta em pessoas mais idosas e não há limites de idade para se manter uma atividade sexual mesmo com as mudanças fisiológicas e sociais. Parte da sociedade resiste em admitir que pessoas com mais de 50 anos continuem tendo vida sexual ativa.
Por um lado, pessoas idosas se sentem à margem dos riscos de serem infectadas pelo HIV, e, consequentemente, não se preocupam com o uso do preservativo. Por outro lado, o uso da camisinha é também um problema na terceira idade. O preservativo, para muitos idosos, está relacionado à prevenção da gravidez. Como a preocupação com gravidez deixa de existir na terceira idade, e aliado a este fato, existe o receio de perda de ereções penianas, a adoção de práticas sexuais com camisinha se torna mais difícil.
Estudos mostram que homens mais idosos que usam remédios contra disfunção erétil (“impotência sexual”) como o Viagra, tem duas vezes mais risco de contrair Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) em comparação com os que não usam esses medicamentos. Os idosos que melhoram o vigor sexual parecem abrir mão do sexo seguro. Os estudos ainda mostram que homens na faixa dos 50 anos têm seis vezes menos probabilidade de usar preservativo que os jovens de 20 anos. As pessoas normalmente estão desacostumadas a praticar sexo seguro acima dos 50 anos.
O diagnóstico tardio é um dos maiores vilões da luta contra a doença, quando ela se apresenta em idosos. A fragilidade do sistema imunológico em pessoas com mais de 60 anos dificulta o diagnóstico de infecção por HIV, vírus causador da aids. Isso ocorre por que, com o envelhecimento, algumas doenças tornam-se comuns. E os sintomas da aids podem ser confundidos com os dessas outras infecções. Tanto a pessoa idosa quanto os profissionais da saúde tendem a não pensar na aids e, muitas vezes, negligenciam a doença nessa faixa etária.
Os profissionais de saúde devem considerar os idosos como pessoas sexualmente ativas, orientando-os com relação à prevenção das DST/AIDS, oferecendo os exames de diagnóstico e disponibilizando a camisinha masculina, camisinha feminina e gel lubrificante. O uso do gel lubrificante íntimo associado à camisinha é de grande importância pois as mulheres, na menopausa, apresentam deficiência de lubrificação vaginal. Para os idosos, a camisinha feminina também é importante pois muitos homens referem dificuldade de uso da camisinha masculina, com medo de perder a ereção.