Finalizamos a terceira edição do Concurso Literário da Loja Maçônica Cotinguiba exatamente com o lançamento da terceira Antologia Literária de Crônica e Poesia. Creio ser necessário dizer melhor o que é e o que representa esta ação enfrentada pela Loja Cotinguiba. Isso porque pode parecer não ser este o papel da Maçonaria, e que seria um ato a ser melhormente realizado pelos órgãos que se ocupam com a cultura, o idioma, a memória, a leitura, a escrita e a literatura, enfim.
É verdade. Seria o ideal. Todavia, devo afirmar sem nenhum sofisma que a Maçonaria e, sobretudo, a Loja Maçônica Cotinguiba é também vocacionada para a promoção literária e já gestou ações idênticas desde que estas iniciativas representem “fazer o bem sem olhar a quem”. Esta sim é sempre a meta a ser perseguida: “fazer o bem”, “fazer bem feito”, “fazer o certo”, não transgredindo a ordem nem a lei. Por isso, seria muito difícil sentir-se excluído deste processo, visto que o concurso é uma forma límpida e clara de fazer o bem, justo àquele que mais precisa: o jovem, mormente o mais carente, como sói acontecer. O foco é no aluno, através do professor, na busca de que, juntos, façam a diferença.
Antes havia, e há ainda, um desânimo total: escrever? Escrever pra quê? Não tenho onde publicar as minhas ideias? Vou produzir para engavetar ou jogar no lixo?
Não! Agora, no terceiro ano deste concurso, já sentimos uma diferença, há um entusiasmo para escrever e participar, pois se vislumbra uma possibilidade, e é bom que isto aconteça e, outras instituições façam também sua parte caritativa e produza também os seus certames literários ou outros meios inclusivos e deem chances de crescimento a esta tão carente e competente parcela da população, o aluno/estudante. Graças a Deus é exatamente isto que está acontecendo nas novas Academias Literárias de Sergipe, já são mais de 10 livros publicados por ano, seguindo, mais ou menos, a mesma receita.
A chama boa que este concurso acendeu, eu afirmo sem medo de errar, tem mudado para melhor a autoestima de muitos jovens que hoje se reconhecem com valor que, às vezes, nem sabiam que tinham. Por insistência de seus bons professores, aventuraram-se e participam do projeto e, assim, conhecem o valor que têm, e isso é impagável.
Como disse, posso assegurar que promover o bem é uma vocação da Maçonaria. Só para evidenciar o que tem sido feito pela Cotinguiba nesta área seria bom dizer que muitos médicos, advogados, contadores e outros profissionais sergipanos, ainda vivos, estudaram e se formaram lendo livros doados pela Loja Maçônica Cotinguiba, bem como muitos bancários, comerciários, funcionários públicos, empresários e autônomos aprenderam datilografia, corte e costura, culinária, práticas rurais e boas maneiras nas Escolas da Liga Sergipense Contra o Analfabetismo, fundada há 100 anos, no dia 24 de setembro de 1916, e comandada pela Cotinguiba.
Na verdade, a Liga Sergipense Contra o Analfabetismo, espelhada na Liga Brasileira Contra o Analfabetismo, criada em abril de 1915, no Rio de Janeiro, ideia do grande poeta Olavo Bilac, foi uma ação que incendiou o Brasil com labaredas luminosas da ação proativa contra o analfabetismo que, na época, girava em torno de 83% (oitenta e três por cento). Em Sergipe, a Liga Sergipense por cinco décadas tratou exclusivamente de alfabetizar adultos, chegou a ser proprietária e manter em funcionamento 42 escolas espalhadas por todo o estado. Porém, na década de sessenta, com o aparecimento de ações governamentais, como a criação do MOBRAL, ficou a Liga sem a possibilidade de continuar exercendo o objeto para que foi idealizada e criada.
E é aí, a meu ver, que a gestão da Loja Maçônica Cotinguiba da época, Carlos Sattler, Rochinha e outros grandes maçons brasileiros usaram de toda a estratégia lógica para ultrapassar o imponderável obstáculo, desviando o foco, mas conservando a ação benemérita: tá bom, já que não podemos mais alfabetizar, pois agora é função de Estado, não nos cabe o enfretamento competitivo, e sim a aceitação democrática. Por isso, em vez de ALFABETIZAR, a liga Sergipense Contra o Analfabetismo vai PROFISSIONALIZAR. E assim continuou até a década de oitenta.
O Concurso Literário nasceu de uma iluminada ideia concebida em 2013, quando a diretoria da Loja Maçônica Cotinguiba, que tinha como Venerável Jilvan Pinto Monteiro, Orador Ibrahim Salim e Secretário Erivelto Barreto e, mesmo não sendo da diretoria participou este que vos escreve, Domingos Pascoal, que junto aos outros luminares que dirigiam a Loja formalizaram o planejamento estratégico e, dentro deste, além de outras ações, foi criado o CONCURSO LITERÁRIO DA LOJA MAÇÔNICA COTINGUIBA DE CONTO, CRÔNICA E POESIA, agora na sua terceira edição.
O primeiro livro foi lançado em 2014, o concurso teve uma abrangência restrita ao Estado de Sergipe, tivemos 320 textos inscritos, fizemos um livro com 99 escritores participantes. Em 2015 fizemos o II Concurso Literário da Loja Maçônica Cotinguiba, tivemos 720 inscrições, estendeu-se por três estados, Sergipe, Alagoas e Bahia, e fizemos um livro com 110 textos.
Agora, em março de 2017, lançamos esta terceira edição da Antologia Literária da Loja Maçônica Cotinguiba. Podemos, nesta oportunidade, comemorar mais vitórias, pois este último concurso teve 1.336 textos inscritos, a abrangência de sete Estados da Federação e o livro foi feito com a participação de 158 novos escritores.
Nós que fazemos a Loja Maçônica Cotinguiba sentimo-nos gratificados com a participação efetiva dos alunos/estudante, professores, coordenadores, diretores avaliadores de todas as escolas de Sergipe, Ceará, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul, Bahia, Alagoas, Piauí que, juntos, foram de vital importância para o sucesso desta empreitada. Obrigado.