Ilha de São Pedro (SE) – Destino a ser desbravado

As águas esverdeadas do Velho Chico fornecem o sustento da população XoKó. A canoa é o principal meio de transporte e a agricultura e pesca fazem da Ilha de São Pedro, em Porto da Folha, alto sertão sergipano, um dos celeiros de distribuição agrícola para feiras dos povoados locais. Sua população ostenta um passado de luta e muitas marcas desse tempo ainda desenham a reserva indígena. Para tanto, é o rio São Francisco, o transporte de canoa, a pesca e os índios Xokós que tem feito da Ilha de São Pedro uma agradável surpresa.

 

A localidade completou 30 anos como reserva oficial indígena do povo Xokó em 9 de setembro de 2009 e passa a desvendar seus segredos históricos e turísticos. Com uma população estimada em cerca de 400 habitantes, a Ilha de São Pedro dista quase que 220km de Aracaju e tem o patamar de ser a única comunidade indígena vivendo em aldeia de Sergipe.

 

Cortada entre braços do São Francisco, a beleza da região em consonância com o bioma de caatinga, além de ruínas de construções holandesas e jesuíticas conferem a localidade paisagens de encher os olhos.

 

Há vários caminhos para se chegar até lá, porém, os mais conhecidos são de carro por uma estrada de piçarra e um trecho de canoa ou partindo de to-tó-tó da comunidade quilombola do Mucambo. Sempre há moradores dispostos a fazer a travessia, mas é bom avisar o porquê da visita.  A aldeia não costuma receber muitos visitantes, porém, não há dificuldade de acesso. O cacique é o jovem Lucimário Apolônio, sempre solicito em dar as boas-vindas.

 

Todos os caminhos são bem agradáveis e, a primeira vista, as águas esverdeadas do rio São Francisco se mostram bem generosas. O horizonte é rasgado ao avistar a torre da secular Igreja de São Pedro, tombada pelo Patrimônio Histórico Estadual e hoje passando por restauração. Ao adentrar na aldeia, causa impacto; casas nos lugares de ocas, igreja católica ao em vez de terreiro, caixa d’ água instalada no centro, mas, no percurso pelas ruas de areia e na conversa com os nativos, encontra-se o verdadeiro espírito indígena da região.

 

O bucolismo das aldeias primitivas é lembrado ao presenciar os índios mais velhos sentados à porta das casas numa prosa mansa com os vizinhos, enquanto que outros tercem redes de pesca, sentados embaixo de uma árvore na área central da aldeia. A presença de uma torre de telefone quebra o quadro indígena e demonstra que a civilização também é bem vinda.

 

O povo é tranqüilo e acolhedor. Os olhos meio puxados, a cor avermelhada e o andar desconcertado são marcas que se misturam com os traços físicos do povo branco da região. A reticência do pensamento por receio de falar algo a mais do que devido é vestígio de povos outrora massacrados.

 

Entre casas de um lado e de outro da aldeia, resquícios da história podem ser vistos através das ruínas de um convento de freis capuchinhos junto da igreja e um cemitério indígena com um cruzeiro em sua frente, bem ao fundo da aldeia. Há indícios D. Pedro II passou por lá três dias em visita a região do São Francisco e não faltam lendas contadas pelos mais velhos sobre esta passagem.

 

Nessa temporada do ano, o sol é escaldante e por conta disso as histórias indígenas podem ter um sabor a mais se contadas quando se banha nas águas do rio São Francisco. À beira rio diversas to-tó-tó colorem as águas esverdeadas. Pequenos índios fazem dos bancos de areia campos de futebol e das embarcações de trampolim. Se seguir por sua margem, conferirá que em alguns trechos do curso, o rio é acompanhado por paredões de pedras, além de vegetação pluvial, cactáceos, bromélias e outras plantas do bioma de cantiga, o que confere a região, uma paisagem bem típica do alto sertão sergipano. O clima quente com as águas em temperaturas amenas causa sensação de bem-estar. A Ilha de São Pedro apresenta-se como um promissor destino a ser desbravado.

 

Curiosidade

 

Os índios Xokó comemoraram 30 anos de retomada da terra em 9 de setembro com a dança do Toré, o consumo da Jurema (bebida sagrada) e muita pintura no corpo à base de jenipapo, água e carvão. Na igreja em restauração, foi realizado uma missa com cânticos indígenas e fala do pajé, além de entrega de certificados aos ex-caciques, professores da escola indígena, políticos e companheiros dos Xokó. As festividades levaram muita gente para a aldeia em dois dias de programação.

 

A população indígena Xokó já chegou a mais de 600 famílias, porém, retomando a história dos antepassados, o povo Xokó foi quase dizimado no século XX, pelos fazendeiros da região, através de invasões de terras e captura de índios para o trabalho forçado na lavoura.

 

Com a violência reinante na região, o Xokó foi afastado para o estado de Alagoas sobrevivendo na aldeia dos Kariris, hoje situada no município de Porto Real do Colégio (AL). As famílias sobreviventes na região de Sergipe foram crescendo ao longo do tempo e, em 1979, voltaram a morar na Ilha de São Pedro.

 

Como Chegar

 

Para se chegar à Ilha de São Pedro, passa-se por um verdadeiro rally ecológico. Da cidade de Porto da Folha, segue-se sentido Monte Alegre até chegar ao povoado Lagoa da Volta. Percorre-se uma estrada de piçarra por mais 30 minutos, mas o desconforto é compensado ao chegar na aldeia de canoa.

 

Uma outra opção é partir de Aracaju pela BR101 e acessar a BR 235 sentido Itabaiana/ Ribeirópolis/ Nossa Senhora Aparecida/ Nossa Senhora da Glória. Segue-se pela Rota do Sertão e deve-se ter atenção para a entrada da estrada de piçarra do lado direito para o povoado Niterói e Mucambo. Percorre-se pouco mais de 40km de piçarra em estrada que passa por reformas. Ao chegar na beira do rio, segue-se por via fluvial.

 

Dica de viagem

 

Vale à pena fazer um contato com antecedência com o articulador e ex-cacique Apolônio através do telefone 9994 1553 ou 8842 7188.

 

Na a escola Dom José Brandão de Castro, os índios aprendem ler e escrever e tem noções da história indígena da comunidade. Visite-a

 

Mesmo com a aculturação imposta pelos missionários católicos e chegada dos costumes da cultura da informação, os índios Xocó ainda preservam rituais sagrados, danças, costumes e hierarquia.

 

Um dia de passeio é o suficiente, pois no entorno da Ilha não há hospedagem, a não ser que prefira se hospedar nos municípios vizinhos de Porto da Folha ou Monte Alegre, mas se preferir voltar para a capital, a viagem lhe reserva horas de estrada.

 

Vale a pena também conhecer o povoado Mucambo, comunidade quilombola de mais de 800 habitantes, que comemora a independência de suas terras em 27 de maio, data que também há várias festividades na localidade.

 

Verifique se as embarcações possuem registro na Marinha do Brasil e coletes de salvamento.

 

No povoado Niterói há um restaurante simples, mas agradável que serve comida caseira. Os pratos a base de pescados do São Francisco são os melhores.

 

Fotos: Silvio Oliveira

 

 

Na Bagagem

 

ü  O Ministério do Turismo indica que internet é a principal fonte de informação utilizada por turistas brasileiros para escolher um destino de viagem. O meio eletrônico foi apontado como o preferido por 69% dos entrevistados que participaram da pesquisa.

 

ü  A avenida Beira Mar, em Aracaju (SE) definitivamente entra no roteiro noturno da capital sergipana com a inauguração de mais boates, restaurantes e bares. Serão mais quatro somente no trecho entre a ponte do rio Poxim e o restaurante O Miguel.

 

ü  O turismo do Nordeste brasileiro poderá aquecer ainda mais em 21010 com a promoção oferecida pela empresa portuguesa TAP. Uma promoção oferecendo tarifas reduzidas para o Brasil está sendo preparada pela TAP ao preço de 359 euros partindo de Lisboa e Porto para todos os aeroportos brasileiros. A campanha é válida para viagens entre 01 de novembro e 31 de março de 2010, reservadas até 30 de setembro.

 

ü  O Ministério do Turismo estima que 1,2 milhão de turistas circularão pelas praias do Litoral Sul de Pernambuco no próximo verão; um número 20% maior do que o calculado em 2008.

 

ü  A companhia aérea Gol passou a cobrar pelos seus lanches, primeiramente, no trecho aéreo entre o Rio- São Paulo. O fato não vem agradado muito os passageiros, mas sabe-se que em outros países a prática é fato.

 

ü  A Sol Linhas Aéreas acaba de receber a aprovação da Anac para operar voos domésticos regulares de passageiros, carga e mala postal. Agora é partir para solicitar rotas e horários de voos e iniciar a venda de bilhetes para começar a operar, o que será possível a assinatura do contrato de concessão, que é válida por dez anos.

 

 

Passaporte

 

 

Florença, cidade situada na região da Toscana da Itália, é um dos destinos mais procurados do mundo. No verão, suas ruas se transformam em verdadeiros corredores humanos com turistas querendo apreciar as obras de arte da cidade considerada o Berço do Renascimento. O Duômo de Florença é um dos pontos turísticos mais visitados e sua cúpula disponibiliza uma visão fantástica da cidade. O Palazzo Vecchio, a Ponte Vecchio, as obras de Michelangelo, o Palazzo Pitti, a Galeria Uffizi, o Palazzo Medici Ricardi são alguns dos principais pontos turísticos da capital romama.

Fotos: Silvio Oliveira

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