No dia em que se comemora o centenário do inicio da imigração japonesa no Brasil, notícias do velho mundo dão conta da aprovação pelos 27 estados membros da União Européia de “recomendação de retorno”, que visa harmonizar as regras de expulsão dos imigrantes sem visto regular. Por expressiva maioria, 367 votos, contra 206, e 109 abstenções, o parlamento europeu decidiu restringir as regras de imigração, recomendando inclusive um prazo máximo de detenção administrativa para os imigrantes sem visto regular. Hoje esta detenção varia de um país a outro na UE. Na França ela é de 32 dias, na Grécia três meses, na Alemanha dezoito, e ela é ilimitada em sete países como a Holanda e a Suécia. O texto aprovado como “diretriz de regresso”, vem sendo bastante criticado pela esquerda e por numerosas ONG, tendo recebido o epíteto de “diretriz da vergonha” por seus detratores. Segundo tal diretiva, fixou-se em seis meses o prazo máximo de prisão administrativa. Retenção que pode se prolongar de doze a dezoito meses se tal retorno se complicar por conta da falta de cooperação do interessado e de seu país de origem. A medida resultará numa interdição de permanência dos imigrantes, que ingressaram ilegalmente na União Européia nos últimos cinco anos. O PROBLEMA EUROPEU Atualmente, entre 1,5 a dois milhões de imigrantes ingressam legalmente no território europeu. Já o número de clandestinos é estimado em oito milhão, uma cifra discutível, mas bastante considerável. Mais de 200.000 imigrantes ilegais foram presos na primeira metade de 2007 e menos de 90.000 foram expulsos. Por esta recomendação aprovada, observa-se que o cerco começa a ficar mais difícil para a imigração clandestina. É a Europa agora se fechando, sobretudo aos seus antigos povos colonizados. Um reflexo também de concessão às políticas xenófobas externadas por minorias cada vez maiores e mais agressivas. É também uma conseqüência de que os europeus estão começando a se sentir incomodados com uma imigração cada vez mais maciça de estrangeiros de baixa qualificação, acrescendo os problemas de desemprego, subsistência e criminalidade. Observando do nosso lado, tal política atenta com os princípios de liberdade e tolerância entre os povos, bem como espanca a sensibilidade com o mais carente que busca na imigração, uma esperança de melhor sobrevivência. “ENORME TRANSGRESSÃO”, DIZ EVO MORALES. Neste particular o presidente boliviano Evo Morales considera a recente decisão como “uma enorme transgressão” Para o presidente boliviano “a UE é hoje o principal destino dos migrantes do mundo em razão de sua imagem positiva, da sua prosperidade e de suas liberdades públicas”. Acrescenta que os imigrados fazem trabalhos que os europeus não podem fazer ou não o querem. E com um distorcido arrazoado o presidente boliviano recomenda o recebimento de migrantes pela UE por se tratar de “uma solução para os problemas demográficos e financeiros da Europa”. Por outro lado, em atitude não menos hilária e com incomodada soberania, Evo Morales se reserva ao direito de aplicar as mesmas regras européias de imigração aos europeus que desejarem ir para a Bolívia, “pelo princípio diplomático da reciprocidade”. Enfim, o mundo está tomando consciência para a realidade do acréscimo exagerado de população, e cada país aos poucos está restringindo o ingresso de migrantes, sobretudo nos tempos atuais em que as fronteiras são apagadas e mais facilmente transpostas. ÓDIO ENTRE NAÇÕES Há nações pequenas como os povos balcânicos que se odeiam eternamente. Eles não se migram nem se misturam. É como água e óleo, igual a judeus e palestinos vivendo enclausurados em seus costumes e preconceitos, se odiando milenarmente. Não é o caso da União Européia que está a viver uma unidade jamais realizada em sua história de guerras, sobretudo na Europa Central, em que França, Alemanha, Inglaterra e Rússia campearam e se mataram por gerações sucessivas. Mas a velha Europa, campeã das liberdades está se sentindo ameaçada pelos novos bárbaros que lhe chegam das suas antigas colônias de Américas, de Ásia e de África. Lamentável ou não, a resposta depende do âmago da questão a discutir. Mas que é uma realidade deste novo milênio de muitas carências, isso é! Boas palavras e excesso de tolerância estão agravando os problemas de subsistência. E o europeu, o povo mais abastado do planeta está sentindo este ônus na própria pele, daí clamar por regras mais rígidas tolhendo a sua tradicional hospitalidade. Quanto á imigração japonesa completando cem anos em nossa terra, talvez já não se dê com tanta motivação como outrora. Atualmente, o Brasil é mais exportador de gente do que importador. Muitos descendentes de japoneses estão refazendo o caminho de volta de seus avós, retornando à terra do sol nascente. Uma tristeza! Sinal de que a coisa por aqui não anda bem, nem para japonês ver.
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