Não sou médico. Nunca pensei em sê-lo. Mas tenho inúmeros amigos que dedicaram preciosos anos de suas vidas a essa belíssima carreira e hoje despontam como grandes profissionais da medicina. Sempre que o acaso nos coloca lado a lado, invariavelmente, conversamos sobre as nossas respectivas áreas de atuação profissional e, é claro, aproveitamos para pôr as novidades em dia. Afinal, tanto o jornalismo quanto a medicina são temas apaixonantes que não poderiam ficar de fora de uma boa prosa. Os médicos, por incrível que pareça, adoram política. E jornalistas, como eu, não perdem a oportunidade de saber o que há de novo no meio médico. É o que se pode chamar de intercâmbio de experiências.
Numa dessas conversas, por sinal, disseram-me que o mais importante no tratamento de qualquer doença é o diagnóstico precoce. Ou seja: quanto mais cedo o doente tem consciência de seu problema, mais chances de cura ele terá pela frente. Portanto, avaliações anuais, exames de rotina, check-ups são importantíssimos para detecção de qualquer anormalidade.
O interessante é que esse antigo conselho médico também cai como uma luva para os governantes. Não me refiro apenas à saúde física deles. Mas, sim, aos seus governos – ou desgovernos.
Você já imaginou, caro leitor, como poderia estar a “saúde” da Segurança Pública em Sergipe hoje, se o atual governo, ao perceber certos sintomas, tivesse feito exame detalhado do problema?
Com toda a certeza, teríamos ainda uma doença a tratar, mas não seria esse câncer da insegurança que hoje, em metástase, se espalha por todos os municípios sergipanos. O paciente, ou melhor, a população, teria um mal sob controle. E com esperanças de cura.
Mas, calma, nem tudo está perdido. Na última segunda-feira, o governo, ao que tudo indica, recobrou a consciência da anestesia a que se submeteu, ao longo desses dolorosos meses, e pretende dar agora um tratamento intensivo ao problema da insegurança no Estado. O médico de plantão, infelizmente, continuará o mesmo. Mas o chefe da equipe promete acompanhar de perto essa nova missão.
Vale lembrar que insegurança é tal qual um câncer. Não é problema de coração que, às vezes, se resolve com pontes… de safena.