INVERSÃO DE VALORES

A violência é hoje o grande destaque nos meios de comunicação do Brasil: – Invasões de propriedade alheia. – Assaltos. – Seqüestros. – Traficantes de drogas lutando por seus territórios. Não se fala, ou quase não se fala, da grande maioria do povo brasileiro: pacato e ordeiro. Não se fala, ou quase não se fala, do grande problema brasileiro: A falta de identificação das ELITES (Políticos, empresários e dirigentes sindicais) com o momento brasileiro. O Brasil é hoje, fruto desta falta de identidade, um país carente de desenvolvimento e onde a concentração de renda e de terras marginaliza a grande maioria do povo brasileiro. No Brasil, hoje os recursos são escassos e comprometidos com esta falta de identidade. O destaque fica para a superpopulação carcerária. O silêncio fica para a falta de escolas; para a falta de preparo dos professores; para a ausência de vontade política de resolver o problema da educação no Brasil. Assim, amanhã… não estes políticos, empresários e dirigentes sindicais, mas uma outra ELITE verificará que muito maior será a população carcerária. O Brasil de hoje, além de exigir muito trabalho de todos os brasileiros, exige também o desprendimento de sua ELITE. Artistas, intelectuais… gente famosa em campanha contra a AIDS. Poucos, porem, contribuem para evitar a fome e a miséria que devoram milhares de crianças brasileiras; para encaminhar a infância brasileira à escola, ao trabalho e à família, longe dos vícios e promiscuidade. Assim amanhã, maior será o número de aidéticos e maior a necessidade de campanhas e mais campanhas. O Brasil precisa de uma nova postura: O governo voltado para suas atividades básicas; os empresários assumindo riscos sem temer a concorrência; os políticos decidindo o bem do Brasil e os dirigentes sindicais trabalhando, efetivamente, para os trabalhadores. Invasões de terras e de prédios públicos e privados são notícias e chamam a atenção do governo, dos políticos e da imprensa. Não se fala, porém, e nem atenção recebem de nossos políticos da grande maioria de trabalhadores no campo e nas cidades. Eles trabalham, poupam e com sacrifício constroem o futuro deste país. Assim, o desestímulo pode levar amanhã a um maior número de invasões. Nisto tudo, o que se vê é uma inversão de valores. Não se é contra o tratamento dos aidéticos; a população carcerária deve ter acomodações de acordo com o que desempenharem para merecê-las; a população carente deve esforçar-se por melhores condições de vida. O que não é justo, porém, é que os órgãos de comunicação e os nossos dirigentes políticos dêem total prioridade a estes fatos “que são conseqüências” e não aqueles (educação, saúde e segurança) que, se não merecerem a atenção que se faz necessária, naturalmente, se transformarão “nas causas” de um amanhã muito, muito pior. Edmir Pelli é aposentado da Eletrosul e articulista desde 2000 edmir@infonet.com.br

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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