Jackson Sá Figueiredo e outros mortos

Mesmo sendo a dialética da vida, a morte surpreende, comove, entristece e abre vazios na sociedade. Morreu no último dia 10 de fevereiro o advogado e militante político Jackson Sá Figueiredo, que nasceu em Aquidabã, onde seu pai – Sebastião Figueiredo – exercia forte influência política, com vários mandatos populares, em 4 de abril de 1942. De formação política e ideológica sintonizada com as lutas populares, militou no Partido Comunista e continuou no seu sucedâneo, o PPS, sendo eleito Prefeito de Aquidabã, cassado pelos militares que tomaram o Poder em 31 de março de 1964. Exerceu a advocacia, ocupou cargos públicos, candidatou-se em Aracaju, mantendo-se fiel aos princípios que abraçou, desde que freqüentou o curso de alfabetização pelo Método Paulo Freire, em 1963, como representante da Campanha Estudantil de Alfabetização. Depois de preso e cassado, Jackson Sá Figueiredo montou, junto a Galeria de Artes Álvaro Santos, uma pequena Livraria, que abastecida do que de melhor havia em circulação no Brasil era, também, um ponto de encontro de jovens que davam os primeiros passos no jornalismo, na literatura, nas artes em geral e na política. Tive Jackson Sá Figueiredo comigo na CEA, fui, por algum tempo, seu funcionário, responsável pelo funcionamento e pelo estoque da Livraria, vivemos próximos no Rio de Janeiro e convivemos, politicamente, no PPS, guardando de todos os contatos uma imagem boa, amiga e solidária. Deixou viúva a professora Climeres, e de luto os filhos Lucinda, Walesca, Karenina e Gilvania, e tristes e empobrecidos os seus familiares e amigos.

 

Emanuel Franco

 

Nascido em Laranjeiras, em 10 de abril de 1919, Emanuel Franco, de tradicional família da região açucareira do Estado, trocou os bens pelo preparo cultural, pelas missões científicas, pela cátedra e pelas obras que produziu ao longo de uma carreira de êxitos. Membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe foi Tesoureiro da Diretoria, em vários mandatos da professora Maria Thetis Nunes. Integrante da Academia Sergipana de Letras, ocupou a Cadeina nº 4, tendo o poeta Bitencourt Samapio, também de Laranjeiras, como Patrono e o padre, depois professor José Augusto da Rocha Lima, natural de Gararu, como primeiro Ocupante. Na ASL Emanuel Franco foi também Tesoureiro, honrando o cargo, administrando com zelo os parcos recursos da instituição. A vasta obra de Emanuel Franco, parte dela ainda dispersa nos jornais e revistas, muito especialmente na Gazeta de Sergipe, retrata a geografia e a história de Sergipe, trata do meio ambiente, da economia, da vida social e de aspectos culturais relevantes. Perto de completar 89 anos, Emanuel Franco morreu no dia 19 de fevereiro de 2008, depois de prolongado sofrimento.

 

Antonio Anunciação

 

Militar do Exército e professor da rede pública de ensino, Antonio Anunciação tornou-se, em Aracaju, uma figura simpática, cordial e amiga, constituindo uma família que herdou qualidades que vão, com certeza, imortalizar a sua biografia. Modesto, discreto, enfrentou as aulas dos Cursos de CADES, atualizando a didática para o exercício diário do magistério, conciliando atividades. Deixou filhos, dentre eles a Procuradora Janeide Anunciação de Melo, esposa do também professor Antonio Ângelo de Azevedo Melo.

 

Altimar Pimentel

 

O nome de Altimar Pimentel, nascido em Maceió em 30 de outubro de 1936 e falecido em João Pessoa, onde residia e onde fez carreira acadêmica e intelectual, em 21 de fevereiro de 2008, é conhecido, em todo o Brasil, principalmente nos ambientes dos estudos folclóricos e de teatro, pela contribuição notável que deu com suas obras. Presidente da Comissão Paraibana de Folclore, Altimar Pimentel foi Assessor Cultural do Instituto Nacional do Livro, no final da década de 1960, exerceu diversos cargos públicos na Paraíba, dando uma lúcida colaboração ao Estado que adotou como seu, e deu especial contribuição ao município de Cabedelo, dedicando-se a restaurar o patrimônio cultural popular paraibano, como atestam seus últimos livros e cds, em embalagens bem cuidadas, para circularem em todo o País e no exterior. Autor teatral consagrado pelas peças levadas à cena, Altimar Pimentel tornou-se uma referência e sua morte deixa um vazio que será sentido dentro e fora da Paraíba.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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