A posse do ex-prefeito de Pirambu, André Moura, na Secmetro (Secretaria da Região Metropolitana) deflagra a retomada de uma estratégia eleitoral que já deu certo no passado – quando governadores de plantão buscavam a todo custo cativar o arredio eleitorado da capital (maior colégio) com investimentos expressivos na grande Aracaju. E pode dar certo agora, “apesar” de João Alves.
É bem verdade que Dr. João anda um tanto quanto desgastado. As coisas não têm funcionado bem neste seu terceiro mandato. Fugiram do controle, com denuncias de corrupção pipocando a todo instante. Mas é inegável a capacidade do governador de transformar situações adversas a seu favor. O senador Antônio Carlos Valadares – hoje na oposição – que o diga. Quando candidato em 1986, Valadares amargava uma péssima colocação nas pesquisas diante de seu principal oponente, José Carlos Teixeira (PMDB). João Alves fez a diferença e conseguiu elegê-lo governador. Aliás, o único do PFL a assumir um governo estadual naquele ano.
Depois foi a vez do então senador – e aliado – Albano Franco sentir a força de trabalho de João. Na campanha de 1994, Jackson Barreto saiu-se vitorioso no primeiro turno. Era considerado imbatível no segundo turno. Lembro-me bem do desespero que tomou conta de todos os aliados de Albano. Mas eis que veio João Alves – utilizando-se da máquina do Estado, é claro – e fez mais uma vez a diferença. O resultado você já sabe: Albano Franco ganhou a eleição, depois de um sufoco danado.
Mesmo quatro anos depois, em 1998, ao concorrer contra Albano num dos pleitos mais difíceis da história de Sergipe, João Alves conseguiu surpreender. Considerado cachorro morto, à época, perdeu por pouco mais de 70 mil votos. Uma diferença pequena, se levarmos em consideração que João estava quebrado, com as suas empresas em situação pré-falimentar, e sem base política consistente (quase todos os prefeitos o tinham abandonado).
Portanto, que ninguém se engane. A estratégia de criar a Secmetro e entregá-la ao competente André Moura poderá dar, sim, resultados eleitorais expressivos na capital a João Alves, “apesar” de Déda. Ainda mais quando sabemos que a situação do PT é, neste momento, insustentável. E que Déda construiu a carreira política sempre associando a sua imagem à do partido. Mistura essa, outrora salutar, que se transforma agora em pesadelo.