Sempre dissemos aqui neste espaço que o caminho natural do ex-governador Albano Franco nas eleições deste ano seria com o atual governador João Alves Filho. Ainda na semana passada, enquanto muita gente já considerava uma aliança entre PFL e PSDB algo praticamente impossível, chegamos a escrever um artigo denominado “por debaixo dos panos” onde afirmávamos que, até as convenções de junho, os dois iriam se entender e caminhariam juntinhos no próximo pleito. Não deu outra. João Alves Filho e Albano Franco fumaram definitivamente o cachimbo da paz. E selaram um acordo inimaginável para certos “analistas” da política sergipana, até poucos dias.
Pelas informações que me foram passadas, no último domingo, por um amigo próximo – muito próximo mesmo – do ex-governador, a composição da aliança chegou a bom termo depois de muita conversa de pé-de-orelha e exaustiva negociação.
A chapa acordada teria ficado assim: João Alves sairá candidato ao governo, tendo Ricardo Barreto Franco – filho de Albano – como seu vice. A vaga do Senado será disputada pela primeira-dama do estado, Maria do Carmo Alves, que não abriu mão de concorrer à reeleição, em hipótese alguma, por ser favorita nas pesquisas de opinião pública e candidata natural à vaga. E o ex-governador Albano Franco, fortíssimo candidato a qualquer cargo eletivo, terá que ir para o “sacrifício“. Ou seja: disputará uma das oito vagas de deputado federal, compondo um “chapão” com os demais partidos aliados ao PFL, mesmo sem assim o desejar, para o bem de todos e felicidade geral das nações pefelista e peessidebista, principalmente.
Acontece que, sempre por debaixo dos panos, muitos argumentos convincentes foram colocados na mesa de negociação. Entre eles, postos-chaves na estrutura administrativa do estado para o PSDB que, entre outros, poderá assumir de imediato o comando da cobiçadíssima Secretaria de Estado da Saúde.
O ex-governador Albano Franco – com aquele jeitinho de quem não quer nada, mas sempre querendo mais – ainda tentou ficar com indicação à vaga que será aberta no TCE (Tribunal de Contas do Estado) dentro de pouco tempo, mas teve que recuar diante do volume de exigências já atendidas pelo governador para tentar selar um justo acordo bilateral entre os partidos.
Todos vão negar, é claro. Mas tenho certeza que outro ponto que ajudou, sobremaneira, às negociações e ao processo de convencimento do PSDB sergipano, foi a atual condição financeira do estado. O governo dispõe hoje de quase R$ 200 milhões em caixa para investimentos de curto prazo. E isso, convenhamos, é por demais assustador para quem ousar ir contra o estabilishment, numa campanha eleitoral.
Enfim, selado o acordo entre PFL/PSDB, podemos dizer que não houve nada tão surpreendente na política sergipana até agora quanto o desprendimento inédito do ex-governador Albano Franco, em prol dos amigos, ao não disputar a vaga para o Senado Federal. Com essa atitude, Albano contrariou uma velha máxima que costumava repetir aos quatro cantos e em que acreditava piamente: que as pessoas não mudam depois dos cinqüenta anos.