Dois grandes escritores sergipanos, Joel Silveira e Paulo Dantas, morreram nos últimos dias. Paulo Dantas (Neto), nascido em Simão Dias, em 13 de janeiro de 1922, viveu parte dos seus 85 anos na Bahia, No Rio de Janeiro, onde trabalhou na Civilização Brasileira e no Dom Casmurro, em São Paulo, parte em Brasília, morrendo na capital paulista, cercado da admiração dos seus leitores, nos meados de junho último. A obra de Paulo Dantas, parte dela dedicada aos estudos sobre Antonio Conselheiro, Delmiro Gouveia, Monteiro Lobato, Guimarães Rosa, especializada em Canudos e em Euclides da Cunha, destaca Sertão do boi santo, Capitão Jagunço e, ainda, da ficção Cidade enferma, prêmio Coelho Neto da Academia Brasileira de Letras, escrita quando tratou uma tuberculose em Campos do Jordão, tem lugar garantido na história literária brasileira. Paulo Dantas escreveu uma pequena biografia de Tobias Barreto, abrindo a coleção “Vultos das Letras”, da Edições Melhoramentos. A última vez que Paulo Dantas voltou a Sergipe foi em 1990, quando Simão Dias comemorava o Centenário da elevação à categoria de cidade e o Centenário da instalação da sua Comarca. Estava no Governo o atual senador Antonio Carlos Valadares, que, no quadriênio, teve a oportunidade de atrair para Sergipe Joel Silveira, para ser Secretário de Est Paulo Dantas e Joel Silveira pertenceram a uma geração ilustre pela contribuição da da à literatura brasileira. Uma geração que passou, quase toda, pelas salas de aulas do velho Ateneu e numa nova diáspora rumou para São Paulo e principalmente para o Rio de Janeiro, como Omer Mont’Alegre, Passos Cabral, Armindo Pereira, Barreto Filho, Arivaldo Fontes, Antonio Simões dos Reis, Paulo Carvalho-Neto, Raimundo Souza Dantas e Joel Silveira, Paulo Dantas para São Paulo, Alberto Deodato para Minas Gerais, José Calasans e Mário Cabral, para a Bahia, dentre outros arribados da terra sergipana. Joel (Magno Ribeiro da) Silveira, de família lagartense, nasceu em Aracaju, em 23 de setembro de 1918. No Ateneu mobilizou os estudantes, fundou e redigiu jornais, criou o Grêmio Clodomir Silva, para homenagear o professor e historiador, falecido em 1932. Em 1936, a frente de uma caravana estudantil, Joel Silveira foi para Estância visitar e conversar com Jorge Amado, romancista baiano, de pais sergipanos, que estava iniciando o primeiro dos seus asilos naquela cidade. Deve-se a Joel Silveira um relato sobre a visita a Jorge Amado, incluindo com destaque a presença em Estância da primeira mulher do escritor, Matilde Garcia Rosa, sergipana com quem o autor de Suor tem uma filha e a quem dedicou um livro de poemas, dividindo a autoria de um pequeno livro infanto-juvenil. Mas a viagem dos estudantes do Ateneu, liderados por Joel Silveira, tinha conotações políticas, que marcariam a vida dos dois principais personagens. Durante mais de 7 décadas testemunhou fatos, conviveu com personalidades importantes da vida brasileira, escreveu 40 livros, entre crônicas, contos e memórias, e um único livro de poesia, O marinheiro e a noiva, editado em 1953, com ilustração de Darel (Darel Valença Lins, desenhista e gravurista pernambucano) e tiragem de apenas 200 exemplares, numerados, sob a responsabilidade do poeta e diplomata João Cabral de Melo Neto. A obra de Joel Silveira mereceu, pelo seu conjunto, o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras. O jornalista e escritor sergipano recebeu outros prêmios, de entidades que reconheceram os seus textos como documentos a vida e da história do Brasil. Joel Silveira morreu aos 88 anos, próximo dos 89, no dia 15 de agosto de 2007 e seu corpo foi cremado, no Rio de Janeiro.
ado da Cultura, recém criada. Paulo Dantas
Em fins de 1936, Joel Silveira vai para o Rio de Janeiro, e no ano seguinte matricula-se na Faculdade de Direito e passa a trabalhar e a colaborar com o Dom Casmurro, então dirigido pelo poeta Álvaro Moreira, publicando seu primeiro livro, de contos, Onda raivosa, permanecendo ali até 1943, quando passa a colaborar com a revista Diretrizes, de Samuel Wainer. Em seguida entra nos Diários Associados e sob o comando de Assis Chateaubriand é mandado para a Itália, para cobrir a Força Expedicionária Brasileira – FEB, entre setembro de 1944 e maio de 1945, fixando suas atividades de repórter, que consagraria, em definitivo, sua biografia de jornalista e de intelectual. Com o movimento militar de 1964 sofreu censura, mas não perdeu a coragem de condenar o autoritarismo, como é exemplo o conjunto de textos que escreveu sobre Seixas Dória, tirado a força do Palácio Olímpio Campos, quando governava o Estado, e levado para o presídio de Fernando de Noronha. Joel Silveira
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