JUNCKER E O NOVO PROJETO PARA A EUROPA

Por: Lucas Borba
Orientador: Prof. Dr. Karl Schurster Veríssimo de Sousa Leão
Graduando do curso de Licenciatura em História pela Universidade de Pernambuco
Pesquisador do GEHSCAL (Grupo de Estudos Históricos Socioculturais da América Latina) na linha de História do Tempo Presente
e-mail: borbademiranda@gmail.com

No último dia 15 de julho, Jean-Claude Juncker foi eleito o novo presidente da Comissão Europeia, uma das principais organizações da União Europeia, ao lograr 422 votos de um total de 751 possíveis. Aos 59 anos, o ex-presidente do Eurogrupo irá tomar posse do cargo de Presidente da Comissão Europeia no dia 1 de novembro. Proposto como candidato ao cargo pelo grupo que mais obteve votos nas eleições para o Parlamento Europeu, o Partido Popular Europeu (PPE) antes mesmo das eleições de 25 de maio, o ex Primeiro Ministro de Luxemburgo vem a ter o desafio de mudar as políticas sociais e econômicas da União Europeia, à substituir o português José Manuel Barroso neste cargo.

A União Europeia está a passar por uma crise de âmbito político, em que parte dos eurodeputados da ala direitista recém-eleitos apontam como melhor caminho para a retirar o continente europeu da crise econômica que este está a enfrentar, o desligamento da UE, a defender a criação de leis próprias de imigração, a criação de uma moeda independente (se desvinculando, desta maneira, do euro), e a não intervenção de um órgão interestatal nos assuntos internos dos Estados. A eurodeputada Marine Le Pen, do Front National (partido de extrema direita, de antiga tradição na França) vem a ser uma das líderes do grupo dos chamados eurocéticos, os que defendem a retirada dos seus respectivos países da União Europeia.

Para contornar esta situação, Juncker vem a propor estímulos e flexibilidade no que concerne às regras fiscais, reanalisar a política empreendida pela Troika (termo utilizado para designar a aliança entre o Banco Central Europeu, a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional para realizar o resgate da economia de países europeus), a fim de “amenizar as consequências sociais destas políticas”, um salário mínimo europeu e um mercado único de capitais. Foi com essas propostas que Jean-Claude Juncker veio a lograr o apoio dos socialdemocratas e dos liberais para se promover ao cardo de Presidente da Comissão.

As eleições para o Parlamento Europeu em 2014 foi demasiado marcada pelo aumento do número de eurodeputados pertencentes ao espectro da direita e da extrema direita europeia. O Front National, de extrema direita, logrou 25% do sufrágio na França, a atingir o maior número de votos do país nestas eleições. A ascensão da extrema esquerda nas “Europeias” também foi latente, ao que podemos utilizar como exemplo o resultado da Syriza, coalizão de partidos de extrema esquerda da Grécia, que atingiu o maior número de votos no país, ao lograr 26,6% do número de votantes. Estes resultados, que favorecem aos polos da díade direita-esquerda na Europa, vem a refletir o descontentamento populacional com a falta de representatividade dos cidadãos pela política europeia, que traz à tona um sentimento de mudança radical no meio político.

Juncker sofre com a desconfiança de parte dos eurodeputados, que o acusam de não ser o homem ideal para a mudança que a Europa necessita hoje, devido entre outros motivos, à sua procedência de um país referido como paraíso fiscal. Juncker esteve presente na conferencia em que foi assinado o Tratado de Maastricht, que definiu alguns dos pilares da atual União Europeia, a ser também uma das figuras chaves na introdução do euro como moeda oficial do continente europeu, o que o leva a ser atacado por Marine Le Pen por ser “um dos responsáveis por colocar a Europa neste inferno”.

Em meio a este cenário, Juncker tem a missão de ajustar a agenda política empregada pelos deputados do Parlamento Europeu, de modo que possa ser realizada um balanço entre as políticas e medidas defendidas pelos eurodeputados. Promover políticas para o resgate a economia do Velho Continente é demasiado importante para que os cidadãos europeus voltem a ter a confiança e a dar credibilidade à União Europeia.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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