La Dulce Vita de um Fornicador Anônimo

 

Cartas do Apolônio

 

 

La Dulce Vita de um fornicador anônimo.

 

 

Lisboa, 5 de agosto de 2005

 

Caros amigos de Sergipe:

 

Estou definitivamente separado de Zenóbia, a minha ex-patroa sexagenária. Depois do constrangimento de ir a praias de nudismo com a então obesa companheira, de saber das suas tresloucadas performances em festivais de rock, de vários vexames em festas juninas e tantos outros eventos onde era obrigado a pousar ao lado da afamada ‘Fofinha de Santa Rita de Passa Quatro’, eu e a referida ex, concluímos que devíamos dar uma de Roberto Jefferson e implodir nossa republiqueta. Demos uma e implodimos!

Resolvemos, no entanto, poupar o maior patrimônio que construímos ao longo desses treze anos: A Sulamita, nossa secretária bilíngüe e boazuda, que, aliás, ficou comigo.

Porém, pasmem os senhores, desde que recebemos nossas cartas de alforria, viramos os maiores amigos um do outro e eventualmente voltamos até a senzala para um eventual lesco-lesco em nome da velha amizade. O que não faz uma boa pensão, hein?

Às vezes jantamos umas porpetas na sua nova morada, assistimos aos abomináveis lançamentos do novo cinema português ou saímos para um barzinho à guisa de tomar umas e outras. Tudo bem se não fossem os nossos amigos comuns.

É que não posso ser visto por eles com a finada Zenobinha à tiracolo. Seria um absurdo! Algo como encontrar o Lula e o Zé Dirceu entrando juntos num motel. O que é que os maldosos vão dizer? Que eu estou querendo voltar para os braços zenobianos e isso eu não admito! Sinceramente, prefiro ir morar com Maguila!

Creiam-me senhores, estou muito bem na nova vida de solteirão convicto e não pretendo abdicar do direito de beber água no gargalo da garrafa ou deixar as minhas cuecas onde bem me aprouver.    

Para que não paire a menor dúvida quanto à minha boa adaptação à nova vida é que não tenho permitido que me vejam ao lado das seis arrobas em questão.

 Nessas ocasiões – sou obrigado a confessar aos senhores – tenho adquirido o hábito de sair fantasiado vez por outra. Um dia, fui à rua de turista, chapelão e óculos escuros. Outro, fui de sheik com turbante e barba de Bin Laden. Já saí até de burca, pasmem os senhores, como uma bela e casta mocinha muçulmana. O que não se faz para preservar a imagem, não?

Mas um dia desses, foi por muito pouco. Estando eu e Zenóbia numa casa de chá, tive que ajeitar a mini saia de oncinha. Estava discretamente vestido de  Thais Bezerra e como tal, haveria de me comportar como uma lady. Até então ninguém me reconhecera.

Eis que de repente, entrou um senhor com cara de empresário sergipano ao lado de uma daquelas louras estonteantes de 300 reais. Os dois começam a olhar insistentemente para mim. Comentei com Zenóbia que achava que haviam me reconhecido.      

De fato, logo a dupla veio me cumprimentar em nossa mesa:

-Como vai, Thais? Passeando por Lisboa?

-Óóó!! Pois é, menino, Sergipe está um tédio nesses dias, não?

-É verdade, minha amiga. Eu que o diga, eu que o diga!

Dito isso, encerrou o breve cumprimento com um gesto de cumplicidade:

-Thais, conto com a sua discrição.

_-Claro! Garanti, aliviado por ter sido confundido com a afamada colunista (não sabe ele que também não o reconheci!). Ato contínuo, prosseguimos, cada qual ao seu modo a nossa tarde de fornicações anônimas. Obrigado TB, muito obrigado!  

 

   

Até semana que vem

 

Um abraço do

 

Apolônio Lisboa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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