Lidando com as Incertezas: pensando “fora da caixa”

Quando falamos em criatividade percebemos que muitas pessoas pensam logo no famoso “jeitinho brasileiro” e afirmam que o brasileiro já é muito criativo, ou então que acreditam que um indivíduo criativo é como aquele inventor “aloprado” das estórias em quadrinhos ou, pior ainda, que a criatividade é um besteirol e importante apenas para as artes.

No contexto do resgate e desenvolvimento da criatividade dos indivíduos fala-se muito no pensar “fora da caixa”, ou seja, na capacidade de sair dos padrões convencionais e dos modelos mentais cristalizados e se procurar enxergar os fatos por outros ângulos ou outras formas e, essencialmente, saber lidar com as incertezas. A meu ver esse é atualmente o maior desafio atitudinal para um indivíduo criativo, uma comunidade criativa, uma empresa ou instituição criativa. É só lembrarmos na velocidade com que o mundo entrou em recessão há pouco mais de um ano e a conseqüência dessa recessão para todos aqueles que insistem em trabalhar apenas com o modelo da previsibilidade. Isto quer dizer, para aqueles que apenas se utilizam dos históricos e modelos do passado como uma forma de prever o futuro não conseguem perceber as nuances da velocidade com que o mundo está se transformando sob todos os aspectos. Há alguns meses entrei num poderoso site de uma instituição americana (www.wfs.org) e dentre as suas atividades existe um projeto que incentiva jovens a imaginarem os problemas que poderão vir a ocorrer no futuro. Como resutlado desse incentivo que, envolve milhares de jovens das mais diferentes escolas americanas, todo ano a instituição divulga uma lista dos dez possíveis problemas que poderão ocorrer naquele ano depois de milhares de votos e escolhas. Pois bem, fiquei surpreso ao ler nessa lista, entre os dez possíveis principais problemas estava uma pandemia. Portanto, o que podemos levantar é que é que aqueles que trabalham apenas com a previsibilidade não estão acostumados a conviver com a incerteza, ou seja, com a necessidade de mudar os rumos a todo hora, a necessidade contínua de ajustar as velas do seu barco porque os ventos estão mudando de direção a todo instante. Esse é um aspecto incomum e indesejado para a maioria das pessoas e das instituições; todavia um fato real. Todo mundo quer ventos brandos e mar calmo, o que, nem sempre é possível.

Quando nos deparamos com indivíduos, comunidades ou instituições verdadeiramente criativas de cara percebemos que a sua forma de encarar o mundo é bastante diferenciada; portanto não enxergam o mundo como um mar sangrento e sim como um mar de oportunidades. Outro aspecto importante e ser considerado o que para os mais resistentes poderá ser uma ameaça para esses indivíduos essa ameaça, vista de outra forma, poderá ser transformar em uma grande oportunidade, trata-se apenas de saber explorá-la com eficiência e eficácia.

A criatividade na verdade é uma resultante de se saber utilizar muito bem os dois hemisférios cerebrais, pois enquanto o hemisfério direito tende a divergir, espalhar, gerar, disseminar e criar,  o hemisfério esquerdo tende a julgar, avaliar, restringir e a atuar de forma lógica. Somos muito mais preparados a utilizar o hemisfério cerebral esquerdo que, por sua constituição,  trabalha confortavelmente com a previsibilidade, com o julgamento e com a avaliação e, geralmente, nos sentimos muito desconfortáveis quando tempos que trabalhar com a diversidade, com o desafio, com o não pensado, com o novo. É justamente por esse motivo que temos a tendência em julgar rápido e não aceitar as novas ideias, as novas formas de pensar e as proposições de mudanças.

Há alguns anos atrás era muito comum se encontrar em salas de grandes executivos gráficos ascendentes que mostravam onde estava a empresa naquele momento e também onde estaria mais dez anos à frente. Em suma, o que o gráfico mostrava era  a posição financeira de empresa naquele momento; e apontada para a posição financeira daqui a dez anos. Esse era o tempo da previsibilidade. Tempo que as empresas diziam o quanto iram crescer no ano, quando iriam lucrar e quanto iriam vender.

No mundo global isso mudou completamente. Muitas das grandes e ditas poderosas empresas poderosas empresas mundiais foram dizimadas pela presença das pequenas empresas ágeis, organizadas, rápidas e com ofertas de produtos ou serviços muito mais baratos e acessíveis. Este é o retrato típico do mundo global. Mundo da diversidade, da disponibilidade, da velocidade e da evolução rápida. E, para sobreviver nesse mundo veloz e mutante, cada vez mais, é necessário saber viver e conviver muito bem com a diversidade e, principalmente, aprender a “pensar fora da caixa”. Isso não é mais uma questão de escolhas, mas sobretudo, uma questão de sobrevivência!

 (*) Fernando Viana
www.fbcriativo.org.br



 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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