Talvez uma das maiores questões discutidas entre as pessoas quando o assunto é liderança seja: “Que habilidades, comportamentos ou atributos pessoais são necessários para um individuo ser considerado um líder verdadeiramente?”.
Milhares de habilidades podem ser listadas e se buscarmos as bibliografias sobre esse tema, constatam que existem centenas de regras, orientações e dicas, segundo as quais um pretenso líder precisaria passar toda a sua vida se preparando e não conseguiria atingir a metade das indicações.
Mas, a questão que precisamos levar em consideração é como poderemos nos focar nas habilidades que realmente irão permitir que os indivíduos possam verdadeiramente desenvolver a sua capacidade de liderar.
Na verdade o que se constata normalmente é que esses pretensos líderes estão muitos preparados seja para a tecnologia do negócio, seja para os resultados financeiros dos negócios, todavia, vida de regra, o que lhes falta é justamente o “amadurecimento emocional”, ou melhor falando a chamada inteligência emocional¹ definida inicialmente por Mayor e Salovery. Assim sendo, esses autores falavam de um conjunto de habilidades através das quais as pessoas podem lidar com as suas próprias emoções e com as emoções dos outros e definiram, inicialmente, que “inteligência emocional é a habilidade de perceber informações emocionais e usar essa habilidade como guia para pensamentos e ações”.
Posteriormente, esse conceito foi popularizado no mundo por Goleman² o qual incluiu ao mesmo um conjunto de quatro competências básicas: 1 Autoconsciência; 2 – Autogestão; 3 – Consciência social e 4 – Habilidades sociais. Segundo Goleman, esse conjunto de competências influenciam a maneira de como as pessoas lidam com elas mesmas e as suas relações com os outros.
Portanto, esses pesquisadores não são os únicos a considerar esses aspectos da liderança, por muito e muitos anos isso foi comentado e reconhecido por dezenas de outros pesquisadores, educadores, profissionais e pessoas de recursos humanos, todavia não havia sido dada ainda uma denominação específica, pois se acreditava que se tratava apenas de habilidades pessoais.
Hoje em dia, tal qual Goleman e muitos outros, acredita-se que essas habilidades são muito mais importantes do que aquelas voltadas para o intelecto ou a técnica, quando estamos falando em um fator determinante do sucesso.
Com essa nova visão do assunto começou a se perceber efetivamente que os líderes de sucesso sejam do passado ou do presente, via de regra, são indivíduos que possuíam/possuem um elevado nível de desenvolvimento da sua inteligência emocional.
As pesquisas aprofundadas em vários centros de excelência do mundo evidenciam que existem determinados componentes da liderança que estão intimamente associados à inteligência emocional e que, portanto, devem ser elementos fundamentais no seu desenvolvimento. São eles:
1 – Gerenciamento participativo: hoje em dia atua como uma importante habilidade na construção de relacionamentos, principalmente no ambiente organizacional.
2 – Capacidade em deixar as pessoas descontraídas: indivíduos tranqüilos e com elevado senso de humor são capazes de fazer com que as pessoas da sua equipe se sintam bem e confortáveis na sua presença.
3 – Autoconsciência: é a capacidade de olhar, enxergar e avaliar as suas próprias forças e fraquezas e em seguida saber decidir a ponto de melhorar aspectos que precisam ser trabalhados.
4 – Equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Ao mostrar que as suas vidas pessoais não são esquecidas, em detrimento a sua vida profissional, esses líderes também demonstram a maturidade da sua inteligência emocional.
5 – Construir e manter relações. A capacidade de manter uma sólida rede de contatos pessoais e profissionais dentro e fora da organização.
6 – Fazer o que precisa ser feito. Uma das capacidades da liderança é a perseverança e também estar focado nos obstáculos, de modo a poder manter a sua ação orientada e aproveitar as oportunidades sempre que se apresentam.
7 – Capacidade de decisão. Decisões rápidas, amadurecidas e oportunas sempre movem no sentido de se alcançar os objetivos.
8 – Capacidade de analisar os problemas dos empregados. Capacidade de expressar os seus sentimentos, crenças e pensamentos de maneira clara e construtiva é uma maneira de ajudar aos subordinados a aprenderem a se conduzir dessa mesma forma.
9 – Gerenciar a contínua mudança. Capacidade de entender a constante mudança, de vislumbrar a sua necessidade e dissemina-la entre os seus pares com tranqüilidade e tolerância.
Finalmente, ao exercitar essas habilidades, cada vez mais estaremos desenvolvendo a maturidade da nossa inteligência emocional, tão importante e necessária para os dias atuais.
(*) Fernando Viana é diretor Presidente da FBC
fbc@fbcriativo.org.br
[1] Em 1990, através de vários artigos publicados os psicológicos Jack Mayer (University of New Hampshire) e Peter Salovery (Yale University) se referiam ao termo “inteligência emocional”.
[2] Daniel Goleman – Inteligência Emocional – 1995 – Ed Objetiva